Economia 02/02/2025 11:17
Estadão critica Lula: “acha que só seu palavrório comprova compromisso fiscal”
Jornal aponta contradições e “ginástica financeira” do governo petista
Em editorial publicado neste sábado (1º), o jornal O Estado de S. Paulo fez duras críticas à postura do presidente Luiz Inácio Lula da Silva em relação à responsabilidade fiscal.
O texto destaca a ineficiência do governo petista em equilibrar as contas públicas e questiona a forma como Lula tem tratado o tema.
Na última quinta-feira (30), o presidente afirmou que “não tem outra medida fiscal”, descartando novos esforços para conter gastos. Segundo o Estadão, essa declaração “sepulta de vez as fantasias da equipe econômica”, liderada pelo ministro da Fazenda, Fernando Haddad, que defendia a necessidade de mais medidas para equilibrar o orçamento.
O posicionamento de Lula teria constrangido Haddad, que já havia admitido que o pacote fiscal apresentado não era suficiente, e também isolado o novo presidente do Banco Central (BC), Gabriel Galípolo.
“Como já vinha acontecendo na gestão de Roberto Campos Neto, o BC seguirá sozinho na briga com a inflação, já que o governo decididamente não quer colaborar.”
Apesar de se recusar a adotar ajustes fiscais, Lula tem insistido em demonstrar otimismo forçado com a situação financeira do país. O presidente chegou a comemorar o déficit de 0,09% do PIB em 2023, chamando-o de “déficit zero”, e comparando-o ao suposto rombo de 2,5% deixado pelo governo anterior.
O Estadão, no entanto, aponta dois grandes erros nessa narrativa:
🔹 Erro 1: O cálculo ignorou gastos com enchentes no Rio Grande do Sul e incêndios na Amazônia e no Pantanal. Se esses valores forem incluídos, o rombo real sobe para R$ 43 bilhões (0,36% do PIB), acima do limite da meta fiscal (0,25%).
🔹 Erro 2: A culpa pelo déficit de 2023 não pode ser jogada integralmente no governo Bolsonaro. Apesar de críticas à gestão anterior, o jornal reconhece que Bolsonaro deixou um superávit de R$ 54 bilhões em 2022.
O resultado fiscal negativo só ocorreu porque a PEC dos Precatórios, chamada de “calote” pelo Estadão, foi aprovada para ampliar gastos sem contabilizá-los na meta. No entanto, o déficit de R$ 228,5 bilhões em 2023 foi resultado direto da PEC da Transição, sancionada já no governo Lula.
“Dito isso, a redução do rombo de 2023 para o de 2024 é falaciosa.”
O jornal critica a tentativa do governo de vender a ideia de que o déficit cairá cerca de R$ 200 bilhões em um ano sem qualquer medida dura, apontando que o que houve foi uma “ginástica financeira” para manipular os números e melhorar artificialmente o resultado de 2024.
O Estadão argumenta que Lula acredita realmente que está fazendo um bom trabalho na área fiscal e que não precisa tomar novas medidas. O jornal denuncia que o governo petista “tortura os números para fazê-los exprimir o que lhes convém”, numa tentativa de parecer que o arcabouço fiscal está sendo cumprido.
Isso explicaria porque diversos gastos foram deixados fora da meta fiscal, como o programa Pé-de-Meia, além de receitas extraordinárias que aumentaram artificialmente o caixa do Tesouro.
Além disso, despesas fundamentais foram subestimadas, como:
✅ Gastos com Previdência, que foram R$ 30 bilhões acima do previsto
✅ Gastos com o Benefício de Prestação Continuada (BPC), que superaram a estimativa em R$ 7,6 bilhões
Esses fatores indicam que a trajetória da dívida pública está longe da estabilidade prometida pelo governo.
“Lula acha que só seu palavrório é suficiente para comprovar seu compromisso com a responsabilidade fiscal.”
Com o olhar voltado para as eleições de 2026, Lula tenta sustentar o discurso de que entregará “o menor déficit possível”, mas, segundo o Estadão, isso “literalmente significa qualquer coisa”, já que não há garantia de que os números sejam de fato sustentáveis.
Descrição Jornalista
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