Animais 27/05/2025 12:22
Gavião aprendeu como funciona semáforo para fazer emboscadas para suas presas
Um gavião-galinha (Accipiter cooperi) aprendeu a usar o semáforo e o trânsito de uma cidade dos EUA para aprimorar seus métodos de caça, fazendo emboscadas para as suas presas.
O comportamento incomum (e muito inteligente) foi descrito por pesquisadores na revista científica Frontiers in Ethology, por um pesquisador da Universidade do Tennessee, nos Estados Unidos
O gavião-galinha é conhecido por planejar com antecedência alguns métodos de emboscada e perseguição. Para isso, o animal “estuda” os padrões de movimentos de suas presas.
Desde de 1970, aves dessa espécie começaram a viver na cidade, utilizando estruturas, como telhados, janelas e vielas para caçar. E, agora, também os sinais de trânsito.
A estratégia notada pelo novo estudo era a seguinte: quando os carros estavam parados no sinal vermelho, o gavião ficava parado e usava os veículos parados no local como camuflagem. Assim, a sua presa, com um pássaro, não percebia a sua aproximação.
O animal levantava voo apenas quando ouvia o som dos semáforos para passagem de pedestres. Ao ecoar o sinal do farol vermelho, o gavião percebia que mais carros ficavam parados, e ele teria mais veículos para usar como cobertura.
Pesquisadores fizeram um trabalho de campo para observar o comportamento de um gavião-galinha em um cruzamento urbano em West Orange, Nova Jersey.
O ecologista comportamental Vladimir Dinets acompanhou a ave durante 12 horas desde o amanhecer, durante 18 dias úteis no inverno. O pesquisador conseguiu registrar 6 tentativas de ataque durante a caça.
Os ataques aconteceram sempre entre 7h30 e 9h da manhã (um bom horário pra o desjejum, não?). Nas suas anotações, pesquisador registrava as condições de trânsito, os movimentos do gavião, as fases do semáforo e o sinal sonoro para pedestres, que durava entre 30 a 90 segundos.
Para facilitar a visualização, Dinets numerou as casas que faziam parte da sua área de estudo. Ele notou que os moradores deixavam migalhas de pão perto da casa número 2. Isso atraia muitos pardais, pombos e estorninho — algo ótimo para a estratégia de caça do gavião.
Todas as tentativas de ataque da ave, sem exceção, aconteceram quando tocavam os sinais sonoros da passagem de pedestres — algo pouquíssimo improvável de acontecer por acaso, segundo o pesquisador.
Atrelado a isso, nos dias com pouco trânsito como nos finais de semana, o gavião não foi avistado caçando. Ou seja, dá para dizer que o comportamento estratégico da ave está, sim, atrelado ao trânsito e ao som do semáforo.
Em um comportamento repetitivo e planejado, o gavião sempre começava o dia em uma árvore na frente da casa 11 (veja no esquema abaixo).
A ave começava a caçar somente após começar a ecoar o barulho do semáforo do sinal vermelho — mais longo que os demais.
Ele esperava que os carros ficassem posicionados na casa 8, para começar a voar baixo, há alguns metros de distância da calçada. A fileira de carros criava uma barreira visual entre o gavião e a presa.
O gavião apareceu na árvore em frente à casa nº 11 assim que os sinais sonoros no poste de luz no cruzamento (marcados com asteriscos brancos) indicaram que o sinal vermelho estaria mais longo do que o normal, e atacou quando a fila de carros atingiu a casa nº 8, possibilitando que o gavião se movesse até a árvore em frente à casa nº 1 sem ser visível para presas em potencial. — Foto: Frontiers in Ethology
Posteriormente, a ave se movia até ficar posicionada em uma árvore na frente da casa 1 e sem estar visível, atacava as presas que estavam comendo migalhas de pão na frente da casa 2.
Dos 6 ataques observados, foram confirmadas a morte de dois animais, entre eles um pardal (Passer) e uma rola-carpideira (Zenaida macroura).
No inverno seguinte, o pesquisador observou o mesmo comportamento de caça, possivelmente com o mesmo gavião, mas sem confirmações. Segundo Dinets, o comportamento da ave indicava que ela tinha um mapeamento detalhado do ambiente.
Além disso, a ave demonstrou uma capacidade cognitiva de associar os sinais sonoros com o fluxo de carros na região, uma habilidade considerada sofisticada e, até então, inédita entre os gaviões-galinha.
Para o ecologista, a inteligência atrelada ao comportamento é uma característica do próprio animal, para viver em ambientes complexos e desconhecidos — não se limitando apenas a uma adaptação urbana.
A estrutura urbana moldada pela atividade humana torna desafiador a vivência dos pássaros. No entanto, o estudo indica que o movimento da cidade foi transformado como uma oportunidade de caça pelas aves. Pesquisas anteriores já observaram que os corvos jogam alimentos com casca dura nas ruas para que os carros esmaguem, por exemplo. É aquela história: quem quer, dá um jeito.
Descrição Jornalista
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