Sem categoria 11/10/2013 06:43

Rubens Lemos e o PSB

Por fatorrrh_6w8z3t

Deu no blog de Alex Medeiros
O PSB do Rio Grande do Norte está devendo um reconhecimento à história do saudoso jornalista Rubens Lemos, o militante sonhador – como dissera Agnelo Alves em pregresso artigo – que ao morrer pertencia às fileiras do partido fundado em 1947 por João Mangabeira.
O PSB do Rio Grande do Norte está devendo uma homenagem robusta à memória do velho Rubão, um dos primeiros intelectuais potiguares a pular fora do PT quando percebeu que os caminhos da luta política da turma do Lula estava entrando por atalhos indignos da sua antiga e árdua caminhada.
Rubens Lemos se desligou do PT no tempo da primeira campanha presidencial de Lula, bem antes da revoada de militantes socialistas que perderam o encanto com a guinada ideológica e ética que o partido nascido nas greves paulistas deu por causa da fome de poder.
Agora em 2013 está fazendo 40 anos que Rubens retornou ao Brasil do exílio no Chile, na companhia da sua mulher Isolda Melo (foto), com quem construiu um legado moral e amoroso na concepção dos filhos Rubinho, Yasmine e Camilo. Foi um pouco depois daquele 1973 que eu o conheci pessoalmente, após ouvir falar dele por sua prima, minha mãe.
Já contei numa crônica como fui levado à sua presença, por mamãe, para que ele encaminhasse um pivete de 14 anos ao primeiro emprego. E de como seu conselho enraiveceu Dona Nenzinha, ao dizer que “o menino precisa estudar, não o coloque pra trabalhar agora“.
Quis o destino que o apego aos estudos, na verdade muito mais à leitura de tudo que estivesse ao meu alcance, me levasse a conviver com outros jovens interessados em política estudantil, posteriormente envolvidos na criação de um novo partido logo após a Anistia de 1979.
Aos 22 anos, acabei compondo o conjunto de candidatos na primeira eleição em que participou o PT, também a primeira eleição direta para governador desde a traumática vitória de Janio Quadros, um pouco antes do governo militar.
Na chapa que eu distribui pelas ruas de Natal, com meu nome para vereador e o número 3642, constava na cabeça a figura de Rubens Lemos como governador. O jornalista, o comentarista de classe (como dizia seu slogan nos programas de futebol) que enfrentaria o mito Aluizio Alves e a novidade da outra oligarquia, José Agripino.
Aquela campanha ficou para a História, mas o nome de Rubão nunca mereceu a grandeza histórica por parte do PT, senão na sensibilidade particular de alguns militantes, como o poeta Crispiniano Neto, que lhe dedicou longos e generosos versos.
O partido por diversas ocasiões demonstrou ter esquecido o tarefeiro abnegado que gastou economias da família para ajudar a erguê-lo, renegou o cara que primeiro hospedou o sindicalista Lula em Natal, quando os petistas andavam de Fiat 147 ou de ônibus.
Eu caí fora do PT ainda em 1984, logo depois da campanha das Diretas Já, quando fiz as malas para ir morar em São Paulo. Antes de partir, juntei-me ao colega de infância, Eugênio Cunha, deixando um casulo do Partido Verde. Acho que até hoje sou filiado, pois jamais procurei saber o paradeiro da minha ficha.
No retorno à terra, acompanhei a cena política ano a ano, iniciei no jornalismo com uma coluna no Diário de Natal, em 1988, quando Rubens Lemos tocava o departamento de comunicação da candidatura de Henrique Alves a prefeito de Natal e recebia piadinhas covardes dos petistas.
Ouvi muitas vezes ele demonstrar claramente uma decepção com os rumos da legenda que ajudou a fundar, inclusive tendo sua assinatura na primeira executiva nacional. Aos que o condenavam por prestar seus préstimos profissionais ao MDB, respondia com uma ironia que antecedeu em trinta anos o conceito do próprio Lula sobre uns tais  bundões: “eles nunca levaram chibata no lombo”.
Sorvi muitas cervejas em sua companhia, com a mesma admiração que lhe dediquei nos tempos dourados do rádio, ouvindo suas análises sobre futebol. Foi nesse mesmo período que fiz amizade com outro craque do mesmo naipe, François Silvestre, que recentemente mandou-me uma linda crônica sobre Rubão.
É preciso pontuar que o desgosto de Rubens Lemos com os deslizes éticos do PT ocorreram bem antes do episódio em que dezenas de fundadores do partido decidiram cair fora, como Lincoln Morais, Zizinho, Kátia Ferraz, Homero Costa e Rossana Sudário, apenas para ficar nos meus amigos mais íntimos.
Nas cervejas que tomei com Rubão, nunca faltaram na pauta da mesa as críticas inteligentes sobre o processo político da esquerda brasileira, que ele com visão de futuro expunha com autoridade de personagem ativo da nossa História. Eu escutava mais do que falava, apesar da minha característica de falastrão. Só divergia, e muito, quando o papo era sobre Vasco e Botafogo.
Lembro agora disso tudo, quando faz quatro décadas da volta dele com Isolda para Natal, ao ver seu último partido, o PSB, se robustecendo com a liderança de Eduardo Campos e a chegada de Marina Silva, e ambos visitando o RN nesta sexta-feira, em Mossoró.
Não há momento mais propício para o Partido Socialista Brasileiro, sob o comando regional de Wilma de Faria e liderado no Oeste pela deputada Sandra Rosado, do que aproveitar a grande ocasião e prestar uma homenagem póstuma e pública à memória do seu saudoso filiado. Se cada militante do PSB reconhecer a importância desse gesto, Rubão estará sempre presente.
E eu aqui, pela parte emocional que me toca, agradeço desde já pelo ato de resgate histórico do grande personagem político que ele foi. Espero que os líderes pessebistas saibam disso e não repitam o pecado dos petistas.

Ricardo Rosado de Holanda


Descrição Jornalista