Economia 11/08/2024 15:05
China deixa o mundo em alerta: gigante asiático mira fundo do oceano para extrair trilhões de nódulos de cobre, níquel, cobalto e manganês
China deixa o mundo em alerta: gigante asiático mira fundo do oceano para extrair trilhões de nódulos de cobre, níquel, cobalto e manganês para tornar o mundo refém da sua supremacia em minerais críticos e operações militares
A China, sempre ambiciosa, está de olho em um novo território para expandir seu domínio: o fundo do oceano. Com trilhões de nódulos de níquel, cobre, cobalto e manganês espalhados nas profundezas marítimas, a mineração submarina parece ser o próximo passo lógico.
Esses “minerais críticos” são fundamentais para a economia verde que o mundo busca, mas o caminho para extraí-los ainda é cheio de incertezas regulatórias.
A Autoridade Internacional dos Fundos Marinhos (ISA), um órgão da ONU, ainda delibera sobre as regras para essa prática.
De um lado, grupos ambientais clamam por uma proibição total, temendo danos irreparáveis ao ecossistema marinho.
Do outro, empresas e governos, especialmente a China, pressionam por regulamentações que permitam a exploração controlada. Recentemente, em uma reunião da ISA na Jamaica, entre 29 de julho e 2 de agosto, esses debates ficaram ainda mais intensos.
A demanda por minerais críticos deve mais que dobrar até 2040, impulsionada principalmente pela China.
O gigante asiático é líder mundial na fabricação de painéis solares, carros elétricos e baterias, itens que dependem desses minerais. No último ano, as indústrias de energia limpa responderam por 40% do crescimento do PIB chinês, segundo o Centro de Pesquisa em Energia e Ar Limpo, um think-tank finlandês.
Porém, a dependência da China em importar esses minerais de outras nações, como África do Sul, Gabão, Austrália e República Democrática do Congo, preocupa seus líderes.
Eles temem que a instabilidade política ou a pressão de rivais, como os Estados Unidos, possa interromper o fornecimento desses materiais essenciais. Assim, a corrida por minerais críticos se tornou uma nova frente na competição estratégica global.
A importância desses minerais para o futuro da China é comparada ao petróleo e ao gás. A mineração em águas profundas surge como uma solução para garantir um suprimento seguro, longe das fronteiras soberanas de outros países.
Em 2016, Xi Jinping, líder da China, destacou a necessidade de explorar os “tesouros escondidos” do oceano, dando início a um esforço nacional para conquistar o fundo do mar.
Para alcançar esse objetivo, a China passou anos construindo influência dentro da ISA. Este órgão, responsável pela regulamentação dos fundos marinhos em águas internacionais, recebe financiamento de seus membros, com a China sendo o maior doador.
Além disso, em 2020, o país ofereceu uma instalação de treinamento na cidade portuária de Qingdao, fortalecendo ainda mais seus laços com a ISA.
Em reuniões recentes da ISA, alguns países tentaram impor uma moratória à mineração submarina, mas foram bloqueados pela pressão chinesa. A meta da China é estabelecer um regime de mineração permissivo, sem interferências externas, conforme apontou Isaac Kardon, da Carnegie Endowment for International Peace.
Até o momento, a ISA emitiu 31 licenças para exploração de minerais, sendo que a China detém cinco delas, mais do que qualquer outro país.
Entre as mineradoras chinesas estão a China Ocean Mineral R&D Association, a China Minmetals e a Beijing Pioneer Hi-Tech Development. Três das licenças chinesas cobrem áreas na Zona Clarion-Clipperton, no leste do Oceano Pacífico, onde há depósitos minerais comparáveis a todas as reservas terrestres.
As outras duas estão localizadas no oeste do Pacífico e no Oceano Índico.
No entanto, as empresas chinesas não estão apenas em busca de lucro. Elas têm objetivos mais amplos, como garantir o suprimento de minerais para fortalecer a nação.
Em março, o presidente da China Minmetals, uma gigante estatal, prometeu expandir as operações de forma a garantir que a China não possa ser desalojada das cadeias de suprimento globais. Ele destacou que a mineração submarina é crucial para “rejuvenescer a nação chinesa”.
A mineração em águas profundas envolve tecnologia avançada, com grandes robôs enviados ao fundo do mar para coletar nódulos polimetálicos. Embora a tecnologia chinesa ainda não seja a mais avançada, está evoluindo rapidamente.
Em julho, uma equipe da Universidade Jiao Tong de Xangai testou um robô a mais de 4.000 metros de profundidade, coletando 200 kg de material. A mídia estatal chinesa destacou o uso de componentes nacionais, rompendo o monopólio internacional.
Se a mineração comercial for iniciada, as empresas chinesas provavelmente liderarão o setor.
A capacidade da China de construir navios e robôs rapidamente, aliada ao apoio governamental generoso, posiciona o país à frente de qualquer concorrente. Além disso, a vasta demanda interna por esses minerais garante um mercado certo para as riquezas extraídas do fundo do mar.
Contudo, essa perspectiva preocupa os ambientalistas. O fundo do oceano é lar de milhares de espécies únicas, de micróbios a esponjas, que podem ser severamente impactadas pela mineração.
Mesmo com regulamentação rigorosa, os robôs podem causar danos irreversíveis, destruindo habitats e criando plumas de sedimentos que ameaçam a vida marinha. Além disso, o histórico das mineradoras chinesas em termos de responsabilidade ambiental é preocupante, mesmo em terra firme, onde a fiscalização é mais fácil.
Os rivais da China também têm suas preocupações, e não apenas com o meio ambiente. Existe o temor de que a mineração em águas profundas possa servir de fachada para operações militares, como pesquisa submarina que beneficiaria a navegação de submarinos chineses.
Em 2021, por exemplo, um navio de pesquisa da China Minmetals fez um desvio inexplicável para perto do Havaí, onde os EUA mantêm grandes bases militares.
A maior preocupação ocidental, no entanto, é sobre quem controlará as cadeias de suprimento das indústrias de energia limpa.
A China já possui uma vantagem significativa nesse campo, e a mineração submarina poderia consolidar ainda mais essa posição. Enquanto isso, os Estados Unidos, que não ratificaram a Convenção das Nações Unidas sobre o Direito do Mar (Unclos), estão excluídos das discussões da ISA.
Em março, um grupo de ex-funcionários americanos instou o Senado a ratificar o tratado, destacando que a ausência dos EUA beneficiou a China.
Essas preocupações são aproveitadas por empresas ocidentais que defendem a mineração submarina, como a The Metals Company, do Canadá, que espera solicitar uma licença comercial da ISA ainda este ano.
Em Washington, a empresa tem recebido apoio, com muitos temendo que a China possa dominar essa indústria emergente. “A possibilidade da China controlar essa indústria é um motivador muito forte”, afirmou Gerard Barron, fundador da The Metals Company.
Deu em CPG
Descrição Jornalista
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