Inteligência Artificial 29/01/2025 20:00

IA: adolescentes não conseguem distinguir o que é real e falso, diz estudo

Segundo levantamento feito nos Estados Unidos, mais de um quarto dos jovens já esteve em dúvida se, em uma interação virtual, estava falando com um chatbot ou com um humano

Embora os adolescentes passem grande parte do seu tempo conectados nas redes sociais, um novo estudo, divulgado nesta quarta-feira (29) pela Common Sense Media, descobriu que jovens entre 13 e 18 anos estão desconfiando cada vez mais do conteúdo que consomem online.

Segundo o relatório, com o surgimento da inteligência artificial (IA), os adolescentes não conseguem distinguir o que é real e o que é falso.

O estudo, chamado “Adolescentes, confiança e tecnologia na era da IA“, foi feito com base em uma pesquisa com 1.045 adolescentes dos Estados Unidos de 13 a 18 anos. O levantamento mostrou que 41% dos adolescentes estão cientes de terem visto imagens ou vídeos que eram reais, mas enganosos.

Além disso, mais de um terço (35%) relata ter sido enganado por conteúdo falso divulgado online, e um em cada cinco adolescentes (22%) relata que compartilhou conteúdo que, posteriormente, descobriu que era falso. Mais de um quarto (28%) já esteve em dúvida se, em uma interação virtual, estava falando com um chatbot ou com um humano.

Na visão dos pesquisadores, esses achados mostram que os adolescentes enfrentam desafios significativos para distinguir entre conteúdo autêntico e manipulado, o que pode levar à desconfiança em plataformas online.

A pesquisa também mostrou que 72% dos adolescentes mudaram a maneira como avaliam a precisão das informações online após terem tido experiência com conteúdo falso ou enganoso. Mais de um terço (35%) diz que os sistemas de IA generativa tornarão mais difícil confiar na precisão das informações que veem online.

Estudo também aponta para desconfiança de jovens em relação a empresas de tecnologia

O levantamento mostrou que dois terços (64%) dos jovens na faixa etária dizem que não confiam que as empresas de tecnologia se importem com o bem-estar dos adolescentes. Além disso, 62% duvidam que as empresas coloquem a segurança do usuário antes dos lucros.

O levantamento também mostrou que mais da metade dos adolescentes pesquisados relatam ter baixos níveis de confiança nas principais empresas de tecnologia para tomar decisões éticas e responsáveis (53%), manter as informações pessoais dos adolescentes seguras (52%) ou ser inclusivas e justas ao considerar as necessidades de diferentes usuários (51%).

Quase metade (47%) dos adolescentes tem pouca ou nenhuma confiança de que as empresas de tecnologia tomarão decisões responsáveis ​​sobre como usar a IA em seus produtos. Cerca de sete em cada dez adolescentes apoiam salvaguardas de privacidade e medidas de transparência para sistemas de IA.

O estudo também descobriu que 39% dos adolescentes que usaram IA generativa para realizar trabalhos escolares encontraram imprecisões nos resultados gerados pela ferramenta. Diante disso, 73% querem que o conteúdo gerado por IA seja claramente rotulado ou tenha marca d’água.

“Os jovens americanos são claramente céticos em relação às empresas de tecnologia e não confiam nelas para proteger seu bem-estar ou tomar decisões éticas sobre IA”, disse James P. Steyer, fundador e CEO da Common Sense Media, em comunicado à imprensa.

“Para reconstruir a confiança, a indústria deve tomar medidas imediatas para implementar medidas de segurança robustas, aumentar a transparência sobre os sistemas de IA e dar aos adolescentes uma voz genuína na formação dos espaços digitais que impactam suas vidas. Embora as empresas de tecnologia tenham que agir, todos nós temos um papel a desempenhar para responsabilizá-las — precisamos de ações coordenadas de formuladores de políticas, educadores, pais e os próprios jovens para manter a pressão sobre as empresas de tecnologia para criar um mundo digital que realmente sirva e proteja nossa juventude.”

Deu em CNN

Ricardo Rosado de Holanda


Descrição Jornalista