Internet 21/11/2024 11:30

Internet pode melhorar a saúde mental de adultos com mais de 50 Anos, aponta estudo

Os pesquisadores envolveram 87.559 participantes de 23 países e concluíram que os envolvidos apresentaram menos sintomas depressivos, mas os dados podem variar dependendo do país

A tecnologia, muitas vezes associada a efeitos negativos sobre a saúde mental, mas pode ser um aliado importante para o bem-estar de adultos com mais de 50 anos.

Um estudo, publicado em 18 de novembro na revista Nature Human Behaviour, revelou que o uso da internet pode estar associado a uma diminuição significativa nos sintomas de depressão entre esse grupo etário.

Essa pesquisa envolveu 87.559 participantes com idades a partir de 50 anos, cujas informações foram coletadas ao longo de seis anos, resultando em 298.199 observações. Com abrangência de 23 países, como os Estados Unidos, Reino Unido, China, México, Brasil e diversos países europeus.

Logo, os cientistas conseguiram concluir que quanto mais frequente o uso da internet, melhor o estado de saúde mental dos indivíduos, com um destaque para a redução de sintomas depressivos.

Internet como antídoto para a solidão e isolamento

A solidão é um dos principais fatores de risco para problemas de saúde mental em adultos mais velhos.

A pandemia de COVID-19 agravou esse cenário, levando muitos a se isolarem ainda mais. No entanto, a internet se tornou uma ferramenta fundamental para combater esse isolamento.

Redes sociais, videoconferências e até mesmo grupos de apoio online têm permitido que muitos adultos com mais de 50 anos se conectem com o mundo exterior, mitigando os efeitos da solidão e do isolamento social.

O estudo revelou que o uso diário ou semanal da internet está fortemente associado a uma melhor saúde autorrelatada e a uma redução nos sintomas depressivos.

Em contrapartida, aqueles que utilizam a internet esporadicamente ou não a utilizam apresentaram um quadro mental mais fragilizado.

A Relação Entre Geração e Tecnologia

Embora a geração mais velha tenha sido inicialmente relutante em adotar as novas tecnologias, a pesquisa mostra que, com o tempo, muitos têm se familiarizado com a internet e suas possibilidades.

países com alta conectividade, como os Estados Unidos e o Reino Unido, onde dados genéticos estavam disponíveis.

Nesses locais, a associação entre o uso da internet e a melhora na saúde mental foi ainda mais evidente, sugerindo que a tecnologia pode até ter um impacto positivo sobre indivíduos com predisposição genética para transtornos mentais.

Entretanto, em países como o Brasil e o México, onde o acesso à internet pode ser mais desigual, o impacto foi mais variável, dependendo da forma como os dados foram coletados e das diferentes metodologias usadas para mensurar o uso da internet.

Tabela sobre a prevalência do uso da internet pelos países participantes do estudo, inclusindo o Brasil — Foto: Nature
Tabela sobre a prevalência do uso da internet pelos países participantes do estudo, inclusindo o Brasil — Foto: Nature

O lado negativo da internet

A pesquisa apontou uma associação negativa entre o uso da internet e sintomas depressivos em alguns grupos, como pessoas com 65 anos ou mais, solteiras, com menor contato social e com condições crônicas de saúde.

Esses dados sugerem que o uso da internet não é uma solução única, sendo necessário considerar fatores como o acesso à tecnologia, a formação educacional e o apoio social para maximizar seus benefícios.

No entanto, à medida que as populações envelhecem e o uso da internet se torna mais generalizado, as descobertas dessa pesquisa podem orientar políticas públicas que promovam a saúde mental na terceira idade.

Programas educativos e iniciativas de inclusão digital podem ser uma chave para melhorar a qualidade de vida de milhões de pessoas, permitindo que elas se beneficiem dos efeitos positivos da tecnologia.

“Nossas descobertas são relevantes para políticas e práticas de saúde pública na promoção da saúde mental na terceira idade por meio da Internet, especialmente em países com acesso limitado à Internet e serviços de saúde mental”, conclui os aurores no artigo, que foi conduzido por cientistas da City University of Hong Kong e da University of Hong Kong.

Ricardo Rosado de Holanda


Descrição Jornalista