Bebidas 23/07/2023 10:00

O que os especialistas em bebidas trazem na mala quando viajam pelo mundo?

De garrafas a lembranças dos bares que visitam, veja o que está na lista de despacho de quem busca inovar nos menus etílicos pelo Brasil

Viajar e beber soa como a vida perfeita de um bon vivant.

Mas há quem leve isso muito a sério e faça disso parte da sua profissão, com pesquisas aprofundadas, investimento e experiências que vão além das mesas de bares.

Quem senta no balcão do bar do Capincho, em Porto Alegre, costuma ouvir do bartender Fred Muller sobre as viagens que faz para pesquisar bebidas locais e quais itens não resiste em trazer na mala.

Entre os destinos, destaca um país vizinho que está mais acessível aos brasileiros e uma bebida que é a primeira marca registrada da Argentina: a Hesperidina Bagley, formulada e lançada em 1864 pelo americano Melville Bagley.

“É um aperitivo inspirado nos licores franceses, com notas suaves de laranja, seguidas de um amargor que equilibra seu sabor e deixa uma sensação delicada na boca”, explica o mixologista.

Para quem trouxer na mala a icônica garrafa em formato de favo, a dica é substituir o Cointreau pela Hesperidina no preparo de margaritas.

Fred Muller do Capincho, em Porto Alegre / Divulgação

Já no México, o doce, picante e herbáceo licor de pimenta Ancho Reyes produzido por lá com pimentas colhidas ainda verdes e depois assadas no fogo por algumas horas é figura obrigatória na mala quando visita a região.

Os “chiles” são fatiados e transformados em purê para a maceração de seis meses e cada garrafa de licor Ancho Reyes é rotulada à mão e engarrafada uma a uma: ótima opção de presente para os amigos.

Agora em julho Muller viajou para o Peru, onde selecionou novas garrafas de Pisco para voltar com ele a Porto Alegre.

A viagem parte para a Itália, de onde vem a dica de Thiago Bañares, da Liquor Store e do Tan Tan.

A família Nonino dedica-se à arte da destilação desde 1897 e fabrica o Amaro Nonino, uma bebida à base de grappa envelhecida infusionada com ervas aromáticas, casca de quinino, raiz de genciana e absinto, resultando em uma combinação de toques doces e amargos.

Bañares conta que é uma produção artesanal de alta qualidade, fruto da preservação de uma receita familiar, “sendo considerado um dos mais elegantes amaros existentes ”, julga o empresário que foi considerado no final de junho umas das 100 pessoas mais influentes do mundo na indústria de bares e coquetelaria.

Thiago Bañares, na lista das pessoas mais influentes do mundo na indústria de bares e coquetelaria  / Divulgação

Bañares acredita que o Paper Plane só fica perfeito quando preparado com Amaro Nonino.

O drinque, hoje considerado um clássico moderno, foi idealizado em 2007 por Sam Ross (Attaboy,

Nova Iorque) com a intenção de criar um coquetel específico para o amaro pelo qual havia se apaixonado. Assim, criou o que viria a ser um dos mais icônicos equal-parts cocktail, ou seja, um drinque preparado com até cinco ingredientes em partes iguais.

Thiago Bañares também traz de viagem bebidas sem álcool, ainda difíceis de encontrar no Brasil, como a versão sem álcool de gim Tanqueray usado no preparo do drinque da foto.

Ainda na Europa, caso a Holanda esteja nos seus planos de viagem, outra dica de Bañares é investir no gim holandês, o Jenever. Trata-se de um destilado feito com zimbro e outras especiarias, como por exemplo as cascas de limão e laranja, baunilha e coentro.

O segredo está na adição de vinho de malte, que se assemelha a um uísque não envelhecido e com alto teor alcoólico, o que faz toda a diferença no sabor da bebida.

Caso garrafas de bebidas não sejam uma opção de souvenir etílico, outra ideia é fazer como Bañares e colecionar cartas de drinques dos bares que passar, bolachas de copos ou até mesmo garimpar taças e copos locais.

Quem já passou pela Liquor Store sabe que parte da decoração é feita com cartas de bares e drinques são servidos em diferentes tipos de copos, muitos deles adquiridos em viagens pelo mundo.

Ricardo Rosado de Holanda


Descrição Jornalista