Comércio 05/03/2025 04:58
China, Canadá e México retaliam tarifas de Trump e acirram guerra comercial; veja medidas
Após a confirmação das tarifas sobre importações de China, Canadá e México, nesta terça-feira, os governos dos três países anunciaram medidas em retaliação, acirrando a guerra comercial.
As primeiras foram divulgadas por Pequim.
O país vai impor tarifas de 10% e 15% sobre alimentos dos EUA, como soja, trigo, frango e carne bovina, e apertou o cerco sobre 15 empresas americanas, que precisarão de permissão especial para comprar bens chineses. Outras dez tiveram suas exportações bloqueadas para a China.
Já o Canadá disse logo pela manhã que vai taxar em 25% um total de US$ 107 bilhões em produtos dos Estados Unidos. Mais tarde, o primeiro-ministro do país, Justin Trudeau, afirmou em coletiva de imprensa que as medidas de Trump visam minar a economia canadense e classificou a decisão de “estúpida”.
– O que ele (Trump) quer é ver um colapso total da economia canadense, porque isso tornaria mais fácil nos anexar – disse Trudeau.
As tarifas que entraram em vigor hoje são as mais abrangentes da era Trump e representam US$ 1,5 trilhão em importações anuais.
As sobretaxas anunciadas pela China recaem sobre US$ 22 bilhões em importações americanas de alimentos, segundo a Bloomberg, e são uma resposta à tarifa adicional de 10% que Trump impôs aos produtos chineses e que entrou em vigor nesta terça-feira.
Em fevereiro, quando os EUA anunciaram um primeiro round de tarifas de 10% sobre produtos chineses, Pequim já havia sobretaxado US$ 14 bilhões em produtos americanos, incluindo gás natural liquefeito (GNL), carvão e maquinário agrícola.
A nova leva de tarifas será feira da seguinte forma:
As tarifas chinesas ocorrem no momento em que os agricultores americanos estão a semanas de plantar a safra da próxima temporada. E são consideradas mais eficazes que a primeira leva de tarifas anunciada por Pequim, pois a China é o principal destino dos produtos agrícolas americanos no exterior.
Ao taxar alimentos americanos, os chineses repetem a estratégia de 2018, quando Trump, em seu primeiro mandato, também desencadeou uma guerra comercial com a China. Na época, Pequim passou a comprar mais produtos agrícolas do Brasil.
Mas, naquela ocasião, as tarifas foram mais pesadas. E o banco central chinês também permitiu que o yuan se desvalorizasse, ajudando a compensar parte do impacto das tarifas americanas sobre os produtos chineses, o que levou a acusações de manipulação cambial.
– As medidas ainda são relativamente moderadas por enquanto. Acho que essa retaliação mostra que a China continua paciente e evitou ‘virar a mesa’, por assim dizer, apesar da recente escalada – disse Lynn Song, economista-chefe para a Grande China no ING Bank.
Além da sobretaxa, Pequim passou a a exerceu maior controle sobre 15 empresas americanas. Elas precisarão de aval para importar peças chineses. Entre elas está Skydio, a maior fabricante de drones dos EUA e uma importante fornecedora das Forças Armadas de Washington.
O Ministério do Comércio da China também adicionou mais dez empresas dos EUA à sua chamada “lista de entidades não confiáveis”, proibindo-as de fazer negócios na China. Além de empresas de defesa está no rol a companhia de biotecnologia Illumina, acusada de violar regras de transações no mercado e discriminar empresas chinesas.
O governo chinês também recorreu à Organização Mundial de Comércio (OMC). Pouco antes da China anunciar as medidas retaliatórias, o porta-voz do Congresso Nacional do Povo, Lou Qinjian, os EUA violaram as regras do órgão ao impor tarifas unilaterais, e acrescentou que espera que os dois países possam encontrar uma solução por meio do diálogo.
Embora os dois países possam discordar, “o importante é respeitar os interesses centrais e as principais preocupações de cada um e encontrar uma solução adequada”, disse Lou.
– Nunca aceitamos nenhum ato de pressão ou ameaça e defenderemos firmemente nossa soberania, segurança e interesses de desenvolvimento – completou o porta-voz.
Em fevereiro, a China também contestou na OMC a taxação promovida pelos EUA. No entanto, o mecanismo da OMC para resolver disputas comerciais tem sido efetivamente inoperante desde o primeiro mandato do presidente Trump.
– Até o momento, a China deu uma resposta comedida e proporcional, pois não quer agravar ainda mais a situação – disse Henry Gao, professor de direito da Universidade de Cingapura, que pesquisa as políticas comerciais chinesas. – Quando as medidas de abril forem divulgadas, é provável que a China negocie com os EUA.
As últimas investidas comerciais ocorreram um dia antes de Xi se dirigir à maior reunião política do governo deste ano, onde será anunciado o plano econômico para 2025.
A expectativa é que sejam criadas políticas que impulsionem o consumo interno para compensar as perdas esperadas em suas exportações, que contribuíram com quase um terço do crescimento da economia no ano passado.
A reação do Canadá foi mais enérgica, tanto em volume de produtos taxados como no tom das declarações. Uma tarifa de 25% será imposta sobre US$ 107 bilhões em importações de produtos americanos pelo Canadá, de forma escalonada. Veja como será:
Em sua entrevista diária à imprensa, a presidente do México, Claudia Sheinbaum, disse que “não há motivo, razão ou justificativa” para as tarifas de 25% impostas pelo governo de Donald Trump sobre as importações de produtos mexicanos.
– Somos enfáticos, não há motivo, razão ou justificativa que sustente essa decisão que afetará nossos povos e nações.
Sheinbaum afirmou ainda que o governo está preparando medidas “tarifárias e não tarifárias” em retaliação.
A presidente mexicana afirmou que usará a praça principal da Cidade do México, o Zocalo, para reunir seus apoiadores ao meio-dia e detalhar as medidas. O peso mexicano caiu até 1,5% em relação ao dólar americano.
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