Judiciário 27/04/2025 08:44

Estadão critica resposta de Barroso à The Economist e aponta “falácias” e “sofismas”

Em editorial publicado neste sábado (26), o jornal O Estado de S. Paulo afirmou que a nota divulgada pelo presidente do  Tribunal Federal (STF), Luís Roberto Barroso, em resposta aos artigos da revista britânica The Economist, está “repleta de falácias” e marcada por “diversionismos, sofismas e inverdades”.

O periódico opinou de forma contundente:

“O ministro faria melhor se optasse pelo silêncio.”

Segundo o Estadão, ao tentar refutar as críticas da Economist, Barroso apenas confirmou os fatos apontados pela publicação internacional e constrangeu ainda mais a imagem da Suprema Corte brasileira.

Críticas à condução dos processos do 8 de janeiro

O editorial destacou que Barroso defendeu que os acusados pelos atos de 8 de janeiro estão sendo julgados conforme o “devido processo legal”, mas o Estadão contestou:

“Para começar, essas pessoas, incluindo o ex-presidente Jair Bolsonaro, nem sequer deveriam estar sendo julgadas pelo STF. Se estão, é só porque a Corte alterou casuisticamente sua própria jurisprudência sobre regras constitucionais, como a do foro privilegiado.”

A crítica refere-se à prática recente do STF de julgar réus sem prerrogativa de foro, algo que tradicionalmente era atribuição das instâncias inferiores.

Censura disfarçada de “remoção de conteúdo”

O Estadão também endossou a crítica da The Economist sobre a atuação do ministro Alexandre de Moraes, que determinou a derrubada de contas de bolsonaristas na plataforma X (antigo Twitter).

O jornal brasileiro foi enfático:

“A Economist criticou, corretamente, a derrubada arbitrária de contas, o que obviamente configura censura.”

Barroso, em resposta às críticas, alegou que houve apenas “remoção de conteúdo”, mas o Estadão considerou essa justificativa inconsistente e uma manobra retórica para minimizar a prática de censura.

Reflexo da crise de imagem do STF

A reação do Estadão, tradicionalmente defensor da institucionalidade, reflete a crise de imagem que o STF enfrenta diante da opinião pública, especialmente em temas relacionados à liberdade de expressãodevido processo legal e separação dos Poderes.

A tentativa de Barroso de confrontar uma das publicações mais respeitadas do mundo — The Economist — acabou, segundo o jornal paulista, acentuando ainda mais os questionamentos internos e externos sobre a atuação do Supremo Tribunal brasileiro.

Deu em ContraFatos

Ricardo Rosado de Holanda


Descrição Jornalista