Internet 12/03/2025 20:43
Alexandre de Moraes considera Starlink, de Elon Musk, um risco à soberania nacional
Durante a abertura de um curso sobre democracia e comunicação digital, o ministro Alexandre de Moraes, do Supremo Tribunal Federal (STF), criticou o projeto da Starlink, empreendimento de Elon Musk, classificando-o como iniciativa de poder que pode ameaçar a soberania nacional.
Moraes afirmou que, atualmente, o Brasil preserva sua soberania porque as grandes empresas de tecnologia dependem de infraestrutura local – as antenas e sistemas de telecomunicação de cada país.
Segundo o magistrado, a implantação de uma rede de satélites de baixa órbita, como a da Starlink, possibilitaria à empresa operar sem se submeter à legislação brasileira.
“Por enquanto, conseguimos manter nossa soberania, pois as big techs necessitam das nossas antenas e sistemas de telecomunicação. Mas essa realidade pode mudar”, afirmou o ministro.
Moraes fez, ainda, referência a decisões do próprio STF, que determinaram a suspensão de redes sociais – como o X, também de Musk, e a plataforma de vídeos Rumble –, medidas que, para terem efeito, contam com o apoio da Agência Nacional de Telecomunicações (Anatel) no bloqueio de acessos.
O ministro ressaltou que, enquanto a operação dessas plataformas depende da infraestrutura física instalada em cada país, a proposta da Starlink de expandir seu alcance com satélites pode driblar esse controle.
Ele explicou: “Não é à toa que uma das redes sociais tem como sócio uma empresa chamada Starlink, que pretende instalar satélites de baixa órbita em todo o mundo. Hoje, no Brasil, contamos com apenas 200 mil pontos de acesso, mas a previsão é chegar a 30 milhões – aí, cortar antena não adianta.”
O magistrado alertou para o que chamou de “jogo de conquista de poder”, enfatizando que, se a reação não for forte neste momento, conter os efeitos dessa expansão será muito mais difícil no futuro.
Segundo a Folha de S.Paulo, o evento, promovido pela FGV Comunicação – em parceria com a AGU –, teve a inauguração de um MBA focado nos desafios da regulação das plataformas digitais.
Destinado a servidores de órgãos, como a Advocacia-Geral da União (AGU), o TSE e o Ministério da Justiça de São Paulo (MJSP), o curso busca capacitar o funcionalismo público para enfrentar os complexos desafios do ambiente digital. Na ocasião, Moraes participou de mesa redonda ao lado do ministro da AGU, Jorge Messias, e do diretor-geral da Polícia Federal (PF), Andrei Rodrigues.
Deu em Olhar Digital
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