Câmara Federal 05/02/2025 09:22

Hugo Motta: 8 anos de inelegibilidade é um tempo extenso

Como mostramos, para reabilitar politicamente Jair Bolsonaro em 2026, os deputados do PL querem esvaziar a Lei da Ficha Limpa

Em entrevista para a CNN Brasil, o presidente da Câmara, Hugo Motta, declarou que 8 anos de inelegibilidade como forma de punição para crimes eleitorais é um “tempo extenso”.

A fala foi uma repercussão da revelação feita com exclusividade por O Antagonista sobre um acordo entre deputados do Centrão e da bancada bolsonarista para esvaziar a lei da Ficha Limpa e beneficiar Jair Bolsonaro.

“Oito anos são quatro eleições, é um tempo extenso na minha avaliação”, disse o parlamentar.

Sobre as articulações, Motta disse que ainda não foi ouvido sobre esse tema, mas, para ele, o plenário da Câmara é soberano para tomar suas decisões.

“A Lei da Ficha limpa trouxe muitas mudanças. Hoje, o Brasil já está adaptado com essa lei, há uma compreensão de que a lei foi boa. Se houver interesse de algum partido, de algum parlamentar em discutir isso, e aí entra o cenário de 26, que começou a falar para tratar a inelegibilidade de Bolsonaro, aí o Congresso vai discutir, o Congresso é soberano”, disse ele.

“Esse não foi um tema, um assunto, que eu dialoguei com os líderes para sentir o ambiente sobre a necessidade ou não de uma mudança na Lei da Ficha Limpa”, acrescentou.

A proposta apresentada pelo deputado federal Bibo Nunes (PL-RS) teve o apoio de 73 parlamentares – a maioria deles do PL. No entanto, nas últimas 24 horas, outros 20 deputados também manifestaram interesse em subscrever a proposta.

Como mostramos, para reabilitar politicamente Jair Bolsonaro em 2026, os deputados do PL querem esvaziar a Lei da Ficha Limpa e reduzir de oito para dois anos o período de inelegibilidade de políticos condenados por crimes eleitorais. Como, por exemplo, o ex-presidente da República.

O texto, que tem como relator o deputado federal Filipe Barros (PL-PR), está na Comissão de Constituição e Justiça (CCJ) da Câmara, mas o PT tem trabalhado intensamente para ficar com a presidência do colegiado justamente para – oficialmente – barrar a iniciativa.

Sem CCJ, projeto pode ser alvo de pedido de urgência

O Antagonista apurou que integrantes do Centrão aconselharam a bancada bolsonarista a que o projeto fosse relatado por outro deputado de perfil menos ideológico e que isso facilitaria a sua aprovação.

Como se trata de um projeto de lei complementar, a iniciativa precisaria ter apenas 257 votos a favor para passar pelo plenário da Câmara.

Caso o PT de fato comande a CCJ, a ala bolsonarista já tem outra estratégia na manga: apresentar ao colégio de líderes um pedido de urgência para que o texto não seja obrigado a passar por comissões temáticas e vá diretamente a plenário.

Deu em O Antagonista
Ricardo Rosado de Holanda


Descrição Jornalista