Censura 20/09/2024 05:30

X trabalha para voltar a funcionar no Brasil e já bloqueou novamente contas suspensas pelo STF

Allan dos Santos, Monark, Daniel Silveira, Rodrigo Constantino e vários outros usuários com contas retidas judicialmente já foram suspensos da rede social

Após alguns usuários relatarem que voltaram a conseguir acessar o X no Brasil nesta quarta-feira, a plataforma afirmou que está trabalhando com o governo brasileiro para retornar “muito em breve para o povo do Brasil”.

Parece que o trabalho já está sendo feito: as principais contas suspensas judicialmente pelo Supremo Tribunal Federal (STF) já aparecem retidas novamente, incluindo nomes como Allan dos Santos, Monark, Daniel Silveira e Rodrigo Constantino.

“Quando o X foi desligado no Brasil, nossa infraestrutura para fornecer serviço para a América Latina não estava mais acessível para nossa equipe. Para continuar fornecendo serviço ideal para nossos usuários, mudamos de operadora. Essa mudança resultou em uma restauração inadvertida e temporária do serviço para usuários brasileiros”, explicou a empresa.

Por que o X, antigo Twitter, saiu do ar no Brasil?

O bloqueio da rede social no país foi determinado pelo ministro Alexandre de Moraes, do Supremo Tribunal Federal (STF), após uma queda de braço que envolveu o descumprimento de decisões por parte da empresa envolvendo o bloqueio de contas e ataques do bilionário Elon Musk, proprietário do X, ao magistrado.

“Embora esperemos que a plataforma fique inacessível novamente em breve, continuamos os esforços para trabalhar com o governo brasileiro para retornar muito em breve para o povo do Brasil”, finalizou a rede social em comunicado.

Allan dos Santos, Monark e Daniel Silveira — Foto: Reprodução
Allan dos Santos, Monark e Daniel Silveira — Foto: Reprodução

Na decisão que suspendeu o X, Moraes considerou os “reiterados, conscientes e voluntários descumprimentos das ordens judiciais”.

Também citou a tentativa do X de “não se submeter ao ordenamento jurídico e Poder Judiciário brasileiros, para instituir um ambiente de total impunidade e ‘terra sem lei’ nas redes sociais brasileiras, inclusive durante as eleições municipais de 2024”.

Com as multas pagas, e a retomada dos bloqueios de contas suspensas pelo Supremo, o único impedimento para o retorno oficial da rede social é a indicação de um representante legal no Brasil.

Como o X voltou?

Uma modificação no registro dos servidores do X tornou possível, depois de duas semanas, o acesso de brasileiros à rede social americana. Isso porque a plataforma comandada pelo bilionário Elon Musk começou a utilizar um serviço que opera como “escudo” para proteger seus servidores.

Uma das empresas contratadas para isso foi a Cloudflare, que opera em 330 cidades de mais de 120 países.

A equipe técnica da Agência Nacional de Telecomunicações (Anatel) constatou que o conteúdo do X foi colocado em redes de servidores, chamadas de CDNs (Redes de Entrega de Conteúdo), onde não estavam até a véspera.

Com isso, não estavam bloqueados os endereços exclusivos que identificam os dispositivos na internet (chamados de IPs) a partir dessas novas redes em uso. Desta forma, usuários que foram direcionados para esses novos servidores tiveram o acesso restabelecido.

O X funcionava por meio de servidores próprios, mas agora está usando também empresas que prestam serviço de entrega de conteúdo, conhecidas como CDN.

Quando houve determinação de suspensão do X no Brasil, ocorreu o bloqueio dos endereços ligados a esses servidores próprios. Com a mudança, o veto deixou de alcançar a rede social, e o X acabou “driblando” a decisão do Supremo.

Deu em O Globo

Ricardo Rosado de Holanda


Descrição Jornalista