Para Alinne Dantas, gerente da Unidade de Gestão Estratégica do Sebrae-RN, esse movimento acompanha uma tendência nacional.
“Conforme aponta a pesquisa Global Entrepreneurship Monitor (GEM), que revelou um aumento no interesse em empreender entre os brasileiros, em 2024, 49,8% das pessoas que ainda não empreendem afirmaram ter a intenção de abrir um negócio nos próximos três anos — número superior aos 48,7% de 2023 e bem acima dos 30,2% registrados em 2019, antes da pandemia”, explica a gerente.
Segundo ela, parte do crescimento também está relacionada à necessidade de gerar renda diante da escassez de empregos formais. “Esse crescimento também foi impulsionado pela intensificação da necessidade de empreender, especialmente durante e após o período da pandemia.
Entre os principais motivadores destacados pela GEM estão o desejo de ‘fazer a diferença no mundo’ (74,6%) e ‘ganhar a vida diante da escassez de empregos’ (73,9%)”, diz a gestora.
O aumento superior a 72% no número de MEIs registrados nos últimos cinco anos no RN também é objeto de atenção por parte do Sebrae.
“O aumento no número de MEIs pode ser compreendido como um avanço na formalização de negócios, muito em função de campanhas de incentivo à regularização e dos benefícios associados à formalidade, como acesso à Previdência Social, emissão de notas fiscais e linhas de crédito específicas. Os dados da GEM indicam que a formalização avançou significativamente durante a pandemia”, ressalta.
Alinne acrescenta, no entanto, que é preciso considerar o contexto de fragilidade do mercado de trabalho.
“Esse crescimento também pode estar relacionado à precarização do mercado de trabalho, com muitos optando pelo MEI como uma alternativa de sobrevivência econômica. O Sebrae, nesse contexto, busca estimular um empreendedorismo sustentável, oferecendo capacitações, acesso a crédito orientado, consultorias e ferramentas de gestão que ajudem esses empreendedores a crescer, gerar renda estável e se consolidar como pequenos negócios”, acrescenta.
Os dados levantados pelo Sebrae mostram que os setores de serviços e comércio concentram quase 85% dos pequenos negócios no RN, o que está alinhado com a estrutura econômica potiguar.
“Segundo dados do IBGE, o setor de serviços representou cerca de 72% do PIB do Rio Grande do Norte em 2022, reforçando sua relevância na dinâmica econômica do estado”, destaca Alinne Dantas. Os dados de 2024 reforçam essa tendência: foram 16.924 novos empregos formais gerados no setor de serviços no RN, dos quais 9.271 postos de trabalho foram criados por pequenos negócios.
A expectativa do Sebrae é que o crescimento dos pequenos negócios continue, mas com uma base mais qualificada, apoiada por políticas públicas, acesso a crédito e serviços de orientação.
O desafio está em transformar o empreendedorismo por necessidade em empreendedorismo de oportunidade, promovendo maior estabilidade econômica e social no Rio Grande do Norte. Para isso, a instituição pretende seguir reforçando suas estratégias de gestão, inteligência de mercado e presença regionalizada.
Brasil: 1,4 milhão de pequenos negócios no 1º trimestre
O Brasil bateu recorde na abertura de pequenos negócios nos três primeiros meses deste ano, com mais de 1,4 milhão de registros.
Os microempreendedores individuais (MEIs) chegaram a 78% dos novos Cadastros Nacionais da Pessoa Jurídica (CNPJs). Os dados são do Sebrae e indicam, ainda, um aumento de 35% no número de MEIs em comparação com igual período de 2024, além de um crescimento de 28% nas micro e pequenas empresas.
De acordo com a pesquisa, a expansão do empreendedorismo formalizado vem acompanhada de medidas governamentais voltadas à simplificação, incentivo, inovação e ampliação do acesso ao crédito para pequenos negócios. Em março deste ano, o setor de serviços obteve o melhor desempenho, com 63,7% do total de pequenos negócios abertos, seguido por comércio e indústria da transformação.
Segundo o estudo, o país tem 47 milhões de pessoas à frente de algum negócio, formal ou informal. Entre os fatores que justificam o indicador está o aumento na Taxa de Empreendedores Estabelecidos, aqueles com mais de três anos de operação, que saltou de 8,7%, em 2020, para 13,2% no ano passado.
Com o resultado de 2024, o Brasil avançou duas posições – da oitava para a sexta – no ranking de países com a maior Taxa de Empreendedores Estabelecidos, na frente de países como Reino Unido, Itália e Estados Unidos.
- Números do RN
- Crescimento total de empresas (2020–2025): de 173.255 para 250.594 (+44,65%);
- Crescimento dos MEIs (2020–2025): de 79.446 para 136.934 (+72,38%);
- Crescimento das MEs (2020–2025): de 88.447 para 97.987 (+10,78%);
- Crescimento das EPPs (2020–2025): de 10.901 para 15.673 (+43,77%).