A nova modalidade de crédito para quem tem carteira assinada, chamada Crédito do Trabalhador, promete simplificar o processo de empréstimos consignados para quem trabalha no setor privado.
A partir de sexta-feira (21), será possível ter acesso à modalidade no aplicativo da Carteira Digital. Especialistas alertam que a educação financeira é fundamental para evitar “armadilhas”.
O Executivo espera beneficiar cerca de 47 milhões de trabalhadores. A nova linha de empréstimo oferecerá juros mais baixos para quem tem carteira assinada, com recursos garantidos pelo FGTS (Fundo de Garantia do Tempo de Serviço)
“A vantagem do consignado, principalmente para as famílias endividadas, é que você consegue trocar uma dívida por uma taxa menor e gerir melhor o orçamento e as finanças familiares”, afirma.
O que dizem os especialistas?
Segundo a professora de economia do Ibmec Rio de Janeiro Gecilda Esteves, o tomador de empréstimo “precisa olhar para o orçamento doméstico, estabelecer uma lógica de gastos e colocar o pé no freio para que essa ação realmente possa surtir efeito com o passar dos anos”.
Ela destaca que a criação da modalidade é uma forma de o governo melhorar os aspectos de endividamento da população, mas ainda se trata de um empréstimo. “Existe um dever de casa para o profissional, para o tomador de empréstimo. Ele precisa fazer algo que o brasileiro muitas vezes evita: planejamento financeiro.”
Ricardo Buso chama atenção para o cenário de juros altos — atualmente, a taxa Selic está em 13,25% — e alerta para a necessidade de cautela.
“Não é o momento ideal para se endividar. No entanto, essa modalidade pode ser interessante para quem já tem uma dívida, pois o crédito pessoal costuma ter juros maiores. O ideal é usar esse recurso para quitar uma dívida mais cara por outra mais barata”, explica.
O risco, segundo ele, está no uso do crédito para consumo. “A economia está aquecida, e o movimento do Banco Central é justamente no sentido de esfriá-la. Quanto mais estímulos surgirem para aquecer a economia, mais o BC terá que aumentar a dose amarga dos juros. Esse é o grande problema: uma briga de forças”, conclui.