Tecnologia 11/04/2022 10:00
Carros elétricos: Você pode ter o seu bem antes do que pensa; veja por quê
Entretanto, apesar dos benefícios aparentes, no Brasil, o preço dos elétricos disponíveis no mercado ainda está muito acima dos valores ofertados para veículos populares. Com isso, a pergunta que não quer calar é: Afinal, quando vou poder comprar meu próprio carro elétrico?
Os carros elétricos têm dominado a cena do setor automotivo nos últimos anos. Apesar da intensa crise enfrentada pelo segmento, os próximos anos prometem ser de grande evolução para a indústria global de autos.
De acordo com o jornal Automotive News Europe, em 2021, montadoras europeias, norte-americanas e asiáticas, juntas, ultrapassaram a marca de € 115 bilhões (cerca de R$ 600 bilhões) em faturamento. Os números representam um crescimento de 315% em comparação ao ano anterior.
Com a expansão, muitas empresas automotivas passaram a investir massivamente em veículos elétricos que, além de mais sustentáveis, caminham para terem preços menores nos próximos anos.
Entretanto, apesar dos benefícios aparentes, no Brasil, o preço dos elétricos disponíveis no mercado ainda está muito acima dos valores ofertados para veículos populares. Com isso, a pergunta que não quer calar é: Afinal, quando vou poder comprar meu próprio carro elétrico?
Segundo especialista, esse momento está mais próximo do que se imagina. “A expectativa é que, entre 2023 e 2025, os custos de produção de um carro elétrico se tornem menores que os de um carro movido à combustão”, assegura Márcio Alexandre, diretor da Associação Brasileira de Veículos Elétricos (ABVE) e chefe de Eletrificação na Nissan.
O executivo observa que o preço de venda desses automóveis está estreitamente relacionado aos custos das montadoras e que os valores da maior parte dos insumos utilizados na produção desses veículos está caminhando gradualmente para uma redução, em especial as baterias.
“O principal custo de produção desses modelos está nas baterias, que representam de 35% a 65% do valor total de automóvel”, diz. Para Márcio, com o barateamento gradual desse componente, o valor final do veículo será reduzido drasticamente.
Outro ponto trazido pelo especialista é que ainda não há produção de veículos 100% elétricos no Brasil, e que as tributações aplicadas sobre esses produtos acabam aumentando consideravelmente seu preço de comercialização final. Sendo Márcio, o país demanda, inicialmente, de uma política nacional de eletrificação.
“Não é somente a redução do custo da bateria que vai fazer com que esses veículos sejam mais acessíveis. Existem outras variáveis, como a demanda por uma política nacional que realmente foque na eletrificação brasileira. Há também a revisão de impostos e outros fatores que colaborem para o desenvolvimento dessa cadeia produtiva”.
Ele também ressalta a importância da participação do poder público na elaboração de uma estratégia nacional de eletrificação. “Atualmente a maior parte das nossas ações é individualizada”, explica. “Em São Paulo, carros elétricos são isentos do rodízio e têm algumas reduções no IPVA. Mas será que isso não deveria ser expandido pra todo país?”.
O diretor da ABVE destaca, ainda, quanto a transição dos carros a combustão para os elétricos é essencialmente cultural. “Nós precisamos ajustar alguns pontos desde o time de produção das montadoras até os vendedores das concessionárias”, diz. “A gente está passando por um momento de disrupção, como a 100 anos atrás quando saímos das carroças para os veículos a combustível”.
Para muitos motoristas, uma das principais preocupações ainda está relacionada à autonomia dos veículos elétrico, assim como a cobertura das redes de eletropostos. Sobre isso, Márcio traz uma comparação entre os números de postos de combustíveis disponíveis no Brasil e a quantidade utilizada pelos condutores individualmente.
“No Brasil, nós temos cerca de 20 mil postos de combustível espalhados pelo país. Desse total, a maioria dos brasileiros usa cerca de 2 a 3 para abastecer seu carro”, pontua. “O carregador elétrico ainda não faz parte da cultura visual das pessoas. Mas a maioria dos veículos elétricos ou híbridos plug-in pode ser carregada em qualquer tomada, seja ela em casa, no mercado ou em um eletroposto de fato”.
Segundo pesquisas da ABVE, até fevereiro de 2022, foram instalados 1.250 eletropostos em 16 estados brasileiros. Do total, 47% dessas unidades estão concentradas no estado de São Paulo. Segundo a associação, a perspectiva é que esse número se torne cada vez maior dentro dos próximos três anos.
Por fim, Márcio afirma que acredita, sim, que o movimento de eletrificação automotiva se tornará parte do futuro da indústria nacional e que pode, inclusive, se estender para veículos de transporte e logística, que até 2018 eram responsáveis por metade da emissão de poluentes no ar da região metropolitana de São Paulo.
Deu em Money Times
Descrição Jornalista