Economia 04/05/2025 08:29
Crise na China: por que gigantes como Apple e Samsung abandonam fábricas?
A China, por décadas a “fábrica do mundo”, enfrenta uma profunda crise na China em seu setor manufatureiro.
Empresas como Apple e Samsung estão reduzindo ou encerrando sua produção no país, um movimento que sinaliza o possível fim de uma era e levanta questões sobre o futuro da economia global. Entenda os múltiplos fatores por trás dessa mudança e seus impactos.
Por muito tempo, a China reinou como a potência da manufatura mundial, responsável por quase 30% da produção global em seu auge. De eletrônicos a têxteis, o país fabricava de tudo.
Contudo, esse império enfrenta agora sérios problemas, ameaçando sua posição global. Empresas estão deixando de produzir na China, sinalizando uma mudança drástica.
Diversos fatores contribuem para esta crise na China. Primeiramente, a mão de obra barata, que foi a grande vantagem chinesa, encareceu significativamente.
O rápido crescimento econômico elevou os salários médios de trabalhadores de fábrica para cerca de US$ 1.200 mensais em 2025 (segundo a fonte), muito acima dos aproximadamente US$ 300 no Vietnã ou valores ainda menores na Índia. Isso erodiu a competitividade chinesa.
Empresas como a Apple, por exemplo, aumentaram a produção de iPhones na Índia (agora 20% do total).
Os jovens chineses evitam empregos em fábricas, preferindo setores como tecnologia e serviços, gerando escassez de mão de obra e elevando ainda mais os custos.
O governo, referido no texto base como “Primeiro Comando da Capital”, tenta incentivar estudos em manufatura, mas sem sucesso. O texto também menciona que críticas ao governo podem levar a sanções no sistema de crédito social.
A duradoura guerra comercial entre EUA e China é outro fator crucial. Tarifas elevadas (até 245% impostas pelos EUA sobre produtos chineses em 2025, segundo a fonte) e restrições comerciais aumentam custos, dificultam cadeias de suprimentos e tornam a China menos atraente para a produção.
A Apple, por exemplo, busca alternativas para compensar o impacto das tarifas.
A pandemia de COVID-19 expôs a fragilidade da dependência global das cadeias de suprimentos chinesas. A política restritiva de “Zero COVID” da China paralisou fábricas e logística.
Ao reabrirem, o mundo já buscava alternativas. Muitas multinacionais perceberam sua vulnerabilidade e começaram a diversificar, adotando estratégias como a “China Plus One” (manter parte da produção na China, mas expandir para outros países) ou buscando near-shoring/reshoring (produção mais próxima do mercado consumidor).
Esta crise na China tem efeitos amplos. Globalmente, as tensões comerciais e interrupções na cadeia reduziram o crescimento do PIB mundial (estimativa do FMI de -0,5 pontos percentuais ao ano).
Para a própria China, o impacto é severo: a participação da manufatura no PIB caiu de cerca de 30% para 26%, o crescimento econômico desacelerou (previsão de 4% em 2025 contra 9-10% no início da década passada) e as exportações caíram (-8% em 2024). Fábricas fecharam, elevando o desemprego em centros industriais como Guangdong.
O governo chinês tenta reagir com subsídios e incentivos à alta tecnologia e ao consumo interno.
Para os consumidores, a crise significa preços mais altos em eletrônicos, roupas e outros produtos, além de menor disponibilidade e maiores tempos de espera por itens como veículos elétricos.
Enquanto a China enfrenta dificuldades, outros países emergem como novos polos de manufatura. O Vietnã atrai investimentos em eletrônicos e vestuário (LEGO, Samsung, Intel, Nike).
A Índia se destaca pela vasta mão de obra, custos competitivos e incentivos governamentais, atraindo gigantes como Apple e Samsung.
O México se beneficia da proximidade com os EUA, do acordo USMCA e de custos trabalhistas menores que os da China, sendo forte nos setores automotivo e eletrônico (Tesla, GM, Ford). Tailândia (autopeças, eletrônicos) e Bangladesh (vestuário) também capitalizam sobre essa mudança.
Historicamente, a China usou sua força manufatureira para construir influência global, especialmente na África (investimentos em troca de recursos e apoio político) e em grupos como o BRICS. O declínio da manufatura pode ameaçar essa influência e poder geopolítico, construídos sobre a base econômica industrial. A liderança chinesa está ciente desse risco.
A China não está parada. A iniciativa “Made in China 2025” busca focar em indústrias de alta tecnologia (robótica, aeroespacial, EVs).
A automação e a inteligência artificial também transformam a manufatura global, reduzindo a importância da mão de obra barata tradicional.
Crescentes preocupações ambientais e regulamentações mais rígidas adicionam complexidade.
O cenário futuro aponta para uma rede de fabricação mais descentralizada, diversificada e focada em resiliência e sustentabilidade, forçando a China a se adaptar para manter sua relevância.
Deu em CPG
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