Saúde 11/10/2024 12:07

Estudo encontra 600 vírus diferentes em chuveiros e escovas de dente

Por mais assustadora que a existência de tantos microrganismos em objetos do dia a dia possa parecer, sua presença não oferece riscos à saúde humana. Entenda por quê

Um novo estudo liderado por cientistas da Universidade Northwestern, nos Estados Unidos, mostrou que objetos típicos de nossos banheiros, como chuveiros escovas de dente podem estar repletos de uma coleção extremamente diversa de vírus.

Por mais ameaçador que isso possa parecer, esses agentes não são prejudiciais aos seres humanos – pelo contrário, eles podem até ser a chave no combate a algumas infecções bacterianas.

Os micróbios analisados pertencem ao grupo dos bacteriófagos, um tipo de vírus que infecta e se replica dentro de bactérias.

Embora os pesquisadores ainda saibam pouco sobre esses agentes patológicos, eles recentemente atraíram atenção da comunidade científica por seu potencial uso no tratamento superbactérias.

A iniciativa é um desdobramento direto de pesquisas anteriores nas quais a engenheira ambiental Erica Hartmann e sua equipe caracterizaram microrganismos nativos de escovas de dentes e chuveiros.

O projeto, apelidado de “Operação Boca de Vaso” — sim, um nome sugestivo –, foi inspirado pela preocupação de que um vaso sanitário com descarga pudesse gerar uma nuvem de partículas de aerossol a outros objetos do banheiro.

“Queríamos saber quais micróbios vivem em nossas casas. Se você pensar em ambientes internos, superfícies como mesas e paredes são realmente difíceis para os micróbios viverem, eles preferem ambientes úmidos. E onde há água? Dentro de nossos chuveiros e em nossas escovas de dente”, explica Hartmann, em comunicado.

Por isso, o estudo recolheu escovas de dentes usadas e amostras de chuveiro, coletadas com a ajuda de cotonetes.

Vírus possivelmente aliados

Com as amostras em mãos, a equipe de pesquisa utilizou da técnica de sequenciamento de DNA para examinar os vírus presentes nas escovas de dentes e chuveiros. Mais de 600 vírus diferentes foram identificados.

Os resultados deixaram todos impressionados e renderam até a publicação de um artigo, no jornal científico Frontiers in Microbiomesna última terça-feira (8).

“Não encontramos praticamente nenhuma sobreposição nos tipos de vírus entre chuveiros e escovas de dente”, lembra Hartmann.

“Também vimos muito pouca sobreposição entre quaisquer duas amostras. Cada chuveiro e cada escova de dente são como sua própria pequena ilha. Isso apenas ressalta a incrível diversidade de vírus que existem por aí”.

A maioria dos dentistas concorda que você deve trocar sua escova dental a cada três meses ou quando as cerdas deformarem — Foto: Pexels
A maioria dos dentistas concorda que você deve trocar sua escova dental a cada três meses ou quando as cerdas deformarem — Foto: Pexels

Embora tenham encontrado poucos padrões entre todas as amostras, os cientistas notaram a prevalência de mais micobacteriófagos do que outros tipos de vírus.

Esses organismos são conhecidos por infectar microbactérias, um tipo de bactéria que causa doenças como lepratuberculose e infecções pulmonares crônicas em seres humanos.

Hartmann imagina que, no futuro, o conhecimento sobre esses agentes poderá ser aproveitado para se utilizar os micobacteriófagos no tratamento dessas graves infecções.

“Queremos olhar para todas as funções que esses vírus podem ter e descobrir como podemos usá-los”, destaca.

Como limpar seus objetos

Até lá, no entanto, a equipe alerta as pessoas para não se preocuparem com a vida selvagem invisível que vive em seus banheiros.

Mais do que isso, os cientistas recomendam fazer a limpeza dos chuveiros apenas com vinagre ou sabão comum, para retirada a do acúmulo de cálcio, sem eliminar completamente a presença desses micróbios.

“Os microrganismos estão por toda parte, e a grande maioria deles não nos deixará doentes”, reitera a líder do projeto.

“Quanto mais você ataca vírus e bactérias com desinfetantes, mais eles provavelmente desenvolverão resistência ou se tornarão mais difíceis de tratar”.

Deu em Galileu

Ricardo Rosado de Holanda


Descrição Jornalista