Futebol 21/10/2024 09:08

Pode haver uma quebradeira geral no futebol se proibirem a publicidade das bets

Atualmente, dos 20 times da Série A do Campeonato Brasileiro, 19 são patrocinados por casas de apostas. Apenas o Cuiabá está fora da lista

Quem tem medo da CPI das Bets?

Na semana que passou, o presidente do Senado, Rodrigo Pacheco, deu o pontapé inicial para a criação de uma CPI com o objetivo de investigar “a crescente influência dos jogos virtuais de apostas online no orçamento das famílias brasileiras”.

A priori, o objetivo é investigar o que alguns senadores estão classificando como “roleta digital” – uma espécie de calamidade de saúde pública que abre caminho para a lavagem de dinheiro a céu aberto.

Basta verificar que, entre os beneficiários do Bolsa Família, calcula-se que 5 milhões estejam apostando R$ 3 bilhões por mês nas casas de apostas. O Brasil movimenta cerca de R$ 120 bilhões por ano, algo como 1% do Produto Interno Bruto (PIB).

Uma das conclusões que a CPI das Bets pode chegar é a necessidade de proibir os anúncios das apostas online, da mesma forma que se proíbe, por exemplo, as propagandas de cigarros e bebidas alcóolicas.

Efeitos colaterais no futebol

Atualmente, dos 20 times da Série A do Campeonato Brasileiro, 19 são patrocinados por casas de apostas. Apenas o Cuiabá está fora da lista.

Além das camisas dos times de futebol, há propagandas de casas de apostas em todos os lugares. Até o nome do  nosso principal campeonato mudou e passou a se chamar “Brasileirão Betano”.

Esse certamente é um fenômeno mundial, porque, segundo levantamento do site Bolavip, 30% dos patrocínios no futebol mundial são provenientes de casas de apostas, ou seja, três em cada dez clubes têm esse tipo de patrocinador, envolvendo mais de 200 equipes nas 12 principais ligas do planeta, incluindo Alemanha, Argentina, Bélgica, Brasil, Espanha, França, Holanda, Inglaterra, Itália, México, Portugal e Turquia.

E como esse parece ser um negócio extremamente lucrativo, todo mundo quer pegar um pedaço do bolo. As TVs Globo, SBT e Band querem criar suas próprias bets. O Flamengo também.

Mas se por acaso for aprovada a proibição de propaganda de apostas esportivas em nosso país, pode haver uma quebradeira geral dos nossos clubes.

Os valores desses patrocínios da Série A, somados, ultrapassam R$ 630 milhões, número que representa um aumento de 89% em comparação com o início da edição do ano passado, quando as cifras eram de R$ 333 milhões.

Times da Série A patrocinados por bets

  • 1. Flamengo – Pixbet (master) – R$ 117 milhões
  • 2. Corinthians – Esportes da Sorte (master) – R$ 103 milhões
  • 3. Vasco – Betfair (master) – R$ 70 milhões
  • 4. Fluminense – Superbet (master) – R$ 52 milhões
  • 5. São Paulo – Superbet (master) – R$ 52 milhões
  • 6. Botafogo – Parimatch (master) – R$ 27,5 milhões
  • 7. Cruzeiro – Betfair (master) – R$ 25 milhões
  • 8. Grêmio – Esportes da Sorte (peito) – R$ 25 milhões
  • 9. Internacional – Estrela Bet (costas) – R$ 24 milhões
  • 10. Fortaleza – Novibet (master) – R$ 20 milhões
  • 11. Bahia – Esportes da Sorte (master) – R$ 19 milhões
  • 12. Palmeiras – Esportes da Sorte (master do feminino) – R$ 18,5 milhões
  • 13. Atlético-MG – Betano (master) – R$ 18 milhões
  • 14. Athletico-PR – Esportes da Sorte (master) – R$ 16,5 milhões
  • 15. Juventude – Stake (master) – R$ 15 milhões
  • 16. Atlético-GO – Blaze (master) – R$ 14 milhões
  • 17. Vitória – Betsat (master) – R$ 3,6 milhões
  • 18. Criciúma – Estrela Bet (master) – R$ 6 milhões
  • 19. Bragantino – mrJack.bet (mangas) – R$ 5 milhões
  • 20. Cuiabá – é o único que não tem patrocínio.
screenshot
A coluna Futebol Etc na edição impressa do Jornal de Brasília, nesta segunda-feira (21/10)
Deu em Jornal de Brasília/Marcondes Brito
Ricardo Rosado de Holanda


Descrição Jornalista