Política 29/06/2025 09:19
Bolsonaro testa fidelidade de aliados em novo ato contra cerco do STF
Pela 6ª vez desde que deixou a Presidência da República, o ex-presidente Jair Bolsonaro (PL) convocou apoiadores para as ruas. O ato marcado para as 14h deste domingo (28/6) testará o poder de mobilização dos bolsonaristas na Avenida Paulista.
E, mais do que isso, medirá a fidelidade dos aliados do ex-presidente diante do avanço do julgamento no Supremo Tribunal Federal (STF) sobre a suposta trama golpista que Bolsonaro teria liderado.
Antes de irem para a última manifestação bolsonarista em São Paulo, sete governadores, filiados a cinco partidos políticos diferentes, haviam demonstrado apoio e se reuniram com Bolsonaro no Palácio dos Bandeirantes em abril.
Para o próximo ato, apenas quatro governadores, filiados a três partidos, estão confirmados.
Além do anfitrião Tarcísio de Freitas (Republicanos), o encontro na sede do governo paulista, realizado antes do ato pró-anistia no início de abril, reuniu os governadores de Minas Gerais, Romeu Zema (Novo); de Santa Catarina, Jorginho Mello (SC); de Goiás, Ronaldo Caiado (União); do Amazonas, Wilson Lima (União); do Paraná, Ratinho Júnior (PSD); e do Mato Grosso, Mauro Mendes (União).
Neste domingo, o governador do Rio de Janeiro, Cláudio Castro (PL),que cancelou a participação no protesto de abril de última hora, se juntará a Romeu Zema, Jorginho Mello e Tarcísio de Freitas. Desses, apenas Tarcísio é um orador confirmado no palanque de Jair Bolsonaro.
Ao Metrópoles, o organizador do ato, pastor Silas Malafaia, disse que Zema discursará “se quiser”, deixando na conta do mineiro a prova de lealdade ao ex-presidente.
O slogan do encontro deste domingo é “Justiça Já” e as críticas devem se concentrar no andamento do julgamento do Bolsonaro no Supremo. O Metrópoles transmitirá a manifestação na Avenida Paulista no canal do portal no YouTube a partir das 13h.
Mobilização popular
Embora tenha dito que irá passar uma mensagem de esperança na Avenida Paulista, Jair Bolsonaro criticou o Judiciário por processos que responde e disse que “ninguém tem dúvida de que eu sou o alvo”.
O ex-presidente se referia a um levantamento do deputado Gustavo Gayer (PL-GO). Em uma live na véspera do ato, espécie de “esquenta” para o ato deste domingo, o parlamentar goiano apresentou gráficos para mostrar números que sirvam de base para um discurso de perseguição do STF à direita, em especial ao PL.
Vários parlamentares adiantaram que o discurso persecutório dará a tônica às falas no palanque de Bolsonaro. É o caso do líder da oposição na Câmara dos Deputados, Luciano Zucco (PL-RS), e do líder do PL na Casa, Sóstenes Cavalcante (PL-RJ).
“Vou defender meus colegas dessa perseguição clara do Judiciário Brasileiro. A ampla maioria está sendo processada por falas na tribuna ou opinião expressada nas redes sociais. É uma perseguição total aos conservadores e à direita, em especial àqueles que podem ser candidatos fortes ao Senado em 2026”, disse Cavalcante ao Metrópoles.
Outro foco de ataque será a votação do Supremo que, por 8 votos a 3, declarou inconstitucional o artigo 19 do Marco Civil da Internet, a decisão que responsabiliza as empresas por conteúdos publicados em suas plataformas que descumpram ordens judiciais de remoção das publicações. Aliados de Bolsonaro consideram a determinação um ato de censura.
“O autoritarismo do STF chegou ao seu auge. Toffoli chorou, mas foi choro de crocodilo. Ele é o pai do inquérito ilegal das fake news e agora vê seu projeto se concretizar: censura oficializada com o fim do artigo 19 do Marco Civil. O Supremo virou braço do PT. A ditadura está instalada no país. Mas eu não vou me calar”, afirmou o senador Magno Malta (PL-ES).
Os discursos também devem abordar inconsistências na delação de Mauro Cid no julgamento contra Jair Bolsonaro. Para o pastor Silas Malafaia, o ministro Alexandre de Moraes, do STF, tem feito “cortinas de fumaça” para esconder as fragilidades da denúncia da trama golpista. Uma delas, diz Silas, seria a prisão do ex-ministro do Turismo de Bolsonaro, Gilson Machado (PL-PE).
“Vou focar na estratégia de Alexandre de Moraes de desviar a atenção da opinião pública e da imprensa da delação do coronel Cid, que tem que ser cancelada. E por que ele não cancela? Porque a fragilidade da denúncia do procurador está sustentada nessa delação vergonhosa”, adiantou Malafaia.
O ex-ajudante de ordens de Bolsonaro, tenente-coronel Mauro Cid, tem sido contestado por outros réus pelo conteúdo de seus depoimentos. Além disso, o tenente-coronel teria conversado pelas redes sociais com advogados de outros investigados.
Deu em Metrópoles
Descrição Jornalista
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