Celebridades 25/05/2025 18:20

Leonardo da Vinci tem 6 descendentes vivos, revela novo livro

Após 30 anos de pesquisa genealógica, pesquisadores descobriram que o famoso artista renascentista Leonardo Da Vinci tem 6 descendentes vivos, confirmando que sua linhagem masculina ainda continua.

resultados do estudo foram registrados no livro Genìa Da Vinci. Genealogy and Genetics for Leonardo’s DNA (“Gênio Da Vinci. Genealogia e Genética para o DNA de Leonardo“), publicado pela editora Angelo Pontecorboli, ainda sem versão em português.

Anunciado nesta quarta-feira (21), o livro é de autoria dos especialistas Alessandro Vezzosi e Agnese Sabato, da Associação do Patrimônio Leonardo Da Vinci.

Por meio de fontes e documentos, agora publicados na obra de 21 capítulos, os autores reconstruíram a árvore genealógica do polímata italiano, que remonta ao ano 1331, abrangendo 21 gerações e envolvendo mais de 400 pessoas.

Capa do livro “ Genìa Da Vinci”, de Alessandro Vezzosi e Agnese Sabato — Foto: Angelo Pontecorboli Editors
Capa do livro “ Genìa Da Vinci”, de Alessandro Vezzosi e Agnese Sabato — Foto: Angelo Pontecorboli Editors

Ao todo, foram identificados 15 descendentes diretos da linhagem masculina relacionados genealogicamente ao pai de Leonardo e ao seu meio-irmão, Domenico Benedetto.

Em seguida, seis desses descendentes passaram por testes de DNA conduzidos pelo coordenador de aspectos antropológicos e moleculares do projeto, David Caramelli, e pela antropóloga forense Elena Pilli.

Os pesquisadores encontraram correspondências entre segmentos do cromossomo Y desses homens, concluindo que eles provavelmente são descentes vivos de Da Vinci. Isso significa que a linhagem masculina da família Da Vinci continua pelo menos desde a 15ª geração.

O túmulo dos Da Vinci

A pesquisa também identificou o túmulo da família Da Vinci na Igreja da Santa Cruz em Vinci, na Itália, que está atualmente sendo escavado em colaboração com a Universidade de Florença. Lá estão possivelmente enterrados o avô de Leonardo, Antonio, o tio Francesco e alguns meio-irmãos do criador de Mona Lisa: Antonio, Pandolfo e Giovanni.

Os antropólogos Alessandro Riga e Luca Bachechi, da Universidade de Florença, recuperaram fragmentos ósseos, alguns dos quais foram datados por radiocarbono. Resultados preliminares de Caramelli e da antropóloga molecular Martina Lari sugeriram que uma ossada, com idade compatível com os supostos parentes de Leonardo, era do sexo masculino.

Segundo Caramelli, ainda são necessárias análises mais detalhas para concluir se o DNA extraído está preservado o bastante. “Com base nos resultados, podemos prosseguir com a análise de fragmentos do cromossomo Y para comparação com os descendentes atuais”, afirma, em comunicado.

Se o cromossomo Y dos restos mortais corresponderem aos dos descendentes vivos, os cientistas poderão reconstruir o DNA de Da Vinci. “Por meio da recuperação do DNA de Leonardo, esperamos compreender as raízes biológicas de sua extraordinária acuidade visual, criatividade e, possivelmente, até mesmo aspectos de sua saúde e causas de sua morte”, explica Vezzosi.

A misteriosa mãe de Leonardo

Uma teoria anterior de que a mãe de Leonardo Da Vinci fora escravizada é reforçada pelas descobertas detalhadas no novo livro. Os autores apontam que Caterina era escravizada pelo rico banqueiro Vanni di Niccolò di ser Vanni. Uma série de testamentos e registros de doações, de 1449 em diante, documentam a relação entre Vanni e seu executor, o jovem notário Piero, pai de Leonardo.

Além disso, uma análise de antigos registros de terras permitiu identificar sete casas da família Da Vinci na vila e no castelo de Vinci, bem como duas propriedades pertencentes ao próprio Leonardo, herdadas de seu tio Francesco e contestadas em uma longa disputa com seus meio-irmãos.

Já o avô do paterno do artista, Antonio, segundo os pesquisadores, era não apenas fazendeiro, mas um comerciante que viajava entre a Espanha Catalã e o Marrocos.

O dragão unicórnio

De modo inédito, um desenho a carvão de 80×70 cm, batizado de Dragão Unicórnio por Vezzosi e Sabato, foi possivelmente atribuído a Leonardo.

A obra apresenta uma criatura com um chifre espiral na cabeça, focinho alongado e bico curvo, dentes aduncos, língua flamejante, membros com garras, orelhas pontudas, escamas pronunciadas nas costas e no pescoço, além de uma cauda serpentina com uma asa membranosa em forma de leque com extensões em forma de dedos — antecipando os estudos posteriores de Da Vinci sobre o voo de pássaros e morcegos.

Descoberto na lareira de um antigo edifício em Vinci (antigamente a casa dos Bracci), agora propriedade da prefeitura da cidade, o desenho lembra a folha de Windsor RL 12370, datada da década de 1470.

O município agora planeja uma análise científica e a restauração da obra.

A nova pesquisa histórica também resultará em um documentário e uma produção cinematográfica internacional. Com as conclusões, os autores acreditam que Leonardo pode ter intuído conceitos que hoje chamamos de “epigenéticos” – ou seja, alterações do DNA em vida, que podem ser passadas adiante a descendentes.

“Leonardo questionou as origens da vida humana não apenas biologicamente: em seus estudos sobre geração, a concepção se torna um ato complexo onde natureza, emoção e destino se entrelaçam — antecipando temas agora centrais para o debate genética-epigenética”, explica Agnese Sabato.

Deu em Galileu
Ricardo Rosado de Holanda


Descrição Jornalista