Vantagem do Botafogo sobre o Fortaleza para ser campeão cai de 21 pontos percentuais para apenas um, e equipes se enfrentam no sábado, no Rio. Potencial de Corinthians e Vitória ficarem na Série A cai para menor marca deles no ano
Ao fim da 24ª rodada do Campeonato Brasileiro, o Fortaleza confirmou a boa fase, derrotou o Corinthians, assumiu a liderança do Brasileirão e, apesar de ter desafios difíceis pela frente, tirou 20 pontos percentuais de desvantagem e encostou no favorito Botafogo:
se ao final da rodada passada a vantagem do Botafogo era de 21 pontos percentuais, agora é de apenas um: o time de Artur Jorge ainda tem 32,47% de chances de ser campeão, a equipe de Vojvoda, 31,33%.
Os dois times se enfrentam no sábado.
Apesar de o Fortaleza estar na liderança com um ponto de vantagem e ter um jogo a mais que o Botafogo para disputar, o que explica o Botafogo ainda ter maiores chances de ficar com o título são basicamente a produtividade e a eficiência ofensiva das equipes pela medição do nível de ameaça que impõem ao adversário, medido pelo xG: os números do Botafogo são melhores do que os do Fortaleza.
A metodologia está no final do texto.
Defensivamente, as duas equipes se equivalem.
O Fortaleza tem a segunda melhor defesa do campeonato, com 20 gols sofridos em 23 jogos, média 0,87. O Botafogo está com a quarta melhor defesa, 24 gols sofridos em 24 jogos, média de 1,00.
Já no ataque, o Botafogo se destaca e, por isso, tem maiores probabilidades de vencer os próximos confrontos, embora isso tenha de ser executado jogo a jogo.
Os modelos estatísticos aplicados sobre os dados da competição apenas apresentam a probabilidade de os resultados ocorrerem no futuro, mas não é possível saber com antecedência se aquela bola na trave vai para dentro ou para fora do gol.
Chances de título do Brasileirão após a 24ª rodada — Foto: Info esporte
O que se sabe é que Botafogo e Fortaleza finalizam em média praticamente o mesmo número de vezes em uma partida: o Botafogo faz em média 12,7 conclusões por jogo, e o Fortaleza, 12,1.
Outra pequena diferença entre essas finalizações é que o Botafogo faz 61,5% das conclusões de dentro da área, de onde é menos difícil marcar, enquanto o Fortaleza faz 59,7% dos arremates dessa posição.
Já a eficiência do Botafogo é maior: de dentro da área, o Botafogo fez um gol a cada 5,5 tentativas, e o Fortaleza precisou de 7,5 tentativas para fazer um gol. Como resultado, o Botafogo tem 34 gols de dentro da área, e o Fortaleza, 22.
Essa diferença de 12 gols a mais de dentro da área tornam o Botafogo favorito tanto a vencer o confronto direto entre eles, sábado, no Nilton Santos, quanto lhe dá maior potencial para vencer outros jogos.
O gráfico abaixo mostra os potenciais ofensivo e defensivo de cada equipe considerando as características das finalizações feitas e sofridas, usando os parâmetros de xG. Quanto mais à direita, mais poderoso tem sido o ataque das equipes, com destaque para Palmeiras, Botafogo e Flamengo.
Quanto mais para baixo o time aparece, mais eficiente vem sendo defensivamente em impedir que os adversários façam finalizações perigosas contra seu gol, e os três times também têm desempenho melhor que o Fortaleza, que se derrotar o Botafogo no sábado, fora de casa, mostrará que apesar de tudo isso, conta com as qualidades necessárias para chegar ao título, e aparecerá com favorito a ficar com o título.
Parâmetros ofensivos e defensivos de expectativa de gol (xG) nos últimos 14 jogos — Foto: Espião Estatístico
Entre os times que fecham o G-4, neste momento com 44 pontos, Flamengo e Palmeiras seguem próximos.
Os rubro-negros venceram, mas viram a possibilidade de terminar com o título diminuir um pouco. Os palmeirenses – que agora disputam apenas o Brasileirão – aumentaram quase na mesma quantidade de pontos perdidos pelos rivais.
Veja a tabela e todos os números dos times que ainda têm chances abaixo.
As chances são determinadas por modelos estatísticos aplicados pelo economista Bruno Imaizumi sobre microdados coletados pela equipe do Espião Estatístico desde 2013. Foram analisadas as características de 108.590 finalizações e resultados de 4.408 jogos de Campeonatos Brasileiros que servem de parâmetro para medir a produtividade atual das equipes no ataque e na defesa a partir da métrica de expectativa de gol (xG), consolidada internacionalmente.
Por exemplo, se uma equipe com desempenhos ofensivos e defensivos apenas medianos será visitante no segundo turno contra adversários que estejam com as melhores performances mandantes, as chances desse visitante vencer são menores do que de um time eficiente e de alta produtividade ofensiva que tem agendados confrontos contra adversários que, neste momento, estejam com os piores desempenhos caseiros.
Porém, conforme novos jogos são disputados, os potenciais futuros mudam, rodada a rodada. Essas são algumas possibilidades que explicam o fato de as chances não acompanharem exatamente as posições atuais da tabela de classificação:
os potenciais futuros são diferentes dos resultados já conhecidos, entre outros motivos, devido à inversão de mandos no returno.
Os dados ajudam a calcular o potencial que cada equipe tem para vencer os jogos restantes, considerando mando de campo e outras características ao fazer 10 mil simulações para cada partida a ser disputada, o que resulta nos percentuais do quadro abaixo.
hances de permanecer na Série A 2025
Na parte de baixo da tabela, três dos quatro times na zona de rebaixamento se veem em situação mais delicada do que na rodada anterior.
Apenas o Atlético-GO aumentou a chance de se manter na primeira divisão, ainda assim, segue como último colocado na classificação, e tem 7,64% de chances de fugir do Z-4.
Lanterna da competição, tem os mesmos 22 pontos que o Cuiabá, mas a equipe mato-grossense tem dois jogos a mais por disputar, por isso a chance de escapar é maior.
Vitória e Corinthians perderam os jogos como visitantes na rodada (para São Paulo e Fortaleza, respectivamente), e suas chances de permanecerem na Série A estão no menor nível que já tiveram neste Brasileirão: o Vitória está com 39,81% de chances de ficar na primeira divisão, e o Corinthians, com 45,02%.
Chances de permanecer na Série A em 2025 depois da 24ª rodada — Foto: Info esporte
É justamente de Salvador que vem a maior queda nas possibilidades de permanência na Série A em 2025.
O Vitória perdeu 9,5 pontos percentuais ao entrar na zona de rebaixamento. Quem também precisa ligar o alerta – já que teve a terceira pior queda em pontos percentuais – é o Criciúma, que perdeu para o Grêmio em casa e agora está a três pontos do Z-4.
Com três vitórias, um empate e uma derrota nos últimos cinco jogos, quem finalmente saiu da zona de rebaixamento foi o Fluminense.
A vitória por 2 a 0 fora de casa contra o Atlético-MG foi essencial para que a equipe deixasse o Z-4 que leva para a Série B e chegasse aos 55,43% de possibilidade de manutenção na Série A em 2025. Foi o maior salto da rodada.
Veja o ranking completo abaixo.
Chances de G-6 na Série A depois da 24ª rodada — Foto: Info esporte
Enquanto Copa do Brasil, Sul-Americana e Libertadores não estiverem decididas, os quatro primeiros colocados no Brasileirão se classificam para a fase de grupos da Libertadores do ano que vem, enquanto o quinto e o sexto colocados disputam uma fase preliminar.
Caso os campeões das três competições estejam entre os primeiros colocados do Brasileirão, novas vagas classificatórias para a Libertadores serão abertas no nacional. Por enquanto, apresentamos as chances de as equipes terminarem o Brasileirão até a quarta e até a sexta colocações.
Apresentamos as probabilidades estatísticas baseadas nos parâmetros do modelo de “Gols Esperados” ou “Expectativa de Gols” (xG), uma métrica consolidada na análise de dados que tem como referência as finalizações cadastradas pelo Espião Estatístico em 4.408 jogos de Brasileirões desde a edição de 2013.
As variáveis consideradas no modelo são: (1) a distância e o ângulo da finalização em relação ao gol; (2) se a finalização foi feita cara a cara com o goleiro; (3) se foi feita sem a presença do goleiro; (4) a parte do corpo utilizada para concluir; (5) se a finalização foi feita de primeira, ajeitada ou carregada; se o chute foi feito com a perna boa ou ruim do jogador;
(6) a origem do lance (pênalti, escanteio, cruzamento, falta direta, roubada de bola, lateral etc); (7) se a assistência foi feita de dentro da área; (8) a posição em que o atleta joga; (9) indicadores de força do chute; (10) o valor de mercado das equipes em cada temporada a partir de dados do site Transfermarkt (como proxy de qualidade do elenco); (11) o tempo de jogo; (12) a idade do jogador;
(13) a altura do goleiro em jogadas originadas de bolas aéreas; (14) a diferença no placar no momento de cada finalização.
De cada cem finalizações da meia-lua, por exemplo, apenas sete viram gol. Então, uma finalização da meia-lua tem expectativa de gol (xG) de cerca de 0,07. Cada posição do campo tem uma expectativa diferente de uma finalização virar gol, que cresce se for um contra-ataque por haver menos adversários para evitar a conclusão da jogada.
Cada pontuação é somada ao longo da partida para se chegar ao xG total de uma equipe em cada jogo. Essa variação indica as chances de os times vencerem cada adversário e, a partir daí, é calculada a chance de os clubes terminarem o campeonato em cada posição.
O modelo empregado nas análises segue uma distribuição estatística chamada Poisson Bivariada, que calcula as probabilidades de eventos (no caso, os gols de cada equipe) acontecerem dentro de um certo intervalo de tempo (o jogo).
Para chegar às previsões sobre as chances de cada time terminar o campeonato em cada posição foi empregado o método de Monte Carlo, que basicamente se baseia em simulações para gerar resultados. Para cada jogo ainda não disputado, realizamos dez mil simulações.
*A equipe do Espião Estatístico é formada por: Davi Barros, Guilherme Maniaudet, Guilherme Marçal, João Guerra, Leandro Silva, Roberto Maleson, Roberto Teixeira, Valmir Storti e Zé Victor Meirinho.