Governo Federal 22/07/2024 13:44

Desconhecido por metade da população, Novo PAC não decola e frustra expectativas de ganho político para o governo

No Palácio do Planalto, há um sentimento de decepção pelo inexpressivo impacto junto à opinião pública do programa comandado pelo chefe da Casa Civil, Rui Costa

Às vésperas de completar um ano do seu lançamento, o novo Programa de Aceleração do Crescimento (PAC) ainda não trouxe os ganhos políticos esperados para o governo. Gestado para impulsionar a popularidade do presidente Luiz Inácio Lula da Silva, ser um símbolo do terceiro mandato do petista e transformar o país em um canteiro de obras, o programa não conseguiu criar uma marca de entregas e enfrenta desconhecimento por parte da população.

No Palácio do Planalto, há um sentimento de decepção pelo inexpressivo impacto político do programa, comandado pelo chefe da Casa Civil, Rui Costa.

E uma avaliação de que parte das obras e projetos tocados dentro PAC levam apenas a ganhos indiretos pelo governo e nem sempre são associados ao programa.

Vitrine incompleta — Foto: Editoria de arte
Vitrine incompleta — Foto: Editoria de arte

Pesquisa Genial/Quaest divulgada no início deste mês aponta que 51% da população ignora o Novo PAC.

O nível de desconhecimento em relação à política pública supera percentuais que a aprovam (44%) e desaprovam (5%). Outros projetos, como o Farmácia Popular e o Bolsa Família, mantêm índices de aprovação próximos a 80%.

Transposição: reservatório em Salgueiro (CE) foi feito com recursos do PAC — Foto: Hiane Braun/Governo do Ceará
Transposição: reservatório em Salgueiro (CE) foi feito com recursos do PAC — Foto: Hiane Braun/Governo do Ceará

Com escassez de recursos públicos para outros projetos dessa dimensão, a expectativa do governo é criar “símbolos” em cada estado.

Esse objetivo, porém, pode esbarrar nos governadores, principalmente de oposição, que criticam o programa reservadamente.

Uma das principais queixas é que o Novo PAC tem poucas obras novas e muitas das intervenções incluídas do pacote já estavam sendo tocadas.

Também afirmam que o governo federal tem cobrado eventos para divulgar as ações nos estados.

Há uma percepção no Palácio do Planalto de que foi lançado um programa antigo, embora haja algumas novidades no atual formato, como um foco maior para parcerias público-privadas (PPPs).

Além disso, em projetos de infraestrutura com possível impacto positivo da economia, o entendimento no Executivo é de que os efeitos políticos só são sentidos nos médio e longo prazos e muitas vezes não são necessariamente creditados ao governo federal.

Por conta dessa avaliação, auxiliares do presidente consideram um erro não ter sido criado um novo nome para o PAC. Lula chegou a cobrar publicamente criatividade de seus ministros em busca de uma nova marca, mas permaneceu o nome já conhecido.

Diante das dificuldades, está em discussão encomendar para as agências de publicidade que atendem o governo a elaboração de uma campanha para divulgar as entregas.

Essa estratégia, porém, ainda não está confirmada e a Secretaria de Comunicação Social (Secom) avalia apenas destacar alguma obra em propaganda, mas não tratar do PAC em comerciais de uma forma mais ampla.

Uma ação publicitária de apresentação chegou a ser veiculada no ano passado, entre o fim de setembro e dezembro. Mas, naquele período, ainda não existia qualquer entrega.

Ricardo Rosado de Holanda


Descrição Jornalista