Música 04/06/2025 13:08

As festas de arromba do rock brasileiro

Algo que não podemos negar é que o nosso rock brasileiro sempre foi uma festa de arromba. Vamos falar de quatro canções que contam um pouco dessas festas, algumas boas, outras nem tanto.

O ano era 1964.

A dupla Roberto Carlos e Erasmo Carlos era sucesso nacional em meio à Jovem Guarda, tanto como cantores como compositores.

E foi em novembro deste ano que os dois amigos e parceiros musicais foram convidados a participar de duas grandes festas: uma edição especial da Discoteca do Chacrinha, na TV Rio; e a entrega do prêmio Favoritos da Nova Geração, da Rádio Guanabara.

Não era qualquer festa: muita pompa, muitos detalhes, muitas celebridades. Inclusive, foi alugado um Calhambeque só para o Roberto Carlos ir à festa, com referência ao seu grande sucesso naquele mesmo ano de 1964.

O tremendão Erasmo Carlos estava na festa olhando tudo aquilo, muita gente, muita diversão, muita música, e lá mesmo ele imaginou uma música cuja letra falasse sobre isso: uma festa em um lugar chique (ele já imaginou uma mansão), com piscina, terraço, muitos cômodos.

Em cada lugar, ao mesmo tempo, um artista daquele período tocando.

Nos dias seguintes, falou da sua ideia para Roberto. “Vamos fazer uma música?”. E assim nasceu o sucesso Festa de Arromba. Na letra, vários artistas e bandas foram citadas (um total de 16). Para serem justos e não alimentar a rixa, dividiram os artistas em paulistas e cariocas.

Mesmo com esse cuidado, tiveram problemas porque vários artistas reclamaram que não foram citados na letra. E essa reclamação durou anos, mesmo vinda de cantores que, na época em que foi composta, nem haviam gravado.

Mas, se na Festa de Arromba, lançada em 1965, em que todo mundo queria estar dentro, o mesmo não aconteceu no Arrombou a Festa, da Rita Lee, uma versão nada polida da primeira.

Certa vez, Rita Lee encontrou Paulo Coelho e juntos tiveram a ideia de fazer um compacto para escandalizar os bons costumes da MPB da época. Fizeram com muita gargalhada. Parte das “informações” que usaram na letra eram as pérolas que o Raul Seixas falava na intimidade dos outros artistas.

A ideia era escandalizar e conseguiram! Muita gente citada não gostou (chegaram a pichar na casa da Rita Lee “Fora gringa Lee”). Arrombou a Festa foi lançado em 1976 e o compacto já saiu com 250 mil cópias vendidas, um recorde para a época.

Mas não parou por aí. Ela continuou fazendo versões até que, em 1979, no seu álbum homônimo, estava o Arrombou a Festa Número 2, com mais críticas, mais artistas e a mesma acidez da primeira. Não sobrou nem para ela mesma.

Em 1997, no disco Quebra Cabeça, Gabriel Pensador entrava na festa com A Festa da Música, com a mesma temática e artistas da velha e da nova geração das “festas” anteriores.

Nela, muitos roqueiros, como Os Paralamas do Sucesso, Lobão, Lulu Santos, Rita Lee, Raul Seixas, Renato Russo, mas também as duplas sertanejas e o Axé, sucessos no início daquela década de 90.

Será que teremos novas festas?

Fontes:

– Minha fama de mau. Erasmo Carlos. Rio de Janeiro: Objetiva, 2009.

– Rita Lee: uma autobiografia. Rita Lee. São Paulo: Globo, 2016.

Deu em R7

Ricardo Rosado de Holanda


Descrição Jornalista