O evento com o PSol teve clima de conciliação. Ivan Valente, fundador do partido e um de seus primeiros dissidentes, relembrou que teve seu processo de anistia julgado nesta semana em Brasília, na mesma sessão que também julgou o processo da ex-presidente Dilma Rousseff (PT).
As duas indenizações foram negadas por uma comissão formada pelo governo de Bolsonaro. “Eles formaram uma comissão de tortura e colocaram o nome de comissão de anistia”, disse Valente.
“Eu digo isso para mostrar contra quem estamos lutando”, emendou.
Engolir ex-tucano
Antigos companheiros no PT, Lula e o vereador Chico Alencar (RJ) se abraçaram no início do encontro. O ex-deputado disse que o PSol não será “um aliado submisso” e se colocou disposto a “engolir” a escolha do ex-governador e ex-tucano Geraldo Alckmin (PSB) como vice na chapa do petista.
“Alckmin tem uma história política que é oposta à nossa. A conjuntura, no entanto, pede que você suporte algumas dificuldades para combater o bolsonarismo. Vamos trabalhar para que a visão de mundo do Alckmin não prevaleça”, destacou Alencar.
A deputada Talíria Petroni (RJ) afirmou que a necessidade de derrotar Bolsonaro exige a união dos partidos de esquerda. “Este partido não abriu mão da responsabilidade histórica que esse momento nos exigiu”, disse Talíria.
“Se o Bolsonaro tem um mérito é que ele uniu esquerda brasileira”, afirmou Guilherme Boulos, coordenador do Movimento dos trabalhadores Sem Teto (MTST) e um dos principais articuladores da aliança.
A presidente do PT, Gleisi Hoffmann, agradeceu. “Sim, aqui está um povo realmente sem medo de lutar. Fizeram oposição ao nosso governo, mas quando do perceberam que o que estava em jogo era a soberania do voto, estiveram junto com a gente”, colocou Gleisi.
Ataques a Moro
Lula disse que não julga quem se afastou dele durante o período em que esteve sob acusação da operação Lava Jato e ressaltou que o ex-juiz Sergio Moro “pagará na terra o que fez na terra”. “Ele vai pagar por tentar manobrar a sociedade brasileira”, observou o ex-presidente.
Além do Supremo Tribunal Federal (STF), o Comitê de Direitos Humanos da Organização das Nações Unidas (ONU) também reconheceu, nesta semana, a “parcialidade de Moro” nas acusações contra o petista.
Lula, ao receber o apoio, agradeceu o apoio que recebeu do PSol quando foi preso pela Lava Jato e disse que não guarda mágoa da época em que o partido rompeu com o PT.
“Não julgo quem se afastou de mim, era muita acusação”, amenizou Lula na reunião com o partido que nasceu de uma dissidência do PT na época das acusações do mensalão, fez oposição ao governo de Dilma Rousseff e voltou a apoiar o PT na época do impeachment da ex-presidente.
O presidente do PSol, Juliano Medeiros, lembrou que o partido começou a construir o apoio a Lula quando decidiu ser contra o impeachment de Dilma. “A gente estava na oposição ao governo da Dilma, mas a gente entendeu que o impeachment era pelas qualidades da Dilma, e não pelos problemas da Dilma”, finalizou.
Deu em Metrópoles