Homem 10/11/2024 18:36

46% dos homens procuram o médico apenas com sintomas; entenda os riscos dessa prática

Especialista alerta que pacientes podem perder a oportunidade de diagnosticar uma doença precocemente e não ter a oportunidade da cura

Um comportamento comum entre os homens no Brasil é  buscar atendimento médico apenas quando já apresentam algum sintomas. Segundo números da Sociedade Brasileira de Urologia (SBU) , apenas 32% da população masculina acima de 40 anos se consideram muito preocupados com a própria saúde e 46% deles só vão ao médico quando sentem algo.

Esse hábito preocupa especialistas, pois pode resultar no diagnóstico tardio de diversas doenças, incluindo o câncer de próstata. Bruna Carone Dias, oncologista clínica da Santa Casa de Sorocaba, destaca que a cultura e o estigma em torno do exame de toque retal são fatores que contribuem para essa realidade.

“O fator cultural é o que mais contribui para isso. Quando falamos de rastreamento do câncer de próstata, por exemplo, existe o estigma do toque retal. O perigo dessa prática [não ir ao médico com frequência] é que o homem perde a oportunidade de diagnosticar a doença precocemente e ter a oportunidade da cura”, ressalta a média.

Neste mês, a campanha Novembro Azul reforça a importância de realizar os exames regularmente para detectar a doença e iniciar o tratamento adequado o quanto antes.

A boa notícia é que o câncer de próstata tem 90% de chance de cura, quando diagnosticado precocemente. Por isso, o apelo dos especialistas para a realização de exames de rotina.

Os inimigos do homem

A pesquisa da SBU ainda mostra que 58% dos homens que utilizam apenas o SUS só vão ao médico quando têm algum sintoma. Segundo, a resistência da população masculina em buscar assistência médica de forma preventiva também resulta em menor adesão às campanhas de saúde e orientações de um especialista.

Como consequência, esse hábito prejudica a conscientização sobre a importância do autocuidado.

“Já está mais do que provado na literatura científica que a atividade física e a alimentação balanceada são fatores protetores, não apenas para doenças cardiovasculares mas também na prevenção de alguns tipos de câncer, dentre eles o de próstata”, ressalta a oncologista.

A situação não atinge apenas o Brasil. Um levantamento do Office of National Statistics (ONS), em 2022, relatou que os homens sofrem mais com doenças cardiovasculares e alguns tipos de câncer,  problemas que  poderiam ter sido prevenidos com uma intervenção mais precoce.

No Reino Unido, os quatro maiores fatores que levam os homens à morte tendem a ser a ser insuficiência cardíaca, câncer de pulmão e próstata e suicídio.

Uma reportagem do jornal Telegraph mostra que os homens podem sofrer com problemas de saúde mental, o que ocasiona maus hábitos como alcoolismo, tabagismo e má alimentação.

A matéria também aponta que especialistas confirmam que os homens têm menos probabilidade de obter apoio do que as mulheres. Por isso, é importante conversar com pessoas próximas, ou buscar ajuda com um terapeuta profissional.

Prevenção contra o câncer de próstata

Segundo o Instituto Nacional de Câncer (INCA), o câncer de próstata é o tumor mais comum entre os homens. A previsão é que sejam somados 71 mil novos casos até o fim de 2024.

A médica oncologista explica que o câncer de próstata é frequente e na maioria das vezes indolor. O aumento do diagnóstico se deve ao aumento do envelhecimento da população.

Outra doença que pode atingir a próstata é a hiperplasia prostática benigna. A condição causa um crescimento da próstata, mas sem câncer. O homem pode ter sintomas obstrutivos, com dificuldade para urinar.

Sobre o toque retal, a especialista explica que o exame é necessário em conjunto com o exame de PSA, para o rastreamento do câncer de próstata, sempre sendo avaliado pelo urologista.

A médica comenta que os sintomas do câncer de próstata são dificuldade para esvaziar a bexiga, jato urinário fraco e sangue na urina.

“Na grande maioria das vezes, o câncer nas fases iniciais é assintomático, por isso é importante o rastreamento mesmo sem sintomas. Os principais fatores de risco são histórico familiar, envelhecimento e sedentarismo”, completa.

Bruna ressalta que o acompanhamento médico regular é importante para prevenção primária com orientação de mudanças do estilo de vida (cessar tabagismo, etilismo, estímulo de atividade física, alimentação saudável), e prevenção secundária para realização de exames de rastreio.

“Com esse hábito pode-se prevenir e/ou diagnosticar precocemente câncer de próstata, pulmão, cólon além de outras doenças cardio-metabólicas”, ressalta.

Deu em IG

Ricardo Rosado de Holanda


Descrição Jornalista