Economia 28/03/2025 10:37

Banco Central reduz projeção do PIB para 2025 e alerta para desaceleração econômica

O Banco Central (BC) revisou para baixo a projeção de crescimento da economia brasileira em 2025. Conforme o Relatório de Política Monetária (RPM), divulgado nesta quinta-feira (27/3), a estimativa para o Produto Interno Bruto (PIB) caiu de 2,1% para 1,9%.

Essa revisão reflete expectativas de menor crescimento nos setores industriais e de serviços, compensadas em parte pelo avanço expressivo da agropecuária.

Revisão ocorre após surpresas negativas no fim de 2024

A autoridade monetária justificou a mudança com base em dados abaixo do esperado no quarto trimestre de 2024, além da previsão de um ritmo mais fraco ao longo de 2025.

O desempenho positivo da agropecuária, impulsionado pela expectativa de uma safra recorde de soja, ameniza a queda e fez o setor ter sua projeção de crescimento elevada de 4% para 6,5%.

Por outro lado, os setores industriais e de serviços tiveram suas projeções reduzidas. A indústria passou de uma expectativa de crescimento de 2,4% para 2,2%, enquanto os serviços caíram de 1,9% para 1,5%.

Esses segmentos são mais sensíveis ao cenário macroeconômico e podem sofrer com juros elevados e menor demanda interna.

Expectativa de crescimento no primeiro trimestre

Mesmo com a revisão para baixo do PIB anual, o Banco Central destacou que o primeiro trimestre de 2025 pode apresentar um crescimento mais robusto. Entre os fatores que podem impulsionar a economia nos primeiros meses do ano, estão:

  • Aumento do salário mínimo, que impulsiona o consumo das famílias;
  • Liberação de recursos do FGTS, permitindo maior circulação de dinheiro;
  • Recuperação de setores específicos, como o agronegócio e o comércio.

No entanto, o BC adverte que esse crescimento inicial pode ser temporário, já que a economia brasileira enfrentará um cenário mais desafiador ao longo do ano.

Política monetária e cenário global pressionam a economia

O Banco Central alertou para uma desaceleração mais intensa nos próximos meses, causada por três principais fatores:

  1. Política monetária mais restritiva: O aumento da taxa de juros dificulta o acesso ao crédito e reduz investimentos.
  2. Menor expansão fiscal: O governo tem menos espaço para ampliar gastos públicos, o que pode reduzir a atividade econômica.
  3. Crescimento global moderado: O desempenho econômico de países parceiros comerciais influencia diretamente as exportações brasileiras.

Diante desse cenário, especialistas apontam que o Brasil deve enfrentar um ano de crescimento mais modesto, com desafios que podem impactar o mercado de trabalho e a inflação.

Crédito também tem projeção revisada para baixo

Outro ponto destacado no relatório foi a revisão das expectativas de crescimento do crédito no Sistema Financeiro Nacional (SFN). A projeção para 2025 caiu de 9,6% para 7,7%, refletindo um ambiente de juros elevados e menor dinamismo econômico.

As previsões para crédito livre também foram ajustadas para baixo, afetando tanto pessoas físicas quanto jurídicas.

Isso significa que empresas e consumidores podem encontrar maior dificuldade para obter financiamentos, o que pode impactar negativamente o consumo e os investimentos produtivos.

Perspectivas para o restante do ano

Especialistas apontam que, apesar das dificuldades, alguns fatores podem ajudar a sustentar o crescimento econômico em 2025:

  • Exportações agrícolas em alta, impulsionadas pela demanda internacional;
  • Possível flexibilização da política monetária, caso a inflação permaneça controlada;
  • Medidas do governo para incentivar o consumo e a produção.

Contudo, o cenário global ainda é incerto, e oscilações nos preços das commodities, além de decisões econômicas internacionais, podem afetar o desempenho brasileiro.

O Banco Central enfatiza que a economia brasileira não está imune a desafios internos e externos, e a revisão do PIB para 2025 reflete um cenário de crescimento mais lento, porém ainda positivo.

A desaceleração pode afetar setores estratégicos, mas a agropecuária segue como um ponto forte para a economia nacional.

Os próximos meses serão fundamentais para entender como as políticas econômicas e o cenário global influenciarão o desempenho do país.

Enquanto isso, consumidores e empresários devem se preparar para um ano de ajustes e desafios econômicos.

Deu em CPG

Ricardo Rosado de Holanda


Descrição Jornalista