Curiosidades 27/04/2025 16:26
Qual foi o conclave mais longo e tenso da história? Os detalhes da eleição que teve até mortes envolvidas
A morte do Papa Francisco, o 266º pontífice da Igreja Católica, no último dia 21 de abril, trouxe de volta uma das tradições mais antigas do catolicismo: o conclave, maneira pela qual o próximo Papa é eleito por cardeais de todo o mundo no Vaticano.
Enquanto se especula quem seria o sucessor de Francisco, o “Papa do povo“, como ficou conhecido, uma reportagem de National Geographic Espanha mergulhou na história para investigar qual teria sido o conclave mais complicado de se resolver – e que também um dos mais demorados.
O cenário para esse acontecimento foi a cidade de Viterbo, ao norte de Roma, durante o século 13. A seguir, descubra o que passou nesta problemática eleição papal, que teve mortos e escombros envolvidos.
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Segundo um artigo de NatGeo Espanha intitulado “Divisão, fome e morte: o conclave mais longo e complicado da história”, foi a partir da morte do Papa Clemente 4º que uma das escolhas papais mais tensas se deu na Igreja Católica. Ela durou quase três anos – de 1268 até 1271.
Clemente 4º, morreu em 29 de novembro de 1268, em Viterbo, e foi Papa somente entre os anos de 1265 a 1268, informa a Enciclopaedia Britannica (plataforma de conhecimentos gerais do Reino Unido). Clemente, cujo nome de nascimento era Gui Foulques, foi um religioso francês o qual trabalhava como jurista para o rei Luís 9º antes de ordenar-se sacerdote.
Quando a esposa de Folques morreu, por volta de 1256, ele se tornou padre e, posteriormente, bispo, arcebispo – e cardeal em 1261 – atuando em diferentes partes da França, diz a fonte britânica.
Clemente foi nomeado papa in absentia (ou seja, enquanto estava ausente da Itália em uma missão diplomática na Inglaterra) em 5 de fevereiro de 1265, afirma a Britannica. Em seu curto papado, centralizou a autoridade na figura do Papa ao decretar que todas as nomeações ocidentais da Igreja Católica pertenciam a Roma, completa.
Quando Clemente morreu, a eleição papal seguinte exigia uma maioria de dois terços dos votos dos cardeais. No entanto, esse número foi se tornando impossível de ser alcançado, já que “as duas facções majoritárias de cardeais da época se vetavam mutuamente”, diz o artigo de NatGeo. “Além disso, havia um número muito pequeno de cardeais com direito a voto (20), o que significava que o novo Papa tinha de obter pelo menos 14 votos a favor”, explica o texto.
“Se no início deste conclave os cardeais votavam todos os dias, mais tarde começaram a votar uma ou duas vezes por semana e, mais tarde ainda, várias semanas poderiam se passar sem uma votação”, narra o artigo. Isso porque “cada lado tentava seduzir os cardeais opositores com promessas que eram mais políticas do que espirituais”.
No final de quase três anos de discussões, “as autoridades locais e os habitantes de Viterbo estavam fartos e tomaram medidas drásticas para acelerar a decisão”, continua o artigo. Isso aconteceu, “embora ao custo da morte de três cardeais e com consequências que persistem até hoje, inclusive o próprio nome ‘conclave’”, indica a fonte.
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Enquanto as disputas internas na Igreja aconteciam, a cidade de Viterbo, que sediava a eleição, sofria as consequências desse prolongado processo. “Embora o Palácio Papal em Viterbo fosse mais modesto do que o Vaticano, os cardeais foram bem alojados e alimentados às custas dos cofres da cidade, que ia sendo drenados por terem de sustentar os eclesiásticos e sua comitiva, forçando o aumento dos impostos sobre os cidadãos e o comércio”, detalha o artigo de NatGeo.
Ainda que não houvesse uma regra dizendo que as cidades onde ocorriam os conclaves deveriam sustentar os cardeais durante a eleição do próximo Santo Padre, isso ocorria como uma cortesia para a Igreja. Mas com o impasse, a paciência da população chegou a um “limite”.
Em um primeiro ato, o podestà de Viterbo (ou seja, a mais alta autoridade local), “reduziu as rações de comida e água dadas aos cardeais, apenas o suficiente para enviar uma mensagem aos eclesiásticos”, mas ainda sem querer se indispor com a Igreja e o próximo Papa.
Em seguida, tomou-se a medida de transferir a votação que seguia estagnada para o Palácio Papal, em vez da catedral da cidade. E, a partir daí, trancar os cardeais ali dentro até que chegassem a um acordo. “Foi assim que surgiu o nome conclave (do latim cum clave, ou seja, com uma chave)”, revela a fonte espanhola. A ideia era evitar que os membros da igreja saíssem para buscar “alimentos, bebidas ou distrações”.
Ainda forçando os cardeais a chegarem a um consenso, o “governador” ordenou que se “removessem partes do telhado do Palácio Papal, especialmente dos quartos e da sala onde se deliberava o pleito”, diz o artigo. Como resultado, quando acabou o verão de 1270 e com ele veio a chegada das chuvas de outono, bem como o frio do inverno na região, três cardeais morreram “devido às condições precárias, ao racionamento e à idade avançada”, detalha o artigo.
“Depois de quase três anos de impasse e da morte de três dos 20 cardeais envolvidos nas deliberações, a solução veio de forma inesperada”, diz a fonte espanhola. “Incapazes de chegar a um consenso, eles decidiram delegar a eleição a um pequeno comitê de apenas seis membros, composto por uma proporção equilibrada de representantes de todas as partes”, detalha a reportagem de NatGeo.
Essa redução facilitou a escolha, bem como o fato do grupo estar “longe do olhar dos cardeais mais influentes, que colocavam seus interesses pessoais em primeiro lugar”, conta a fonte.
Foi assim que o inesperado eleito surgiu: “Teobaldo Visconti, um homem que não pertencia ao Colégio de Cardeais e que nem mesmo estava na Itália na época, mas em uma cruzada na Terra Santa”.
Segundo o artigo, “Visconti era um homem de fora da cúria, sem fortes implicações políticas e totalmente alheio aos interesses da geopolítica europeia que haviam moldado o curso do conclave”, continua o texto.
Esse fato aliado à sua reputação de “homem piedoso”, fez dele “o candidato ideal” para dar fim à crise. “O novo Papa foi ratificado pelo Colégio de Cardeais em 1º de setembro de 1271, pondo fim à mais longa eleição papal da história: dois anos e quase nove meses após a morte de Clemente 4º”, completa o artigo.
Já Visconti, por sua vez, foi informado de que era o novo Papa da Igreja Católica quando ainda estava na Cruzada. “De princípio, ele não quis ir embora. Por fim, foi informado de como havia sido difícil chegar a um consenso, persuadido a delegar suas funções e partiu para a Itália”, finaliza a reportagem de NatGeo Espanha.
Visconti assumiu o nome papal de Papa Gregório 10, sendo coroado dentro da Basílica de São Pedro. Seu papado durou de 1271 a 1276. Ficou conhecido por reformar a assembleia de cardeais que elegia o papa e transferir a cúria de volta para Roma.
Deu em National Geographic
Descrição Jornalista
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