Política 18/04/2025 12:17

PSD se distancia de Lula em meio a esfriamento da reforma ministerial

O presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) terá alguns nós para desamarrar quando a classe política voltar a povoar Brasília na próxima semana, após período de esvaziamento causado pelos feriados da Sexta-Feira da Paixão e Tiradentes.

Um deles é a situação do PSD no governo.

O partido esperava ser contemplado com o Ministério do Turismo, hoje nas mãos do União Brasil, e agora sua bancada de deputados quer distanciamento do Planalto.

O PSD de Gilberto Kassab se tornou o partido com o maior número de prefeitos após as eleições municipais de 2024, tendo o comando de 887 municípios, incluindo cinco capitais.
A legenda tem a maior bancada do Senado, com 15 cadeiras. Na Câmara, a sigla ocupa 44 cadeiras, sendo a sexta maior, empatada com o MDB. Por isso, se tornou peça-chave para a governabilidade de Lula no Congresso.
É justamente entre os deputados do PSD que reside a insatisfação com a postura de Lula. A bancada se considera mais leal que outras siglas do Centrão, e reclama que conta apenas com o Ministério da Pesca, uma pasta considerada com baixa “capilaridade”. A legenda tem ainda dois ministérios, Minas e Energia e também Agricultura, eles atendem aos senadores do partido.
O jargão político traduz a capacidade de uma ação ou posição política se converter em votos.
Na avaliação de deputados do PSD, o União Brasil da Câmara tem uma bancada com mais bolsonaristas e que entrega menos votos ao governo, enquanto mantém representantes no Ministério das Comunicações e também no Ministério do Turismo.

Quando Juscelino Filho estava prestes a deixar o Ministério das Comunicações, após ser alvo de uma denúncia da Procuradoria-Geral da República (PGR) por suposto desvio de emendas parlamentares, o PSD viu uma oportunidade. Especulou-se que o Planalto poderia deslocar Celso Sabino do Turismo para Comunicações, liberando uma pasta do União Brasil. Isso não ocorreu, e Lula manteve as duas pastas sob o comando do seu partido original.

Agora, parlamentares do PSD passaram a defender uma nova postura diante do governo. Se antes tinham uma predisposição com pautas enviadas pelo Planalto, agora se dizem desobrigados a fazer gestos à Presidência.

O recado, nos bastidores, é que sem um ministério forte para apoiá-los, os deputados buscarão meios próprios, inclusive se aliando com adversários do PT, para garantir a reeleição e a expansão da bancada.

Segundo fontes do Planalto, a reforma ministerial se tornou um “não assunto”. A única mudança tida como certa é a posse do deputado Pedro Lucas como novo ministro das Comunicações.
Uma mudança no comando do Ministério de Ciência e Tecnologia para agradar o Centrão não é descartada, mas a complexa operação, que deslocaria a ministra Luciana Santos para o Minsitério das Mulheres, deixando Cida Gonçalves sem pasta, esfriou.
Deu em Metrópoles
Ricardo Rosado de Holanda


Descrição Jornalista