Ciência 17/12/2024 12:23
Especialistas explicam o que podem ser os drones misteriosos que assustam os EUA
Objetos voadores foram avistados em ao menos oito estados; autoridades acompanham caso de perto
Drones não identificados foram avistados em ao menos oito estados dos Estados Unidos nas últimas semanas, causando pânico, preocupação e diversas teorias da conspiração.
Esses objetos foram avistados tanto sobre bairros residenciais quanto sobre locais restritos e infraestrutura crítica, como pontes e bases aéreas – chegando a causar interrupções em um aeroporto internacional de Nova York, por exemplo.
Com toda a repercussão do caso, o FBI, a agência de investigação federal dos EUA, e o Departamento de Segurança Interna emitiram uma declaração conjunta ressaltando que “não há evidências neste momento” de que os avistamentos representem uma ameaça à segurança nacional ou pública.
Ainda assim, outras autoridades destacaram que esses avistamentos estavam indo “longe demais” e determinaram investigações.
Especialistas ouvidos pela CNN explicaram que os objetos misteriosos avistados nos EUA podem ser desde drones pequenos e “amadores” até alguns maiores e “profissionais”.
Sandro Teixeira Moita, professor da Escola de Comando e Estado-Maior do Exército, pontua que, analisando o padrão de avistamento, podem ser “drones de prateleira, que você poderia comprar em qualquer grande loja ou pelo comércio digital”.
Danielle Ayres, professora de Política Internacional e Segurança da UFSC, também avalia que podem ser drones amadores, que seriam menores e “menos capazes de ação”, ou profissionais, que podem conseguir captar imagens e realizar monitoramento, por exemplo.
Ainda assim, os especialistas ponderam que outras aeronaves podem ser confundidas com drones, principalmente em meio aos repetidos avistamentos e à comoção gerada pelos casos.
“Equipamentos que ficam em órbita baixa como os satélites podem ser confundidos pela população”, destaca Ayres.
Em entrevista à CNN Internacional, Tom Adams, ex-agente especial de supervisão do FBI, ressaltou que pode haver “explicações inocentes para os avistamentos”.
“Posso dizer a vocês, pela minha experiência em primeira mão conduzindo operações para o FBI, bem como investigações sobre a suspeita de avistamento de drones em infraestrutura crítica, que era bastante comum que planetas, aeronaves tripuladas e até satélites de órbita baixa da Terra fossem identificados erroneamente como drones à noite”, disse Adams.
Também foram levantados questionamentos sobre a possibilidade de os drones serem controlados por outros países, notadamente nações inimigas dos Estados Unidos.
Danielle Ayres argumenta que os objetos avistados “não são drones grandes como os usados pelo Irã para atacar Israel ou mesmo os usados pelo Brasil para monitoramento de fronteiras”.
Alcides Peron, professor de Relações Internacionais da FECAP, pondera que, no caso de drones militares, muitas vezes ser furtivo é uma característica, sendo quase impossível o avistamento pela população.
“Se eles são vistos, visualizados, identificados, a sua função estratégica perde valor. Seja ela para vigilância ou monitoramento, seja ela para fazer bombardeio ou ataque”, observa.
Além disso, o Pentágono descartou esses questionamentos durante coletiva de imprensa, e a nota do FBI e do Departamento de Segurança Interna pontua que não há risco à segurança do país.
De toda forma, Sandro Teixeira pondera que “dado que teve interrupção de tráfego e uma base da força aérea americana, eu não descartaria essa possibilidade [de influência estrangeira], assim como a própria utilização de aeronaves”.
“A gente já teve há uns dois anos a crise dos balões no espaço aéreo americano, que teriam sido balões chineses e que foram abatidos. Essa questão dos drones está um pouco parecida com isso. Ela serve um pouco de alerta para dizer que talvez o espaço aéreo americano esteja um pouco mais frágil do que parece”, comenta.
Teixeira explica que, dependendo do tipo do drone, é possível tirar fotos e até transmitir imagens em tempo real.
“Um drone que tire fotos, seja capaz de fazer fotografias de alta resolução, ele está fazendo uma ação clássica daquilo que poderia ser considerado no jargão popular espionagem – mas, no jargão profissional, inteligência – ou seja, fotos de áreas de infraestruturas críticas”, afirma.
“Pode, inclusive, ser um grupo terrorista que esteja fazendo o evento preparatório para um ataque. Ele está monitorando locais de acesso de uma infraestrutura que se atacada pode gerar um grande efeito e por aí vai. As possibilidades são diversas, mas, essencialmente nesse momento, pelo padrão que a gente tem visto reportado é a observação e fotografia, o que, dependendo do que esteja sendo fotografado, já afeta a segurança nacional americana”, complementa.
Danielle Ayres, por sua vez, ressalta que podem ser drones recreativos, que teriam apenas comportamento sem objetivos específicos.
“Todavia, depois que o caso virou alarmante muitos donos de drones podem estar usando seus equipamentos para causar medo e caos, ou seja, só para provocar pânico sem nenhum fim estratégico específico”, argumenta.
A especialista pontua que não há risco de ataques ou uso de “armas comissionadas” neles, sendo o maior riso o monitoramento, espionagem e a interrupção de fornecimento de energia, por exemplo.
Os especialistas ouvidos pela CNN comentaram que medidas como melhor gerenciamento do tráfego aéreo dos EUA – que é um dos mais movimentados do mundo – pode auxiliar a combater drones não identificados e possivelmente prejudiciais a serviços.
Quanto a medidas mais pontuais contra esses objetos, Sandro Teixeira ressalta que é possível utilizar armas antidrones – que liberam um pulso que derrubam a aeronave ou forçam seu pouso – ou ainda “mecanismos clássicos de utilização de material antiaéreo”.
Alcides Peron destaca que há ainda aparatos que podem ser posicionados em um perímetro, torres e outros locais para que o drone não consiga atravessar aquela determinada região. Caso atravesse, será direcionado para a base ou então ter um pouso forçado.
Ao forçar o pouso desses drones, é possível entender quais as capacidades dele e promover investigações mais detalhadas sobre quem estaria lançando esses drones e da onde esses drones estariam saindo.
Teixeira pondera ainda que uma outra medida possível seria instituir zonas proibidas para drones, nas quais os objetos são abatidos quando avistados.
Dinella Ayres, por sua vez, comenta que, no longo prazo, o caminho é “produzir marcos legais que evitem o uso equivocado e ilegal desses drones e que possa punir aqueles que dê alguma forma usam essas aeronaves para causar danos ao estado ou provocar medo e caos da população”.
Deu em CNN
Descrição Jornalista
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