Brasil 18/07/2025 10:49

Brasil deve R$7 trilhões: para quem é a dívida e por que ela não para de crescer?

Você provavelmente já ouviu falar que o Brasil deve R$7 trilhões, um número tão grande que é difícil até de imaginar. Mas uma pergunta fundamental muitas vezes fica sem resposta: para quem, exatamente, o Brasil deve todo esse dinheiro?

Ao contrário do que muitos pensam, a maior parte dessa dívida não é com outros países, mas sim com os próprios brasileiros.

O governo se endivida por um motivo simples: ele gasta mais do que arrecada com impostos. Para cobrir esse rombo, ele pega dinheiro emprestado no mercado, prometendo pagar com juros no futuro.

Entender quem são os donos dessa dívida é o primeiro passo para compreender como a economia do país funciona e por que o controle dos gastos públicos é tão importante para todos nós.

Afinal, para quem o Brasil deve?

Quando o governo precisa de dinheiro, ele emite e vende “títulos públicos” no mercado. Quem compra esses títulos está, na prática, emprestando dinheiro para o país. Segundo os dados mais recentes do Tesouro Nacional, os donos da dívida brasileira são, em sua maioria, investidores nacionais. A divisão é a seguinte:

1. Bancos e Instituições Financeiras (cerca de 29,8%): Os grandes bancos (Itaú, Bradesco, Banco do Brasil, etc.) são os maiores credores. Para eles, comprar títulos públicos é um investimento de baixo risco e com boa rentabilidade, considerado o mais seguro do país.

2. Fundos de Previdência (cerca de 24,1%): Conhecidos como fundos de pensão, eles administram o dinheiro da aposentadoria de milhões de trabalhadores. Para garantir que terão recursos para pagar os benefícios no futuro, investem grande parte do patrimônio em títulos do governo.

3. Fundos de Investimento (cerca de 22,3%): Se você investe em algum fundo de renda fixa ou multimercado, é quase certo que uma parte do seu dinheiro está emprestada para o governo. Os gestores desses fundos compram títulos públicos para garantir segurança e rentabilidade para a carteira.

4. Investidores Estrangeiros (cerca de 9,7%): Este grupo é formado por grandes fundos e bancos internacionais. Eles investem no Brasil principalmente porque os juros pagos aqui costumam ser muito mais altos que os de países desenvolvidos, buscando um retorno maior mesmo com um risco mais elevado.

5. Seguradoras (cerca de 3,8%): As seguradoras precisam manter grandes reservas financeiras para pagar indenizações. Elas aplicam parte desse dinheiro em títulos públicos para que ele renda com segurança.

6. Governo (cerca de 3,2%): Sim, o próprio governo é um dos credores. Fundos governamentais, como o FGTS, usam parte de seus recursos para comprar títulos públicos, tornando-se donos de uma fatia da dívida.

7. Outros (cerca de 7,1%): Aqui entram as pessoas físicas que investem pelo Tesouro Direto, além de empresas não financeiras, cooperativas e outras instituições.

Por que a dívida não para de crescer?

O motivo principal é o déficit fiscal crônico. Ano após ano, o governo gasta mais com salários, programas sociais, saúde, educação e, claro, com os juros da própria dívida, do que arrecada em impostos. Para fechar a conta, ele emite novos títulos, criando um efeito “bola de neve”.

Muitas vezes, o governo emite uma nova dívida apenas para pagar uma dívida antiga que está vencendo.

Quais os riscos de uma dívida tão alta?

Ter uma dívida pública não é, por si só, um problema. O perigo surge quando ela cresce de forma descontrolada.

  • Menos dinheiro para áreas essenciais: Uma fatia cada vez maior do orçamento do governo é destinada apenas para pagar os juros da dívida. Em 2025, por exemplo, o serviço da dívida (juros e amortizações) consumirá uma parte significativa de tudo o que o país arrecada, sobrando menos para investir em saúde, educação e segurança.
  • Aumento dos juros: Se os investidores começam a desconfiar que o governo não conseguirá pagar o que deve, eles passam a exigir juros cada vez mais altos para continuar emprestando. Isso acelera ainda mais o crescimento da “bola de neve”.

Controlar o crescimento da dívida é um dos maiores desafios para garantir a estabilidade e o futuro da economia brasileira.

Deu em CPG
Ricardo Rosado de Holanda


Descrição Jornalista