O Programa de Monitoramento da Floresta Amazônica por Satélite, que é operado pelo Inpe, divulgou os dados. Segundo o pesquisador Guilherme Mataveli, a degradação é mais desafiadora para detectar, já que a vegetação continua em pé, mas com ecossistemas seriamente afetados.
“É decorrente principalmente do fogo, que nos últimos dois anos foi agravado pela seca. Há também corte seletivo e efeito de borda. Tudo isso diminui os serviços ecossistêmicos prestados por essas florestas”, afirmou.
Ao mesmo tempo, a taxa de desmatamento diminuiu. Em 2024, a extensão de terra desmatada foi de 5.800 km², representando uma queda de 27,5% em comparação a 2023 e de 54,2% em relação a 2022 – o índice mais baixo dos últimos dez anos. Entretanto, a redução no desmatamento não é suficiente para compensar o aumento acelerado da degradação.
O relatório do Inpe revela uma informação preocupante: apenas em 2024, a Amazônia teve mais de 140 mil pontos de calor, a maior quantidade desde 2007. A situação ambiental se agravou devido à combinação de seca severa, atraso no começo da estação chuvosa e temperaturas até 3°C acima da média. O déficit de chuvas chegou a 100 mm por mês.
Para o pesquisador Luiz Aragão, que também assina o estudo, a capacidade atual dos satélites já permite identificar a degradação de forma clara.
“Detectamos emissões, impactos no clima e nos ecossistemas. A liderança do Brasil no combate à crise climática depende de respostas eficazes à degradação”, disse. Ele defende que os danos causados por esse processo devem ser incluídos obrigatoriamente nos Inventários Nacionais de Emissões de Gases de Efeito Estufa.
Deu em ContraFatos