Curiosidades 29/06/2025 12:12
Mais de 200 corpos congelados continuam no Everest! Conheça o código sombrio que obriga alpinistas a deixar seus companheiros para morrer na “zona da morte”
Subir o monte Everest, com seus impressionantes 8.849 metros, é uma façanha que desafia limites físicos e psicológicos. Todos os anos, aventureiros de várias partes do mundo tentam alcançar o cume dessa gigante rochosa, mas nem todos conseguem voltar vivos.
Estima-se que mais de 330 pessoas tenham perdido a vida na escalada, e cerca de 200 corpos permanecem congelados, expostos ao tempo, devido à dificuldade extrema de resgate.
Esse é um fato pouco comentado, mas conhecido por quem já encarou a montanha: existe uma regra tácita entre os montanhistas para deixar os mortos para trás, uma decisão que mistura respeito, sobrevivência e pragmatismo.
A dificuldade de retirar os corpos é enorme. O ar rarefeito acima dos 7 mil metros, na chamada “zona da morte”, torna qualquer esforço de resgate uma operação de alto risco, que pode custar a vida de quem tenta ajudar.
O oxigênio, que já é escasso, reduz-se a apenas um quarto do que o corpo precisa para funcionar normalmente, e a combinação de frio intenso, terrenos traiçoeiros e falta de oxigênio fazem de qualquer resgate uma missão quase impossível.
A combinação de frio extremo, terreno traiçoeiro e exaustão física torna qualquer tentativa de resgate uma missão quase suicida. Em altitudes tão elevadas, até tarefas simples exigem esforço sobre-humano, e carregar um corpo, mesmo por alguns metros, pode custar a vida de quem ajuda.
Bonita Norris, alpinista britânica que chegou ao topo do Everest em 2010 aos 20 anos, compartilhou sua experiência em uma entrevista recente ao portal UNILAD. Ela relembrou os momentos de quase morte e o impacto que essa “regra oculta” teve em sua percepção sobre a escalada.
“Quando você faz o que eu faço, que é ir até a zona da morte, é incrivelmente difícil resgatar alguém que está lá em cima, porque você só está colocando a vida de mais pessoas em risco”, disse Bonita, que foi resgatada quase inconsciente e congelada durante sua aventura. Para ela, o mais importante não é o topo da montanha, mas conseguir voltar para casa em segurança.
Na altitude extrema, o corpo sofre de uma falta cruel de oxigênio que pode levar a ataques cardíacos, derrames e outras doenças fatais. O médico Jeremy Windsor, que já escalou o Everest, explica que a pressão atmosférica nessa região é tão baixa que o oxigênio disponível corresponde a um quarto do que respiramos ao nível do mar, um verdadeiro teste para a resistência humana.
Esse cenário cria um dilema cruel para os escaladores: ajudar alguém em apuros pode significar sacrificar sua própria sobrevivência. Por isso, o código não escrito prioriza a segurança dos vivos, mesmo que isso signifique deixar para trás aqueles que não resistiram.
Essa prática, embora dolorosa, é um lembrete brutal do que significa encarar o monte Everest. Cada dia ali é uma luta entre a vida e a morte, e a decisão de abandonar corpos na montanha é um pacto silencioso para preservar o maior número possível de vidas. Bonita resume bem esse sentimento:
“Quando você acorda todas as manhãs na montanha, tudo é tão intenso, cada dia é vida e morte. Isso te dá aquela presença de espírito, uma recalibragem das suas expectativas. O importante não é o topo, é voltar para casa em segurança.”
Nos últimos anos, o aumento do número de alpinistas no monte Everest trouxe preocupações adicionais sobre segurança e resgate. Segundo reportagem da BBC, o excesso de pessoas nas rotas de subida aumentou os riscos, inclusive atrasando resgates e piorando condições para quem precisa de ajuda urgente.
Além disso, iniciativas recentes focam em melhorar equipamentos de oxigênio e comunicação, para minimizar riscos e aumentar a chance de resgates rápidos. Ainda assim, o desafio físico e moral permanece: a decisão de tentar salvar ou preservar a própria vida em um ambiente tão inóspito.
Para quem quer entender mais profundamente os perigos do monte Everest, o site oficial do Himalaia Database mantém estatísticas detalhadas sobre acidentes, rotas e fatalidades, oferecendo uma fonte confiável para pesquisa e reflexão.
Escalar o monte Everest é, para muitos, o ápice da realização pessoal, um desafio épico contra a natureza e os próprios limites. Porém, o preço dessa conquista muitas vezes é alto demais.
O “código” que obriga os alpinistas a deixar corpos para trás não é apenas uma questão prática, mas uma dolorosa lição sobre o valor da vida em um cenário extremo.
Deu em CPG
Descrição Jornalista