Vice mais velho à época do escândalo, Ednaldo Rodrigues assumiu a CBF interinamente. Agiu rapidamente e negociou um Termo de Ajustamento de Conduta (TAC) com o MPRJ.
O pleito anterior, de Caboclo, tornou-se inválido. Ednaldo convocou outra eleição, concorreu e triunfou nas urnas por aclamação.
Os vices Gustavo Feijó e Castellar Neto sentiram-se prejudicados. Perderam o mandato com Caboclo e acionaram a Justiça questionando o TAC.
Para eles, Ednaldo fazia parte do pacote de vices, deveria ter saído e não tinha legitimidade para se candidatar e muito menos assumir em definitivo.
Alegaram, ainda, que o juízo de 1º grau não tinha competência para homologar o acordo. O interino resistiu, herdou a caneta de Caboclo e a ação de Feijó e Castellar parecia adormecida.
O Correio apurou bastidores da reviravolta. Quando supostamente tramou a queda de Caboclo, Del Nero não tinha Ednaldo como plano A.
Os ungidos eram os vices Feijó e Castellar. Descontentes, ambos se tornaram aliados de primeira hora de Del Nero e Teixeira. Empoderado, Ednaldo começou a fazer uma faxina do que havia sobrado das gestões anteriores.
As mudanças, principalmente de ordem financeira e jurídica, como contratos assinados em administrações anteriores com benefícios a ex-presidentes, passaram a incomodar os coronéis da bola.
Uma fonte conta à reportagem que o controverso sistema de governo dos antecessores vivia de alguns desses acordos. Del Nero havia perdido o controle remoto da CBF.
Paralelamente, Ednaldo descumpria acordos em cargos estratégicos favoráveis a personagens vinculados a Teixeira.
Andrés Sanchez, por exemplo, era especulado como diretor de seleções, mas não foi nomeado.
Coincidentemente, na véspera da deposição, o ex-presidente do Corinthians e ex-coordenador de seleções de Teixeira na CBF, Andrés Sanches, e Ronaldo Fenômeno, se encontraram com Ednaldo no camarote da CBF, no Mineirão, antes do empate entre Palmeiras e Cruzeiro pela última rodada do Brasileirão.
Ednaldo também se isolou dos vices, centralizou o poder, expôs fragilidades e alimentou raposas velhas. Agiu com insegurança, indecisão e desrespeito à camisa verde-amarela na escolha do técnico da Seleção.
Um ano depois do fim da Era Tite, o país não sabe quem comandará o Brasil na Copa de 2026. O ciclo iniciou com dois interinos.
Ramón Menezes em três amistosos; e Fernando Diniz nos seis jogos das Eliminatórias.
Em tese, o treinador compartilhado com o Fluminense comandará o Brasil, em março, contra Espanha e Inglaterra na Europa. Ednaldo jura que o italiano Carlo Ancelotti assumirá na Copa América. O Real Madrid acena com possibilidade de renovação. A treta na CBF enfraquece qualquer garantia.
Vulnerável diante da série de três derrotas consecutivas no fim do ano para Uruguai, Colômbia e Argentina; e de apenas três vitórias contra Guiné, Bolívia e Peru em nove jogos no ano, Ednaldo viu as flechas dos caciques voltarem-se contra ele.
A Ação adormecida despertou. Ricardo Teixeira vazou áudios cobrando a saída do atual presidente.
Banido do futebol.
Del Nero fez manifestações públicas sobre a gestão. Houve invasão de dados nas redes da entidade. Documentos sigilosos teriam sido acessados, adulterados e distribuídos em profusão na forma de dossiês à imprensa em forma de denúncias.
O Correio apurou que uma empresa foi contratada para massificar o serviço.
A arquitetura da destruição inclui Brasília. Fontes relatam ao Correio lobby pesado pela abertura de CPI do Futebol no Congresso Nacional turbinada rebeldes vinculados a figurões da Casa.
Ednaldo foi convidado a depor na CPI das Apostas e das Pirâmides Financeiras e se esquivou. Falaria dos preparativos do Brasil para a Copa do Mundo Feminina na Comissão de Esporte da Câmara dos Deputados e recuou.
O senador Romário (PL-RJ) acusou Teixeira e Del Nero de tramarem golpe.
Acuado, Ednaldo recuou a escritórios de advocacia famosos vinculados a um ministros do STF.
O caos envergonha. A CBF teve quatro presidentes nos seis anos e meio da Era Tite na Seleção Brasileira.
O interino Fernando Diniz caminha para o segundo patrão em sete meses. À deriva, não enviou presidente nem técnico a Miami no sorteio da Copa América.
Os representantes no evento foram o vice Francisco Noveletto e o cartola da Federação do Amapá, Roberto Góes.
Deu em Correio Braziliense