Com o passado vivo na memória, ABC enfrenta o Paysandu em casa
Uma carga de ingressos extra deve ser colocada à venda e não deve demorar muito para ser esgotada. A mesma será distribuída com quem aderir ao programa de sócio e o número é limitado.
Com a confirmação do dia e do horário do jogo que pode levar o ABC ao acesso para Série B do próximo ano, a comissão técnica focou os trabalhos para o importante compromisso que a equipe potiguar fará hoje, diante do Paysandu, no estádio Frasqueirão.
Uma carga de ingressos extra deve ser colocada à venda e não deve demorar muito para ser esgotada. A mesma será distribuída com quem aderir ao programa de sócio e o número é limitado.
O retardatário deve agir rápido para não ficar de fora, uma vez que a animação dos torcedores abecedistas é gigante com a expectativa de comemorar o segundo acesso consecutivo do clube. O confronto terá início às 21h.
Afinal essa será a oportunidade perfeita, guardada as devidas proporções, para os potiguares se “vingarem” daquele fatídico 5 de maio de 1991, num jogo em que ficou marcado na memória de todos os abecedistas como o “roubo do século”.
A definição veio após acontecimentos muitos estranhos dentro do estádio da Curuzu, que levaram o Papão a eliminar o ABC, contando com a anuência do árbitro Manoel Serapião, tanto, que após a atuação, ele passou a ser idolatrado pela torcida bicolor, que batizou o árbitro como “Serapapão”. Na época as equipes disputavam o acesso para divisão principal do futebol nacional.
Naquele ano o ABC era comandado pelo treinador Givanildo Oliveira e tinha vencido a partida de ida, aqui em Natal, por 1 a 0, com gol de Silvinho, o que garantia a vantagem do empate no confronto da volta.
O clima era chuvoso, a Curuzu, embora os relatórios oficiais apontem um público de 13 mil pessoas, mostrava claros sinais de superlotação e uma prova disso foi a queda do alambrado, quando a partida estava em andamento, que resultou no ferimento de várias pessoas.
Mesmo com a torcida inflamada e botando uma imensa pressão, Manoel Serapião deu continuidade a partida com a parte do alambrado do campo no chão. Situação que nos dias atuais seria impossível de acontecer.
Manoel Serapião, é o atual presidente da escola nacional de arbitragem e idealizador do VAR no Brasil. Ele que naquela tarde conduziu uma das mais desastrosas arbitragens da história do futebol brasileiro.
Sem qualquer pudor, Serapião anulou um gol abcedista incontestável de Rildon e, depois, validou um gol do Paysandu em posição de impedimento claro.
Ao apito final, o placar apontou vitória do Papão por 3 a 1 com dois gols de Cacaio e um de Ary, além de Quinho descontar para o ABC.
O Papão seguiu na competição em que conseguiu o acesso e foi campeão, enquanto o Alvinegro perdeu a grande oportunidade de conquistar o seu primeiro acesso para divisão principal por uma competição eliminatória.
Anos mais tarde, a edição de 12 de novembro de 2003, do jornal paraense O Liberal, publicou reportagem em que o ex-presidente do Paysandu, Miguel Alexandre Pinho, assumiu a existência de um esquema de suborno para favorecer o time de Belém entre os anos de 1991 e 2001 e que o árbitro Manoel Serapião, a quem Miguel se referia como “Serapapão”, teria beneficiado o Paysandu contra o ABC de maneira deliberada.
Nada além da confissão de Miguel Pinho, prova a existência do esquema, mas para a maioria dos torcedores do ABC, que recordam de Serapião fazendo “chover” em azul e branco no Alçapão da Curuzu, o depoimento do dirigente joga a luz necessária para entender aquela tarde de 1991.
Essa é a carga que os torcedores prometem levar para as arquibancadas do Frasqueirão hoje, encarando esse novo encontro como o verdadeiro jogo da desforra. A recente vitória obtida dentro da Curuzu, ainda não satisfez o desejo de “vigança”, embora ela também tenha servido para massagear o ego dos alvinegros.
O desejo é de decretar a eliminação do Papão dentro do estádio abecedista, para dar o troco numa moeda semelhante. O empate não serve às necessidades do ABC e elimina o Papão, para quem apenas a vitória será capaz de manter as chances de acesso dos paraenses para a Série B.
O treinador Fernando Marchiori sabe do peso emocional que a partida vai carregar, mas antes de tudo está preocupado em poder armar bem sua equipe.
Ele já possui dois desfalques certos, Ícaro, pelo terceiro cartão amarelo, e Henan, por força de contrato, uma vez que está no time potiguar emprestado pelo Paysandu. O técnico corre ainda o sério risco de perder o lateral-esquerda Felipinho.
“Temos um bom elenco e peças para suprir bem as baixas que tivermos. A questão de Felipinho ainda não está definida, o jogador trabalhou junto com o grupo, mas os outros dois estão fora. Já estamos habituados com essa situação, cada jogo na Série C é uma batalha, o Paysandu é uma equipe muito forte, rápida do meio de campo para frente, qualificada e muito bem treinada, o que nos obriga a estar atentos a tudo”, disse Marchiori.
O comandante alvinegro acredita que, mesmo necessitando da vitória, o time paraense não deve se lançar à frente logo de cara no Frasqueirão. Ele aposta mais que o Papão vai jogar dentro de uma estratégia com o objetivo de primeiro de segurar e anular os pontos mais fortes do ABC e só depois deve ir em busca da vitória, uma vez que qualquer outro resultado já elimina o clube da luta pelo acesso dentro do grupo C.
O time paraense leva vantagem no retrospecto dos confrontos diante do ABC, registrando dez vitórias contra sete dos potiguares, vai ter a missão de conseguir aquilo que nenhum outro representante da Série C fez na atual temporada: vencer dentro do Frasqueirão.
Até aqui as duas equipes se enfrentaram 22 vezes. O primeiro duelo entre as equipes foi no Brasileirão de 1985, com um empate em 1 a 1, em Natal. Mas apesar do histórico de confrontos dar uma ligeira vantagem ao Papão, na temporada de 2022 vantagem nos encontros foram sempre do alvinegro.
No dia 20 de abril, pela primeira fase, as equipes empataram em 1 a 1 no Frasqueirão – Fábio Lima abriu o placar para o time potiguar e Patrick Brey empatou para os bicolores. Já o segundo encontro entre as equipes ocorreu neste quadrangular de acesso, no Estádio da Curuzu, e foi vitória do ABC, quebrando um tabu de 31 anos sem bater os paraenses na casa deles.
O único gol foi marcado por Lucas Douglas, quando os potiguares já atuavam com um homem a menos em campo. Agora, o Papão tem a chance de dar o troco e logo num momento de ‘vida ou morte’ para o time.