O estudo foi conduzido em parceria com o orientador de doutorado da pesquisadora, Douwe J.J. van Hinsbergen, professor titular de tectônica global e paleogeografia na Universidade de Utrecht.
Os resultados foram registrados em 29 de setembro na revista Gondwana Research.
Os pesquisadores em Utrecht haviam previsto a existência da placa tectônica desconhecida há mais de 10 anos. Essa hipótese havia surgido de fragmentos de placas antigas encontradas no manto da Terra.
Van de Lagemaat reconstruiu as placas perdidas por meio de pesquisas de campo e investigações detalhadas nas cordilheiras montanhosas do Japão, Bornéu, Filipinas, Nova Guiné e Nova Zelândia.
Para sua surpresa, ela descobriu que alguns dos remanescentes oceânicos de suas análises podiam ter pertencido à placa teorizadas pelos seus colegas de campo, que havia sido chamada pelos cientistas de “Pontus”.
Quebra-cabeça tectônico
Primeiro, Van de Lagemaat reconstruiu os movimentos das placas atuais entre o Japão e a Nova Zelândia. Isso revelou o quão grande era a área dessas estruturas, que devem ter desaparecido na região oeste do Pacífico atual.
“Também realizamos trabalho de campo no norte de Bornéu, onde encontramos a peça mais importante do quebra-cabeça. Achávamos que estávamos lidando com relíquias de uma placa perdida que já conhecíamos”, comentou Van de Lagemaat, em comunicado.
Contudo, análises magnéticas indicaram que as descobertas eram originalmente de lugares muito mais ao norte e “deviam ser restos de uma placa diferente, anteriormente desconhecida”, segundo a especialista.
“Há 11 anos, pensávamos que os remanescentes de Pontus poderiam estar no norte do Japão, mas desde então refutamos essa teoria”, explica o orientador da doutoranda.
“Foi somente depois que Suzanna reconstruiu sistematicamente metade das cordilheiras montanhosas do ‘Círculo de Fogo’, do Japão, passando por Nova Guiné até a Nova Zelândia, que a placa Pontus proposta se revelou e incluiu as rochas que estudamos em Bornéu”, ele acrescenta.
As relíquias da placa recém-descoberta não estão apenas localizadas no norte de Bornéu, mas também em Palawan, uma ilha nas Filipinas Ocidentais, e no Mar da China Meridional.
Além disso, o estudo mostrou que um único sistema tectônico de placas se estendia do sul do Japão até a Nova Zelândia. Esta estrutura deve ter existido por pelo menos 150 milhões de anos.
As previsões anteriores da existência de Pontus foram possíveis porque, quando uma placa subduzida “afunda” no manto, ela deixa nesse meio zonas com temperaturas ou composições atípicas.
Essas anomalias podem ser observadas quando sismógrafos captam sinais de terremotos. Isso permite aos cientistas visualizar até 300 milhões de anos no passado, já que restos de placas mais antigas se “dissolveram” na fronteira entre o manto e o núcleo.
Confira a seguir um vídeo da reconstrução de Pontus: