História 17/11/2024 13:44

Suposta localização da Arca de Noé é descoberta por tradutores de tábua babilônica

Conhecida como Imago Mundi, a tábua de argila foi adquirida pelo museu em 1882, após descoberta na cidade de Nippur, no sul do Iraque, considerada sagrada pelos sumérios, e vizinha da antiga Babilônia.

Em pesquisa recente, digna de uma cena de Indiana Jones, um grupo de especialistas do Museu Britânico, que traduzia a escrita cuneiforme de uma tábua babilônica de três mil anos, encontrou a localização de uma arca relacionada a uma história antiga.

Segundo o dr. Irving Finkel, curador e especialista em assiriologia, a embarcação pode ser aquela projetada por Deus e confiada a Noé, para proteger as formas de vida do planeta durante o dilúvio, conforme relatado no livro do Gênesis da Bíblia.

Conhecida como Imago Mundi, a tábua de argila foi adquirida pelo museu em 1882, após descoberta na cidade de Nippur, no sul do Iraque, considerada sagrada pelos sumérios, e vizinha da antiga Babilônia.

Criada por volta do século 7 a.C., ela contém um mapa da Mesopotâmia, o rio Eufrates e outras importantes referências geográficas da região.

Como é a tábua Imago Mundi?

Tabuleta de argila mostra o mundo como um disco, cercado por um anel de água. (Fonte: British Museum)
Tabuleta de argila mostra o mundo como um disco, cercado por um anel de água. (Fonte: British Museum)

Parecida com um kindle de barro, a tábua de três mil anos tem 15 cm de altura por 13 cm de largura e 3 cm de espessura, sendo considerada o mapa mais antigo do mundo. Ela contém uma representação simbólica e simplificada de como os antigos mesopotâmicos entendiam a Terra.

Com o rio Eufrates no centro, o mapa inclui várias cidades, cadeia de montanhas e corpos d’água existentes na região.

Circundando o mapa inteiro, há um anel duplo chamado “Rio Amargo” que é o limite do mundo conhecido pelos babilônicos.

Após esse rio, alguns triângulos entalhados no mapa sugerem montanhas distantes ou reinos inexplorados. A narrativa no texto cuneiforme cita a a criação do mundo pelo deus Marduk e menciona o rei que construiu uma arca para fugir de um dilúvio.

Dilúvio babilônico x dilúvio bíblico

x. (Fonte da imagem: pixundfertig/Pixabay/Reprodução)
Para o curador do museu, os dois dilúvios são uma história só. (Fonte da imagem: pixundfertig/Pixabay/Reprodução)

Nas inscrições traduzidas pelo dr. Finkel e seus colegas, há uma que orienta os viajantes a seguirem até o quarto triângulo e percorrerem sete léguas até encontrarem “algo tão grosso quanto uma embarcação parsiktu”.

Esse termo é bem conhecido dos tradutores, pois se refere à tradicional narrativa babilônica do dilúvio.

O mito mesopotâmico conta que a arca construída pelo rei Utnapishtim por volta de 1800 a.C. teria se estabilizado sobre uma montanha chamada Urartu, mas estudiosos bíblicos defendem que Urartu é o mesmo que Ararat, o local onde a arca de Noé teria ficado. No Imago Mundi, a localização da arca é o quarto triângulo.

Falando ao All That’s Interesting, o dr. Finkel observa que as duas narrativas se conectam, o que indica uma possível interdependência entre as duas histórias.

“Isso é algo muito substancial, algo muito interessante para se pensar porque mostra que a história era a mesma e, claro, que uma levou à outra”, observa o filólogo.

Ricardo Rosado de Holanda


Descrição Jornalista