Economia 24/03/2025 16:20

Alckmin quer novo jeito de medir inflação — sem comida nem energia

O vice-presidente da República, Geraldo Alckmin, sugeriu nesta segunda-feira (24) que o  brasileiro estude a retirada dos preços de alimentos e energia do cálculo da .

A proposta foi feita durante participação em um evento promovido pelo jornal Valor Econômico, onde Alckmin criticou o uso da política de juros como ferramenta de combate à inflação em setores sensíveis à variação climática e externa.

“Não adianta eu aumentar os juros, porque não vai fazer chover, eu só vou prejudicar a economia”, afirmou Alckmin. “E no caso do Brasil, pior ainda, porque aumenta a dívida pública.”

Proposta remete a políticas do Federal Reserve, mas comparação levanta questionamentos

Alckmin citou o Federal Reserve (Fed), banco central dos Estados Unidos, como exemplo de abordagem mais flexível para lidar com variações inflacionárias. Segundo ele, o Fed desconsidera itens voláteis como alimentos e energia para avaliar a inflação, o que permitiria maior precisão na definição da taxa de juros.

“Eu mencionei o exemplo americano porque ele tira do cálculo da inflação alimento, porque alimento é muito clima”, declarou o vice-presidente.

Contudo, a meta oficial de inflação dos EUA é baseada no índice PCE completo, e não exclusivamente em seus núcleos. Os núcleos — que desconsideram alimentos e energia — são apenas usados como indicador auxiliar, mas não substituem o índice geral como referência para a política monetária.

Juros altos e impacto na economia

Alckmin voltou a criticar o nível da taxa Selic, atualmente fixada em 13,75% ao ano, considerando que ela “atrapalha a economia”. Ele reconheceu que o controle da inflação é importante, mas defendeu que o instrumento de juros seja usado com mais racionalidade.

“Eu acho que é uma medida inteligente a gente realmente aumentar o juro naquilo que pode ter mais efetividade na redução da inflação.”

Ainda segundo o vice-presidente, os preços dos alimentos devem recuar ao longo do ano, impulsionados pela melhoria no clima e crescimento da safra agrícola. Esse cenário, segundo ele, deve ajudar positivamente o PIB em 2024.

Críticas e reações

A proposta de alterar a metodologia de cálculo da inflação gerou comparações imediatas com manobras intervencionistas em governos anteriores, especialmente durante a gestão de  Rousseff, marcada por críticas à interferência em políticas econômicas técnicas.

Apesar disso, Alckmin defendeu que sua sugestão não representa intervenção direta, mas um aperfeiçoamento técnico da abordagem do Banco Central, a fim de tornar a política monetária mais eficaz e menos prejudicial à atividade econômica.

Deu em ContraFatos
Ricardo Rosado de Holanda


Descrição Jornalista