Futebol 29/07/2025 09:00
Pesquisa mostra o perfil do torcedor fanático — e também do menos engajado no Brasil; veja quem eles são
Uma ou duas vezes por mês a cena se repete. Por volta das 9h, o ônibus vindo de Teixeira de Freitas (BA) chega à sede do Flamengo, na Gávea, com cerca de 50 rubro-negros de cidades do Sul baiano.
A excursão, organizada pelas embaixadas de torcedores FlaTexas e FlaGirls, inclui museu do clube, praia de Copacabana e jogo no Maracanã. Ao apito final, é hora de voltar para a estrada. São 15 horas de ida e o mesmo tempo para a volta. E ninguém reclama de cansaço.
— Essa imersão pelo Flamengo traz alegria e disposição para a semana — conta Tarcísio Galvão, rubro-negro de Alcobaça (BA) que já esteve em cinco excursões. — Vivenciar o Maracanã transforma o cansaço em euforia. E ainda tem o benefício de me aproximar de outras pessoas.
Essa paixão intensa faz parte da relação dos brasileiros com o futebol. A “Pesquisa O GLOBO/ Ipsos-Ipec — As maiores e mais fanáticas torcidas do Brasil” traduz o sentimento. Ela pediu aos torcedores que classificassem, de 0 a 10, seu nível de fanatismo em relação ao seu clube. E um terço (33,3%) escolheu as notas mais altas: 9 (5,5%) e 10 (27,8%). A parcela é superior a dos que responderam de 0 a 4: 26,7%.
Os homens se consideram mais fanáticos, assim como os mais jovens, principalmente na faixa entre 25 e 34 anos, e os que se declaram pretos ou pardos. Já em relação à localização, a pesquisa registra médias maiores entre entrevistados do Nordeste e de cidades pequenas (até 50 mil habitantes) e do interior.
Já no que diz respeito à escolaridade e renda, destaque para aqueles com Ensino Fundamental e os que recebem até um salário mínimo. O mesmo ocorre com torcedores das classes D/E (dentro da classificação do Critério Brasil, da ABEP).
No outro extremo, aqueles que escolheram as menores notas para classificar seu nível de fanatismo possuem perfil oposto. São mulheres, pessoas entre 45 e 59 anos, brancas, com Ensino Superior, renda acima de cinco salários, de classe A/B, moradoras de periferias (cidades em torno das capitais), de 50 mil a 500 mil habitantes e da Região Sul.
Importante destacar que estas respostas traduzem como os entrevistados se sentem. A pesquisadora do Grupo de Estudos sobre Futebol e Torcidas (GEFuT) Marina Dantas acredita numa influência do histórico de negação do futebol às mulheres no Brasil.
— Há uma série de questões psicossociais que vão situar o futebol como esporte para homens. As mulheres podem até gostar, mas têm que se encaixar num modo de viver o futebol que é pensado majoritariamente por homens. E talvez isso impacte na percepção delas próprias de que são menos torcedoras em alguns momentos — opina a professora pela UEMG.
A pesquisadora também chama atenção para o recorte social. Ela observa que, embora o futebol passe por um processo de mudança de público nos últimos anos — decorrente do seu encarecimento enquanto produto — o sentimento de pertencimento em relação aos clubes ainda é mais forte entre a população de menor renda.
— Por muitos anos, a partir da década de 1970, houve um estímulo, até por parte do governo, para que as massas frequentassem os estádios e se envolvessem com o futebol. E isso ainda surte efeito.
A pesquisa perguntou aos torcedores sobre a frequência com que assistem a jogos (no estádio ou por transmissão), se deixam de fazer algo importante para ver partidas, usam roupas ou acessórios, consomem notícias sobre o time e se abalam com derrotas. E os resultados mostram algumas diferenças entre o sentir-se fanático e o comportamento.
E os resultados mostram “sempre” para consumir notícias sobre seus clubes e 56,4% para assistir todos os jogos de seu time. Já 32,2% estão sempre com roupas ou acessórios, enquanto 29,2% sempre se abalam com derrotas. Por fim, só 12,6% sempre deixam de fazer algo por causa de uma partida.
Estes resultados já mostram que a semelhança entre quem respondeu “sempre” para estas perguntas e quem se considera mais fanático só vai até certo ponto. Algumas curiosidades se destacam.
Os jovens usam mais roupas e acessórios, consomem mais notícias e se abalam com derrotas. Porém, são os mais velhos que veem jogos com maior frequência.
— Porque você precisa ter renda. É o que nossas pesquisas também mostram, como a questão da faixa de idade. Os mais velhos têm uma possibilidade maior de ter renda — afirma o professor da UFOP e pesquisador do GEFuT, Silvio Ricardo da Silva.
Embora aqueles com renda menor se considerem mais fanáticos, são os com maiores rendimentos que dizem ver sempre os jogos — assim como os moradores das capitais. Estes também são os que mais usam roupas ou acessórios.
— Isso mostra como o acesso maior, seja a estádios, streamings ou produtos, se impõe. Quando você mergulha nestes pontos específicos, as diferentes tensões sociais se entrelaçam — analisa Marina.
Se a realidade impõe barreiras, o fanatismo tenta derrubar algumas. Ontem, os rubro-negros do Sul da Bahia encararam a estrada mais uma vez para ver Flamengo x Atlético-MG. E que ninguém duvide do amor deles.
A pesquisa foi realizada pela Ipsos-Ipec entre 5 e 9 de junho de 2025. Foram entrevistadas 2000 pessoas com 16 anos ou mais em 132 municípios brasileiros. Com nível de confiança de 95%, a margem de erro estimada para o total da amostra é de 2,2 pontos percentuais. Em alguns recortes, a soma pode ser maior que 100% porque foram considerados dois times como preferência.
Deu em O Globo
Descrição Jornalista
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