Técnicas de fotografia e engenharia, posicionamento e agilidade para realizar a foto em segundos foram fundamentais para garantir o resultado artístico memorável.
A posição do surfista precisava estar alinhada com o rápido momento em que a Lua se posicionava milimetricamente entre a Terra e o Sol.
O fotógrafo, há aproximadamente 1 km de distância do surfista, teve de usar, além de sua câmera, rádios para comunicação, dois celulares, óculos de proteção e espelhos para conseguir fixar os olhos contra a luz do Sol e evitar o efeito sombra na imagem do atleta.
– Esse foi um projeto mais que especial para mim, fiquei muito feliz de aqui no Rio Grande do Norte a gente ter a melhor visão do eclipse e de ter sido abençoado com essa foto que a gente vem trabalhando há meses para que ficasse perfeita. Hoje quando saí de casa tinham muitas nuvens no céu e eu fiquei um pouco apreensivo, mas quando chegamos na pedra que seria o ponto perfeito calculado o tempo limpou. E quando começou o eclipse conseguimos fazer a foto que, na minha opinião, é provavelmente uma das melhores fotos que alguém já fez durante um eclipse. Estar vivendo esse momento é surreal e muito simbólico, principalmente porque representa um dos arcos olímpicos e me lembra o quão especial foram às Olimpíadas para mim – declarou o surfista.
A cena inédita foi eternizada após uma única tentativa e em cerca de 5 segundos.
Durante esse curto período, Maragni ainda precisou ajustar sua posição para capturar o ângulo perfeito do anel de fogo.
Antes do grande dia, o fotógrafo testou diversas possibilidades para prever o imprevisível e conseguir registrar esse momento raro.
Durante os ensaios e estudos, que começaram 4 meses antes, Maragni visitou mais de 20 picos e montanhas ao redor da praia para a checagem prévia do lugar ideal, além de diversos cálculos para o fotógrafo encontrar a angulação exata para posicionar o surfista.
Marcelo Maragni contou que este foi um dos trabalhos mais desafiadores e complexos dos seus quase 25 anos de carreira.
– Essa foi uma das fotos mais complexas que já fiz. Foram trabalhosas tentativas de encontrar um local com a angulação de azimute, que é um ângulo em relação ao Norte e com uma inclinação específica de altura. Também usei dois celulares para simular um teodolito, que é um equipamento de medição de relevo; coloquei um filtro de densidade neutra na lente para diminuir a luz que entraria na câmera e usei espelhos para refletir a luz do Sol e iluminar o atleta e evitar o efeito de silhueta na imagem do Ítalo que o pôr do Sol costuma causar – explicou.
O eclipse no Brasil começou a ser visto por volta das 15h do sábado – o “anel de fogo” se formou por volta das 16h40, durando um curto período que tornou a fotografia tão rara quanto o fenômeno natural.
Deu em G1/RN