Impostos 31/01/2025 08:45

Trump confirma tarifas de 25% sobre produtos de México e Canadá que entrarem nos EUA a partir de sábado

Presidente americano diz que medida é uma retaliação ao fluxo de drogas e imigrantes nas duas fronteiras e o grande déficit comercial de seu país com os vizinhos: 'Não precisamos do que eles têm'

(Bloomberg) — O presidente Donald Trump disse que seguirá adiante com sua ameaça de impor tarifas de 25% sobre as importações do Canadá e do México a partir deste sábado, 1º de fevereiro, citando o fluxo de fentanil e grandes déficits comerciais como algumas das razões para sua decisão.

— Anunciaremos as tarifas sobre o Canadá e o México por vários motivos — disse Trump a jornalistas nesta quinta-feira, no Salão Oval, enquanto assinava ações executivas em resposta à colisão fatal de aeronaves ontem em Washington.

Entre os motivos, ele indicou que se trata de uma retaliação ao que ele avalia como falta de empenho dos dois países de coibir a entrada de drogas e imigrantes ilegais nos EUA:

— O primeiro é o grande número de pessoas que entraram em nosso país de forma terrível e excessiva. O segundo são as drogas, o fentanil e tudo o mais que entrou no país. O terceiro são os enormes subsídios que estamos dando ao Canadá e ao México na forma de déficits — afirmou.

‘Não precisamos dos produtos que eles têm’

No entanto, o presidente dos EUA sugeriu que ainda estava considerando se um produto importante que seu país importa, o petróleo, seria isento das tarifas. Trump disse que tomaria uma decisão ainda na noite de quinta-feira, baseando-se no preço do petróleo.

— Não precisamos dos produtos que eles têm. Temos todo o petróleo de que precisamos. Temos todas as árvores de que precisamos — acrescentou Trump, referindo-se às principais importações do Canadá.

Reações no mercado

Os contratos futuros do petróleo West Texas Intermediate subiram acima de US$ 73 por barril após os comentários. O dólar americano reverteu uma perda anterior e atingiu a máxima do dia, enquanto o dólar canadense e o peso mexicano despencaram. Os títulos do Tesouro dos EUA reduziram seus ganhos.

Trump indicou que a taxa de 25% pode ser apenas um piso, dizendo que os níveis tarifários “podem ou não aumentar com o tempo”.

Decisão já era esperada

A decisão de Trump era amplamente aguardada pelos mercados, assim como por líderes empresariais e políticos globais, que analisaram suas palavras e ações em busca de qualquer sinal sobre se o presidente dos EUA cumpriria suas ameaças tarifárias ou as usaria como ponto de partida para negociações comerciais.

Nos últimos dias, Trump ameaçou impor tarifas contra a Colômbia em uma disputa sobre deportações de imigrantes ilegais, mas depois recuou, levando alguns a especular que ele estava usando as tarifas apenas como instrumento de pressão para obter concessões políticas.

Tarifas contra a China

Trump também indicou que avançaria com tarifas contra a China. Ele não especificou a alíquota, embora tenha dito anteriormente que seria de 10%.

Trump afirmou que Pequim não cumpriu suas promessas de impedir que o fentanil e os produtos químicos usados na fabricação da droga mortal chegassem aos Estados Unidos.

— Com a China, também estou pensando em algo, porque eles estão enviando fentanil para o nosso país e, por causa disso, estão causando centenas de milhares de mortes — disse Trump nesta quinta-feira. — Então, a China também vai acabar pagando uma tarifa por isso, e estamos no processo de implementação.

Trump ordenou que sua administração investigue se a China cumpriu um acordo comercial firmado durante seu primeiro mandato, preparando o terreno para novas tarifas contra a segunda maior economia do mundo.

Consequências globais

Seguir adiante com as tarifas contra Canadá e México — vizinhos dos EUA, principais parceiros comerciais e mercados de exportação — ameaça ter consequências econômicas drásticas, abalar os mercados e potencialmente desencadear uma guerra comercial ao minar as proteções estabelecidas por um acordo de livre comércio entre os três países.

Ambos os países prometeram responder a quaisquer tarifas comerciais, incluindo com tarifas retaliatórias, mas também buscaram garantir aos Estados Unidos que estavam abordando as questões fronteiriças em uma tentativa de apaziguar o conflito.

— Se essas tarifas entrarem em vigor, o Canadá responderá — disse a embaixadora canadense nos EUA, Kirsten Hillman, nesta quinta-feira. — Isso não é algo que queremos fazer. Não queremos entrar em um vai e vem de tarifas com os Estados Unidos. Não é bom para o Canadá, para os canadenses e para os trabalhadores canadenses, e não é bom para os Estados Unidos, para os americanos e para os trabalhadores americanos.

Hillman afirmou que o Canadá respondeu às preocupações de Trump sobre a fronteira ao reforçar a fiscalização e anunciar novas medidas de segurança, incluindo o uso adicional de drones e helicópteros em áreas fronteiriças.

O primeiro-ministro canadense, Justin Trudeau, visitou Trump em seu resort de Mar-a-Lago antes mesmo da posse do presidente, em uma tentativa de reduzir as tensões entre seus países, e a presidente mexicana, Claudia Sheinbaum, conversou com Trump para tentar evitar as tarifas.

Nos primeiros 11 meses de 2024, o comércio dos EUA com o Canadá totalizou US$ 699 bilhões e com o México, US$ 776 bilhões. A magnitude das tarifas que Trump implementará pode ter impactos severos em setores específicos, como a indústria automobilística e o setor de energia.

As ações das montadoras americanas Ford e General Motors passaram a operar no vermelho após o anúncio, revertendo ganhos anteriores.

— As tarifas do presidente Trump vão taxar os próprios americanos primeiro — disse hoje o Matthew Holmes, vice-presidente executivo da Câmara de Comércio do Canadá. — Desde preços mais altos nos postos de gasolina, nos supermercados e nas compras online, as tarifas se espalham pela economia e acabam prejudicando consumidores e empresas em ambos os lados da fronteira. Isso é um jogo em que todos perdem.

Ricardo Rosado de Holanda


Descrição Jornalista