
Consumidor 03/10/2023 15:09
Calculadora do rotativo: veja como os juros do cartão de crédito afetam o seu bolso
Calculadora do g1 mostra o impacto das taxas do rotativo e do parcelado do cartão no valor final da dívida; governo propõe limitar os juros da modalidade.
O Senado aprovou nesta segunda-feira (2) um projeto de lei que propõe limitar os juros do rotativo do cartão — a categoria de crédito mais cara do país.
O texto segue agora para sanção do presidente Luiz Inácio Lula da Silva.
O projeto não impõe o valor do teto, mas dá um prazo de 90 dias, a partir da publicação da norma, para que as emissoras de cartão de crédito apresentem propostas de regulamentação. As regras deverão ser aprovadas pelo Conselho Monetário Nacional (CMN).
O projeto também determina que, caso não haja uma regulamentação no período, o total cobrado no rotativo será limitado a 100% — ou seja, não poderá exceder o valor original da dívida.
Essa modalidade de crédito é ativada automaticamente quando o cliente não paga o valor total da fatura do cartão até a data do vencimento. Trata-se da categoria mais cara do país, com juros que, em média, chegaram a 445,7% ao ano em agosto.
Segundo dados do Banco Central, a inadimplência de operações com o rotativo atingiu 49,3% no mesmo mês. São aproximadamente R$ 76 bilhões em dívidas no país, de acordo com a instituição.
Na modalidade, os juros incidem sobre a diferença entre o que foi pago e o valor total a fatura.
Desde 2017, há um limite para que o consumidor fique apenas 30 dias no rotativo. Depois do prazo, as instituições financeiras são obrigadas a migrar a dívida para um crédito parcelado, com juros menores.
Em geral, os juros do rotativo são muito altos por se tratar de uma linha de crédito com facilidade de entrada e enorme taxa de inadimplência.
Além disso, a modalidade é considerada emergencial e não possui uma garantia — ou seja, o banco corre risco de levar calote —, o que faz as taxas dispararem.
Especialistas ouvidos pelo g1 reiteram que controlar gastos — não utilizando o cartão de crédito como extensão de renda, por exemplo — continua sendo a principal orientação para fugir da modalidade (veja mais dicas no fim desta reportagem).
Aderir ao rotativo, no entanto, não é a única alternativa para quem acabou entrando no aperto. Segundo o Banco Central do Brasil (BC), existem três situações quando o pagamento integral da fatura não é realizado:
Ainda segundo a autoridade monetária, o eventual parcelamento automático de um valor que entraria no crédito rotativo depende do interesse tanto da instituição financeira quanto do cliente.
“Caso a instituição tenha interesse em oferecer o parcelamento do saldo devedor da fatura, as condições oferecidas ao cliente devem ser mais vantajosas do que aquelas do crédito rotativo, inclusive no que diz respeito à cobrança de encargos financeiros”, diz o BC em publicação.
O parcelamento é uma modalidade melhor avaliada por especialistas. Nessa categoria, o cliente pode pagar o saldo devedor em prestações fixas, com juros bem abaixo do rotativo — ainda que seja bastante alto.
De acordo com dados do Banco Central, a taxa média da categoria foi de 194,5% em agosto. A inadimplência também foi muito menor: ficou na casa de 10,5%.
A educadora financeira Carol Stange pondera que, quando o cliente opta pelo parcelamento da fatura, ele fica sujeito às condições de aprovação de crédito — ou seja, o acesso pode ser mais limitado.
“A diferença fundamental em relação ao rotativo está na forma como os juros são aplicados e como a pessoa lida com esse débito e o comprometimento de renda”, diz.
A especialista também reforça que, apesar de ser uma solução viável em situações de aperto financeiro, trata-se de uma opção emergencial e que, assim como o rotativo, deve ser evitada.
“Ao escolher parcelar, a pessoa compromete parte do seu orçamento futuro. Se ela não tiver mapeado o valor com o qual poderá pagar esse tipo de dívida, é questão de tempo para o descontrole financeiro voltar”, alerta.
Ao contrário do rotativo — em que o cliente entra automaticamente caso não pague o valor total da fatura —, o parcelamento depende de negociação com a operadora do cartão. Nesse caso, as condições e taxas podem variar de acordo com as práticas de cada instituição financeira.
“Normalmente, o parcelamento sai mais barato do que o rotativo. Vale a dica: as opções mais fáceis sempre tendem a ser as mais caras”, explica a professora de finanças da FAAP Virginia Prestes.
“O cheque especial é mais caro, o rotativo do cartão de crédito é mais caro. São modalidades de muito fácil acesso”, diz. “Sempre que você precisa ir atrás e negociar acesso ao crédito, como no crédito pessoal, você pode barganhar taxas, condições e parcelas, e pagar taxas mais baratas.”
A educadora financeira Carol Stange também reforça que, caso o cliente perceba que não conseguirá pagar a fatura integral do cartão, o ideal é já tomar medidas para evitar o rotativo.
“É preciso entrar em contato com a operadora para discutir alternativas e negociar melhores condições. Também é relevante comparar as condições ofertadas pelo banco com outras instituições no mercado”, diz.
Rotativo do cartão de crédito: O que está em discussão?
Para Rodrigo Leite, professor de finanças do Coppead/UFRJ, o principal beneficiado do teto do rotativo do cartão é o cliente padrão, que cai nesta linha de crédito por uma emergência pessoal ou por um descontrole financeiro temporário.
É justamente esse público que não vai para a inadimplência longa, e acaba pagando o diferencial severo de juros que os bancos cobram pelo risco de não pagamento dos demais. Com um teto menor, a quantia efetivamente paga será mais controlada do que com o nível atual de juros.
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