Política 19/05/2025 06:06

STF inicia depoimentos no processo contra Bolsonaro e aliados por tentativa de golpe

STF (Supremo Tribunal Federal) inicia, nesta segunda (19), a fase de instrução criminal no processo que julga o ex-presidente Jair Bolsonaro e outros sete aliados por tentativa de golpe de Estado e uma série de crimes relacionados à tentativa de subversão da ordem democrática.

A etapa será marcada pelos depoimentos de 82 testemunhas indicadas pela acusação e pelas defesas, e deve se estender até o dia 2 de junho. As oitivas ocorrerão por videoconferência e serão conduzidas pelo ministro Alexandre de Moraes, relator do caso.

Os acusados integram o que a PGR (Procuradoria-Geral da República) classificou como o “núcleo crucial” da trama golpista articulada contra os Poderes da República entre 2022 e 2023.

Além de Jair Bolsonaro, viraram réus em março deste ano, por decisão unânime da Primeira Turma do STF, os seguintes ex-integrantes do governo federal e das Forças Armadas:

  • Walter Braga Netto, general da reserva, ex-ministro da Defesa e da Casa Civil, e candidato a vice-presidente na chapa de Bolsonaro em 2022;
  • Augusto Heleno, general da reserva e ex-chefe do Gabinete de Segurança Institucional (GSI);
  • Paulo Sérgio Nogueira, ex-ministro da Defesa;
  • Anderson Torres, ex-ministro da Justiça e ex-secretário de Segurança Pública do DF;
  • Almir Garnier, ex-comandante da Marinha;
  • Mauro Cid, tenente-coronel e ex-ajudante de ordens de Bolsonaro, que fechou acordo de delação premiada com a Polícia Federal;
  • Alexandre Ramagem, deputado federal (PL-RJ) e ex-diretor da Agência Brasileira de Inteligência (Abin).

O cronograma das oitivas

A ordem dos depoimentos segue o rito previsto pela jurisprudência do Supremo: primeiro falam as testemunhas da acusação, depois as arroladas por réus colaboradores — como Mauro Cid — e, por fim, as testemunhas de defesa dos demais acusados.

19 de maio – A abertura da fase de oitivas será com testemunhas indicadas pela PGR. Entre os nomes que devem falar à Corte estão:

  • Ibaneis Rocha (MDB), governador do Distrito Federal;
  • Marco Antônio Freire Gomes, ex-comandante do Exército;
  • Carlos de Almeida Baptista Júnior, ex-comandante da Aeronáutica;
  • Adiel Pereira Alcântara, ex-coordenador de inteligência da Polícia Rodoviária Federal (PRF);
  • Clebson Ferreira de Paula Vieira, servidor ligado à produção de planilhas para suposto mapeamento de eleitores em 2022.

22 de maio – Serão ouvidas testemunhas indicadas pelo delator Mauro Cid, como:

  • General Júlio César de Arruda, ex-comandante do Exército;
  • Luís Marcos dos Reis, ex-assessor da Presidência.

De 23 a 29 de maio – Começam os depoimentos das testemunhas de defesa dos demais réus. O deputado Alexandre Ramagem, o general Braga Netto, os ex-ministros Augusto Heleno, Anderson Torres e Paulo Sérgio Nogueira, além de Almir Garnier, terão seus indicados ouvidos pela Corte. Anderson Torres apresentou uma lista com 37 testemunhas, o que levou Moraes a solicitar justificativas detalhadas para cada nome.

A defesa de Bolsonaro

As oitivas das testemunhas de Jair Bolsonaro estão programadas para os dias finais da fase de instrução, a partir de 30 de maio. Entre os nomes arrolados pelo ex-presidente estão aliados próximos e ex-integrantes de sua gestão:

  • Hamilton Mourão (Republicanos-RS), ex-vice-presidente da República;
  • Ciro Nogueira (PP-PI), senador e ex-ministro da Casa Civil;
  • Tarcísio de Freitas (Republicanos-SP), governador de São Paulo e ex-ministro da Infraestrutura;
  • Eduardo Pazuello (PL-RJ), deputado federal e ex-ministro da Saúde;
  • Giuseppe Janino, ex-secretário de Tecnologia da Informação do Tribunal Superior Eleitoral (TSE);
  • Freire Gomes e Carlos Baptista Júnior, ex-comandantes das Forças Armadas;
  • Rogério Marinho (PL-RN), líder do PL no Senado, cuja oitiva está marcada para 2 de junho, encerrando oficialmente essa fase processual.

Marinho também figura como testemunha de Braga Netto, que está preso preventivamente desde dezembro do ano passado.

Entenda o que acontece depois

Finalizadas as oitivas, será aberta a etapa das alegações finais, quando defesa e acusação apresentam suas manifestações escritas no prazo de 15 dias. Em seguida, o relator marcará a data para o interrogatório dos réus. Só após isso, o julgamento será pautado.

A expectativa dentro do STF é que o caso do “núcleo crucial” seja julgado entre setembro e outubro deste ano. O processo tramita na Primeira Turma da Corte, composta pelos ministros:

  • Cristiano Zanin (presidente da Turma);
  • Alexandre de Moraes (relator do caso);
  • Cármen Lúcia;
  • Flávio Dino;
  • Luiz Fux.
Ricardo Rosado de Holanda


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