Pesquisa 16/05/2022 10:37
Mais pessoas se declaram de direita do que de esquerda no Brasil, mostra pesquisa do Senado
Os que assumem simpatizar com políticas mais conservadoras são 21%, quase o dobro dos que afirmam ser de esquerda, 11%; maior grupo não se identifica com lado nenhum
A mais recente edição da pesquisa Panorama Político, realizada pelo Instituto DataSenado, mostra que mais brasileiros estão declarando ser de direita do que de esquerda.
Os dados, resultantes de 5.850 entrevistas, revelam que 21% dos eleitores se dizem de direita, praticamente o dobro dos que afirmam ser de esquerda, que totalizaram 11%.
Entretanto, o maior grupo ainda é o das pessoas que não se identificam com nenhum dos lados da polarização, tampouco com o centro.
Observa-se, ainda, um crescimento dos eleitores “nem de direita, nem de esquerda, nem de centro”. Esse grupo passou de 50% para 55% entre o levantamento anterior, de 2021, e o mais recente.
Ocorreu a estabilização da tendência de queda dos eleitores que se diziam de direita. Em 2019, eles eram 29%; em 2021, 20%; agora, são 21%. Já os números dos que declaram ter posicionamento de esquerda continuam caindo: eram 18% em 2019, 15% em 2021 e são 11% agora.
O contingente dos que se consideram de centro também tem diminuído, mas em menor ritmo. Em 2019, 32% se consideravam de centro, taxa que no ano passado foi de 11% e agora marca 9%, uma variação dentro da margem de erro.
Para o cientista político Antônio Lavareda, especialista em pesquisas eleitorais, a guinada à direita na sociedade brasileira começou a ser percebida há dez anos e pode ser ainda maior. “O Brasil está avançando para a direita desde 2012; cresceu muito o conservadorismo”, afirma.
A diretora da Secretaria de Transparência, Elga Mara Teixeira Lopes, diz que a presença de um governante de direita no poder faz com que mais pessoas se assumam com esse perfil ideológico. “É a ideologia mais presente, com protagonismo. O representante maior desse eleitor está no governo, então ele enche mais o peito para dizer que é de direita”, observou.
Além da orientação ideológica, a pesquisa abordou temas que estão na ordem do dia e têm a ver com a pauta do governo Jair Bolsonaro (PL). Os assuntos passam por proteção ambiental, acesso a armas de fogo, auxílio emergencial e desinformação, entre outros.
Desde 2008 a pesquisa inclui temas-padrão, relacionados à democracia e ao próprio Senado, mas alguns assuntos foram incluídos nas rodadas mais recentes por sugestão da equipe responsável e a pedido dos senadores.
Um dos novos temas é a religiosidade. Segundo Elga, esse aprofundamento se deve ao crescimento da população evangélica e a seu maior protagonismo político. Isso foi necessário, uma vez que o Censo do IBGE não foi realizado e sua última rodada, feita em 2010, deixa um vácuo nos dados oficiais disponíveis.
“Queríamos conhecer realmente o perfil do eleitor, que está mais politizado, mas muito beligerante, nem sempre tem muita coerência com o conhecimento de assuntos diversos. Quisemos fotografar o nível de amadurecimento político do eleitor hoje.”
A ampla maioria dos brasileiros (82%) diz que a religião é muito importante na própria vida, mas dá mais peso à opinião da família na formação das escolhas políticas. São 54% os que declaram que a família influencia suas decisões. A religião pesa nas escolhas de 40% dos entrevistados.
Outra questão abordada na pesquisa foi o sistema eleitoral brasileiro. O resultado demonstra pouca aderência ao discurso que contesta a segurança das urnas eletrônicas: Ao todo, 66% disseram confiar no resultado das eleições realizadas com o equipamento, enquanto 32% declararam não confiar. O resultado indica estabilidade em comparação com a pesquisa anterior, na qual 67% disseram confiar, ante 31% que afirmaram o contrário.
Quanto a outros assuntos polêmicos, a percepção majoritária da população se choca com algumas ideias defendidas pelo governo. Para 69%, facilitar o acesso a armas de fogo não vai aumentar a segurança da população e 72% não veem o meio ambiente bem protegido no Brasil atualmente.
Mas a pesquisa também revelou uma afinidade de pensamento do eleitorado de direita com as bandeiras defendidas por Bolsonaro. Quem se declara de direita vai contra a percepção majoritária em quase todos os temas consultados.
Deu no Estadão/R7
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