Ele também mencionou a avaliação do professor Rodrigo de Freitas, pesquisador da Universidade Federal do Rio Grande do Norte (UFRN) e especialista em dinâmica costeira, que considerou o evento um fenômeno natural em entrevistas que concedeu à imprensa.
“Foi uma maré de 2,2 metros, influenciada pela fase da lua. Em 2025, podemos ter marés ainda mais altas, chegando a 2,7 metros, e situações semelhantes podem ocorrer ocasionalmente. Não há como impedir a natureza de atuar sobre o continente”, explicou.
São quase 5 quilômetros de engorda, desde o Hotel Serhs até a base do Morro do Careca. Desde que o primeiro trecho foi entregue, a obra tem sido alvo de questionamentos.
Recentemente, com as chuvas intensas que caíram sobre a capital potiguar, uma área da engorda, onde ocorre a obra de drenagem, ficou alagada. O secretário negou que se tratasse de esgoto e disse que o ocorrido está relacionado à fase de conclusão do novo sistema de drenagem da praia.
Ele explicou que, ao contrário do sistema anterior, que tinha mais de três décadas e favorecia a erosão ao arrastar areia para o mar, a nova estrutura conta com 16 dissipadores de energia para reduzir a velocidade da carga hidráulica e evitar a degradação da engorda.
Esses dissipadores também funcionam como caixas de infiltração para receber a água das chuvas e minimizar o impacto sobre a engorda.
No entanto, ele reconheceu que a obra ainda não está concluída, o que causa o acúmulo de água em alguns pontos da praia. “Dos 16 dissipadores, 10 estão prontos, dois estão na fase final de acabamento e ainda faltam seis. Esse é o motivo do desconforto visual na área, mas é uma questão de tempo”, afirmou.
O secretário destacou que, apesar dos lagos temporários formados pela água das chuvas, essa situação não é um problema, mas sim parte da solução para evitar a erosão.
Segundo ele, quando o sistema estiver totalmente finalizado, a drenagem será mais eficiente e os alagamentos momentâneos serão menos abrangentes e terão infiltração mais rápida. De acordo com a Secretaria Municipal de Infraestrutura (Seinfra), que também acompanha e fiscaliza a execução do projeto, a previsão é de que o sistema de drenagem esteja completamente finalizado em até 40 dias.
Rodolitos e ondas mais fortes
Outra dúvida é sobre os detritos que estão misturados à areia da engorda. O secretário esclareceu que o material triturado não são restos de corais, mas sim rodolitos, formações compostas por carbonato de cálcio presentes no solo oceânico. Segundo ele, os rodolitos tendem a se sedimentar naturalmente na areia ao longo do tempo.
No entanto, a prefeitura está tomando medidas para acelerar o processo de remoção, minimizando o impacto para os banhistas. O secretário informou que a operação deve começar ainda em fevereiro, garantindo que a situação é temporária e será solucionada em breve.
A dinâmica costeira de Ponta Negra segue intensa, e a percepção de maior força das ondas pelos frequentadores é explicada por essa característica natural que, segundo Thiago Mesquita, sempre foi forte, especialmente em áreas mais afastadas do Morro do Careca. Com a obra de engorda, um talude de três metros foi implementado para conter a erosão, o que influencia o comportamento das ondas.
Na área dos hotéis, por exemplo, após quatro meses de execução da obra, ele diz que o padrão de banho já está mais estabilizado. “Talvez a normalização total ocorra em um ano ou dois, mas em quatro a seis meses já deve estar praticamente estável”, afirmou.
Para o secretário, as dúvidas não podem apagar a importância da obra, tanto do ponto de vista econômico, social quanto ambiental.
“A engorda é indispensável para conter a erosão costeira no Morro do Careca e em toda sua extensão, traz a praia para o natalense frequentar e atrai mais turistas, gerando mais emprego e renda, com maior arrecadação de ICMS para o Estado e Município”, pontuou.