Pandemia 21/03/2021 06:32
Europa submerge em outra onda de covid-19, impelida pelas novas variantes
Incidência de casos no continente aumentou 34% em três semanas. OMS alerta para a necessidade de não flexibilizar as medidas que evitam o contágio
França e Itália mais uma vez confinaram boa parte de sua população, enquanto a Alemanha suspenderá as tímidas aberturas planejadas para deixar para trás os mais de três meses de estritas restrições que o país vivencia.
A terceira onda de coronavírus já está golpeando com força toda a Europa. Em três semanas, a incidência de casos no continente subiu 34%, e a Organização Mundial da Saúde (OMS) alerta para a necessidade de não flexibilizar as medidas de prevenção de infecções.
A vacinação avança muito lentamente e não será suficiente para evitar o aumento de casos graves e mortes, dizem os especialistas.
As novas variantes do coronavírus, mais contagiosas, explicam em grande parte essa terceira onda, que em alguns lugares, como a Alemanha, ocorre apesar de o país ter mantido o fechamento da vida pública.
Joan Caylà, da Sociedade Espanhola de Epidemiologia, alerta que a Espanha também pode estar entrando na onda em que já está a maioria dos países europeus.
Nesse caso, seria a quarta. Espanha e Portugal viveram o pico de sua terceira onda no final de janeiro. Caylà observa sobretudo o efeito que a França pode ter, pois é um país vizinho com o qual há muito intercâmbio.
A França tem uma incidência de quase 500 casos por 100.000 habitantes em 14 dias, o que é praticamente o triplo da espanhola.
“Aprendemos que, se as medidas forem relaxadas, vai aumentar”, diz José María Martín Moreno, doutor em Epidemiologia e Saúde Pública pela Universidade de Harvard.
“O problema é que esse bicho não entende de fronteiras. Estamos permitindo voos para países que têm uma situação complexa. Estamos vendo ondas e fluxos que vão passando de um país para outro, mas é natural, é um germe que passa de uma pessoa para outra. É por isso que é tão importante compreender que os países em desenvolvimento devem ser ajudados com vacinas; não só pela ética e pela solidariedade, mas porque não vamos sair disto até que o último país saia”, acrescenta.
Na Alemanha, onde a curva de novos casos passou a ser ascendente há três semanas, os especialistas já falam em “crescimento exponencial” e o atribuem em grande parte às novas variantes do vírus, como a britânica, que se espalhou por todo o país (já representa 75% dos casos analisados) e é mais contagiosa.
O ministro da Saúde alemão, Jens Spahn, alertou em uma entrevista coletiva na sexta-feira que a Europa não tem vacinas suficientes para conter esta terceira onda.
O continente viu seus planos de vacinação irem para o espaço pelo intervalo no uso da imunização da AstraZeneca. A maioria dos países europeus parou de aplicar a vacina após o surgimento de vários episódios de trombose.
Na quinta-feira, a Agência Europeia de Medicamentos tomou a decisão de administrá-la novamente, após declarar que é “eficaz e segura”. Na melhor das hipóteses, perderam-se apenas quatro dias de vacinação. Alemanha, França e Itália, por exemplo, retomaram suas agendas no dia seguinte, sexta-feira. A Espanha, porém, ainda vai esperar até a próxima semana para injetar novamente o imunizante.
“Quase todos os países da Europa estão em ascensão, e muito alta, com enormes pressões para o setor da saúde”, diz Fernando Rodríguez Artalejo, professor de Medicina Preventiva da Universidade Autônoma de Madri.
“Não é muito fácil entender o que está acontecendo, mas é provável que em toda a Europa tenha havido um relaxamento que também estamos vendo agora. Simplesmente por causa desse mecanismo de contágio social, com uma fase eufórica da vacinação, fadiga pandêmica, é normal que as pessoas relaxem, a gente está vendo isso. Não é tanto que venham infectados da Itália ou da França, mas provavelmente os fenômenos que estão subjacentes ali podem nos afetar, e esse é mais um motivo para manter a tensão.”
Depois de comprovar que as medidas cirúrgicas (confinamentos de fim de semana) impostas em algumas áreas não serviam para conter o vírus, o Governo francês decidiu esta semana aplicar um terceiro confinamento em Paris e em 15 outros departamentos com números preocupantes de internações hospitalares.
Afetará 23 milhões de pessoas, durará um mês e as escolas permanecerão abertas. Cerca de metade dos italianos também viverá em áreas confinadas até pelo menos 6 de abril, de acordo com decisão de seu novo governo há poucos dias.
O confinamento significa que todos os negócios não essenciais devem permanecer fechados e que só se poderá sair de casa por motivos de saúde ou de trabalho, ou para fazer exercícios, mas apenas perto de casa.
A Itália tem uma incidência aproximada de 500 casos por 100.000 habitantes, de acordo com os dados mais recentes do Centro Europeu para Prevenção e Controle de Doenças (ECDC).
Deu em El País
Descrição Jornalista
Pesquisa: O que contribuiu para sua felicidade em 2024
23/12/2024 12:43
Pesquisa revela que maioria do País desaprova o STF
23/12/2024 11:18