Curiosidades 16/06/2025 18:42

Lembra do Kichute? Tênis que já foi sonho de consumo no Brasil pode valer mais de R$ 500 hoje em dia

Um dos calçados mais icônicos da infância brasileira nos anos 1970 e 1980 voltou a chamar atenção.

O tênis Kichute, que marcou gerações de crianças nos campinhos de futebol e nas escolas públicas, hoje se tornou item de colecionador — e em plataformas como Mercado Livre e OLX, seu valor pode ultrapassar os R$ 500, dependendo do estado de conservação e da numeração.

O modelo Bamba, igualmente popular na época, também passou a despertar o interesse de nostálgicos e colecionadores.

História do tênis Kichute no Brasil

O Kichute foi lançado em 15 de junho de 1970 pela Alpargatas, mesma empresa responsável pelas tradicionais sandálias Havaianas.

Com sola tratorada, visual que imitava chuteiras e cadarços que subiam até o tornozelo, o tênis caiu rapidamente no gosto de crianças e adolescentes.

Feito com lona preta e borracha resistente, ele se adaptava tanto à prática esportiva informal quanto ao uso escolar.

Tornou-se símbolo da infância urbana brasileira, especialmente entre as classes populares.

Tênis Kichute e Bamba, febres dos anos 80, voltam como relíquias e podem valer mais de R$ 500 no mercado de colecionadores.
Tênis Kichute e Bamba, febres dos anos 80, voltam como relíquias e podem valer mais de R$ 500 no mercado de colecionadores.

O tênis Bamba e sua força nas escolas

Já o tênis Bamba, criado em 1961, teve sua ascensão como alternativa prática, confortável e durável para o dia a dia.

Com design mais discreto e estilo próximo ao dos modelos tipo “All Star”, o Bamba foi amplamente utilizado por estudantes de todo o país.

Seu apelo estava no custo acessível e na resistência, além da forte associação à vida escolar da época.

Kichute vendeu mais de 9 milhões de pares por ano

Durante o auge da popularidade, entre o fim dos anos 1970 e meados da década de 1980, o Kichute alcançou a marca de mais de 9 milhões de pares vendidos por ano.

A Alpargatas chegou a lançar campanhas publicitárias com figuras como o craque Zico.

Essas ações reforçavam o vínculo emocional entre o tênis e o futebol — especialmente num país onde a paixão pelo esporte transcende gerações.

O slogan “Kichute, calce esta força” ecoava nos comerciais de TV e embalava o sonho de consumo de milhões de crianças.

O declínio com a chegada de marcas internacionais

Com a abertura do mercado brasileiro às marcas esportivas internacionais nos anos 1990, a Alpargatas enfrentou forte concorrência.

A empresa acabou interrompendo a produção do Kichute em 1996. O Bamba, por sua vez, teve sua fabricação encerrada em 1992.

A entrada de gigantes como Nike, Adidas e Reebok alterou o padrão de consumo nacional, e os antigos campeões de vendas foram relegados a um passado nostálgico.

Tênis Kichute e Bamba voltam como relíquias

Mas a moda é cíclica, e o sentimento de nostalgia tem se mostrado um forte  combustível para o consumo.

Nos últimos anos, tanto o tênis Kichute quanto o tênis Bamba voltaram a despertar interesse.

Modelos originais em bom estado passaram a ser disputados em marketplaces e feiras de antiguidades.

Alguns pares são vendidos por valores que variam entre R$ 248 e R$ 698, dependendo do grau de conservação, da raridade do modelo e do tamanho.

Tênis Kichute e Bamba, febres dos anos 80, voltam como relíquias e podem valer mais de R$ 500 no mercado de colecionadores.
Tênis Kichute e Bamba, febres dos anos 80, voltam como relíquias e podem valer mais de R$ 500 no mercado de colecionadores.

Relançamentos e a força do mercado retrô

O mercado retrô também impulsionou relançamentos inspirados nos modelos clássicos.

A Alpargatas chegou a testar edições especiais com design semelhante ao original.

Esses relançamentos são voltados para consumidores que desejam reviver a estética de décadas passadas.

No entanto, ainda não há previsão oficial de retorno em grande escala para esses calçados.

Essa escassez aumenta seu valor simbólico e financeiro.

Nostalgia e memória afetiva

A valorização dos dois modelos não se limita ao visual.

Para muitos brasileiros, o Kichute e o Bamba representam uma época marcada por brincadeiras de rua, jogos de futebol improvisados, horários escolares rígidos e um estilo de vida menos conectado.

É justamente essa carga emocional que transforma os tênis em relíquias: mais do que calçados, eles carregam histórias.

Ambos os modelos fazem parte do imaginário coletivo de uma geração que cresceu em meio a um Brasil em transformação.

Urbanização acelerada, surgimento de novas mídias e uma economia instável formavam o pano de fundo dessa época.

Nesse contexto, produtos acessíveis e duradouros como o Kichute e o Bamba ganharam espaço no cotidiano.

Décadas depois, tornaram-se testemunhos de um passado que ainda pulsa na memória de muitos.

Colecionadores disputam os modelos clássicos

Nos fóruns de colecionadores e em grupos de redes sociais dedicados a relíquias nacionais, os debates sobre autenticidade, variações de modelos e relançamentos são frequentes.

Algumas pessoas buscam os tênis para uso pessoal. Outras apenas para manter em estantes como peças de museu doméstico.

Deu em CPG

Ricardo Rosado de Holanda


Descrição Jornalista