Uma compilação de partidas com 63 gols foi apresentada aos torcedores. Enquanto assistiam aos jogos, sua atividade cerebral foi medida por meio de ressonância magnética funcional (RMF), exame de imagem que detecta alterações no fluxo sanguíneo do órgão.
“Quando o time ganha, o sistema de recompensa no cérebro é ativado”, explica, em nota, Francisco Zamorano Mendieta, do Departamento de Imagens da Clínica Alemana de Santiago.
“Quando eles perdem, a rede de mentalização pode ser ativada, levando o torcedor a um estado introspectivo. Isso pode atenuar parte da dor da derrota.”
Os pesquisadores ainda observaram uma inibição do eixo cerebral que conecta o sistema límbico aos córtices frontais, o que prejudica o mecanismo de regulação do controle cognitivo, aumentando, assim, a probabilidade de desenvolver comportamentos agressivos ao ver o seu time perder.
O estudo tem como intuito entender não apenas as dinâmicas associadas a rivalidade, mas também as afiliações sociais dentro e entre os grupos de fanáticos. Zamorano explica que as pessoas desejam conexões sociais, e essas podem ocorrer por meio de diferentes tipos de grupos.
“Embora esses laços sociais geralmente se formem em torno de crenças, valores e interesses compartilhados, também pode haver um elemento de proselitismo persuasivo, ou ‘pensamento de grupo’, que pode dar origem a crenças irracionais e discórdia social”, declara o autor principal do estudo.
Zamorano ressalta que áreas como posições políticas, lealdades eleitorais, etnia, espiritualidade e questões de identidade são frequentemente cercadas de controvérsias, e isso dificulta a identificação dos fundamentos neurológicos do fanatismo ou “fidelidade extrema”.
“Por outro lado, o fandom esportivo apresenta uma oportunidade única de analisar como a devoção intensa afeta a atividade neural em um contexto menos controverso, especialmente ao destacar o papel das emoções negativas, os mecanismos de controle inibitório relacionados e as possíveis estratégias adaptativas”, concluiu.
Deu em Galileu