O presidente Lula (PT) responsabilizou a gestão de Jair Bolsonaro (PL) pelo esquema de fraude que desviou bilhões de reais dos contracheques de aposentados e pensionistas do INSS.
Em entrevista concedida neste sábado, 10, em Moscou, o petista também evitou estabelecer prazos para o ressarcimento das vítimas e defendeu a necessidade de aprofundar as investigações.
“Devolver ou não vai depender de você constatar a quantidade de pessoas enganadas. A quantidade de pessoas que tiveram o seu nome numa lista sem que elas tivessem assinado”, afirmou o presidente.
Durante a entrevista, Lula fez questão de associar a origem do esquema à gestão Bolsonaro.
“Graças a Deus, a CGU e a nossa Polícia Federal, no processo de investigação, com muita inteligência, sem nenhum alarde, conseguiram desmontar uma quadrilha que estava montada desde 2019”, disse.
Na sequência, afirmou: “Vocês sabem quem governava o Brasil em 2019. Vocês sabem quem era ministro da Previdência em 2019. Vocês sabem quem era chefe da Casa Civil em 2019”.
A fraude foi revelada no mês passado por uma operação conjunta da Polícia Federal e da Controladoria-Geral da União (CGU). Os casos surgiram em 2019, sob o governo de Jair Bolsonaro, e aumentaram exponencialmente quatro anos depois, sob o governo Lula.
No total, 6 milhões de pessoas vinham sendo descontadas mensalmente em seu salário de aposentadoria, a maioria sem consentimento, comprometendo ao todo R$ 6,3 bilhões. Os descontos só foram alegadamente suspensos em abril de 2025.
O esquema levou ao afastamento de seis servidores, à demissão do então presidente do INSS, Alessandro Stefanutto, e à saída do ministro da Previdência Social, Carlos Lupi (PDT), após reunião com Lula.
Na entrevista em Moscou, Lula ainda sugeriu possível envolvimento de integrantes do antigo governo no caso.
“Nós vamos a fundo para saber quem é quem nesse jogo. E se tinha alguém do governo passado envolvido nisso. É isso que nós vamos fazer. Eu não tenho pressa. O que eu quero é que a gente consiga apurar para apresentar ao povo brasileiro a verdade e somente a verdade.”
Após a entrevista em Moscou, Lula seguiu viagem para Pequim, onde será recebido pelo líder chinês Xi Jinping em visita oficial de dois dias.