O senador Flávio Bolsonaro (PL-RJ) afirmou, em entrevista publicada pelo jornal “Folha de S. Paulo” neste sábado, que um candidato apoiado pelo pai, o ex-presidente Jair Bolsonaro (PL), precisará assegurar um indulto ao patriarca após as eleições de 2026.
Bolsonaro é réu no Supremo Tribunal Federal (STF) no caso que investiga a tentativa de golpe após as eleições de 2022.
Segundo Flávio, “se acontecer de o (Jair) Bolsonaro ser condenado” e um hipotético presidente aliado do pai lhe conceder um perdão da pena, será necessário garantir que o Supremo “respeite os demais Poderes”, sob risco de gerar um cenário, segundo o senador, que envolva “uso da força”.
Flávio alegou ainda que não se referia ao uso da força “em tom de ameaça”, e sim “fazendo uma análise de cenário”.
O filho mais velho do ex-presidente disse que o pai “não só vai querer apoiar alguém que banque a anistia ou o indulto, mas que seja cumprido”.
Segundo o senador, o horizonte é de que um aliado de Bolsonaro, caso eleito à Presidência, se depare com uma movimentação contrária de adversários, que poderiam peticionar ao Supremo Tribunal Federal (STF) para declarar a inconstitucionalidade de um eventual perdão de penas relacionadas à trama golpista.
Na entrevista, questionado sobre qual seria a alternativa para o bolsonarismo caso a hipótese aventada por ele mesmo se concretize, Flávio afirmou que um eventual presidente alinhado a seu pai precisaria “ter disposição, de alguma forma, de fazer com que o STF respeite os demais Poderes”.
— É uma hipótese muito ruim, porque a gente está falando de possibilidade e de uso da força. A gente está falando da possibilidade de interferência direta entre os Poderes. (…) Estou fazendo uma análise de cenário. Bolsonaro apoia alguém, esse candidato se elege, dá um indulto ou faz uma composição com o Congresso para aprovar a anistia, em três meses isso está concretizado, aí vem o Supremo e fala: “É inconstitucional, volta todo mundo para a cadeia”. Isso não dá — afirmou o senador.
Na entrevista, Flávio também defendeu que a anistia do 8 de Janeiro é a “saída honrosa para todo mundo”, incluindo “o Supremo, o Alexandre de Moraes e o Congresso”.
— Nessa anistia tem que entrar o Alexandre de Moraes porque, no meu ponto de vista, ele cometeu vários atos de abuso de autoridade ao longo desse processo — argumentou o senador.
Cotado como possível sucessor do pai em uma candidatura presidencial em 2026, Flávio disse se sentir “lisonjeado” com a menção a seu nome, mas afirmou que sua decisão de disputar um novo mandato no Senado é “imutável”.
Ele defendeu ainda que o deputado federal Eduardo Bolsonaro (PL-SP), seu irmão, e a ex-primeira-dama Michelle Bolsonaro (PL), sua madrasta, também concorram ao Senado na próxima eleição.
Embora insista na tese de que o ex-presidente registrará candidatura em 2026, mesmo inelegível por duas condenações no Tribunal Superior Eleitoral (TSE),
Flávio mencionou governadores de direita, como Ratinho Jr (PSD), do Paraná, Romeu Zema (Novo), de Minas, e Ronaldo Caiado (União), de Goiás, como possíveis candidatos à presidência com apoio do pai. Outro cotado como candidato do bolsonarismo é o governador de São Paulo, Tarcísio de Freitas (Republicanos).
Na entrevista, Flávio afirmou que uma chapa com Tarcísio “é imbatível, assim como qualquer outro candidato” que seja escolhido pelo pai.