Turismo 09/04/2023 10:00
Os 5 países mais seguros para mulheres viajarem sozinhas
Segundo uma pesquisa interna da rede de viagens Virtuoso, o maior aumento das viagens solo em 2022 ocorreu entre mulheres com 65 anos ou mais. Elas representavam apenas 4% dos viajantes solo em 2019, mas esse percentual subiu para 18% em 2022.
Depois de uma longa pausa nas viagens devido à pandemia de covid-19, as pessoas não estão mais esperando por uma companhia para fazer as malas.
A disposição para viajar sozinho segue aumentando em todo o mundo, especialmente entre as mulheres.
Uma pesquisa da companhia Norwegian Cruise Line mostrou que um em cada três viajantes prefere viajar sozinho — e as mulheres mais velhas, em particular, estão impulsionando esta tendência.
Segundo uma pesquisa interna da rede de viagens Virtuoso, o maior aumento das viagens solo em 2022 ocorreu entre mulheres com 65 anos ou mais. Elas representavam apenas 4% dos viajantes solo em 2019, mas esse percentual subiu para 18% em 2022.
Apesar desta crescente tendência, as mulheres ainda encontram dificuldades únicas quando se aventuram no exterior sozinhas. Embora todos os lugares do mundo devessem ser seguros para as mulheres viajarem, a realidade é que as mulheres ainda enfrentam discriminação e receio em relação à segurança em toda parte.
Por isso, muitos países concentram seus esforços para aumentar a segurança das mulheres e avaliar os comportamentos das moradoras locais para garantir sua segurança no próprio país.
Para encontrar os lugares que estão avançando mais no que se refere à segurança e à igualdade para mulheres viajantes, consultamos o Índice de Paz e Segurança das Mulheres (WPS, na sigla em inglês), da Universidade de Georgetown, nos Estados Unidos; o relatório sobre a Desigualdade de Gênero Global, do Fórum Econômico Mundial; e o Índice da Paz Global (GPI, na sigla em inglês), do Instituto de Economia e da Paz, um think tank sediado em Sydney, na Austrália.
Em seguida, conversamos com mulheres que viajaram sozinhas para os países mais bem avaliados para entender o que fez com que elas se sentissem seguras, ouvir suas dicas de viagem e descobrir as melhores coisas para ver e fazer como uma aventureira solo.
A Eslovênia está no topo do índice WPS na Europa central e oriental. A nação fez grandes avanços na percepção da segurança das mulheres nos últimos anos. Segundo o índice, 85% das mulheres se sentem seguras no país.
Quando Claire Ramsdell chegou pela primeira vez à capital e maior cidade da Eslovênia, Liubliana, ela passeou à noite pelas ruas, tirando foto.
“Poderia ter sido uma experiência arriscada em outros lugares, mas, neste caso, foi um prazer”, afirma Ramsdell, que é consultora de aventuras da agência de viagens Wildland Trekking e mantém o blog de viagens The Detour Effect.
“Ninguém nunca me perturbou durante minha estada no país e nunca tive problemas com transporte, barreiras de idioma ou qualquer coisa que, às vezes, pode parecer intimidador de resolver quando você está sozinha.”
Ramsdell também descobriu que a cidade é muito agradável para andar a pé e que o transporte público ao redor do país é vasto e confiável. Para quem quer se juntar a viajantes com uma mentalidade parecida, ela recomenda os sites Ljubljanayum Food Tours e Food Tour Ljubljana.
Seja viajando sozinho ou em grupo, ela sugere provar o štruklji de nozes e trigo sarraceno, uma massa recheada, da confeitaria Moji Štruklji — “uma das melhores sobremesas que existem”, segundo ela. E também recomenda o sorvete da confeitaria Cacao, mundialmente conhecido.
Ávida por trilhas, Ramsdell foi à Eslovênia explorar especificamente as montanhas alpinas e a natureza abundante do país. E descobriu que eles oferecem um mix ideal de solidão e segurança.
“Embora eu me sentisse muitas vezes como estando em um ambiente selvagem, eu sempre sabia que havia uma cidade por perto se surgisse algum tipo de emergência”, afirma Ramsdell.
“Eu não me sentia totalmente sozinha, o que dava uma paz de espírito.”
Ela recomenda conhecer o Rio Soča e suas águas azul-turquesa, no lado ocidental do país, perto da fronteira com a Itália, que foi uma das locações do filme As Crônicas de Nárnia.
Enquanto os andarilhos podem desfrutar de caminhadas tranquilas ao longo do curso d’água, aqueles que viajam de carro podem parar para explorar as pontes suspensas para pedestres sobre o rio.
Com 55% das cadeiras ocupadas por mulheres, Ruanda ocupa o primeiro lugar no mundo por sua igualdade de gênero no Parlamento, segundo o WPS.
O país também ocupa uma alta posição na percepção de segurança comunitária do índice, e está em sexto lugar no mundo no Índice de Igualdade de Gênero Global, que avalia a disparidade de gênero de cada país em termos de economia, educação, assistência médica e participação política.
Rebecca Hansen observou de perto essa igualdade quando se mudou da Dinamarca para Ruanda em 2019. Ela percebeu que é extremamente seguro viajar sozinha no país africano.
“Existe polícia, segurança e exército em quase todos os locais, a qualquer hora do dia e da noite”, diz ela. “No começo, pode parecer intimidador, mas você aprende rapidamente que todos aqueles uniformes são de pessoas amistosas, sempre dispostas a ajudar.”
Hansen afirma que as pessoas, de forma geral, não te incomodam, mas podem tentar praticar o inglês, perguntando eventualmente “como vai?” ou dando “bom dia”, especialmente crianças em idade escolar.
O inglês e o francês são idiomas oficiais de Ruanda, ao lado do quiniaruanda e do suaíli, o que reduz a barreira de idioma no país. Mesmo as pessoas que não falam inglês se dispõem a ajudar e indicar caminhos se você se perder, segundo ela.
Depois do genocídio do povo tutsi em 1994, Ruanda desenvolveu um trabalho modelo de pacificação e reconciliação interna. O país mantém diversos memoriais, mas Hansen sugere visitar o Memorial do Genocídio da capital, Kigali. Ele mostra não só a história do genocídio no país, mas também outros exemplos pelo mundo, além dos riscos e ameaças que seguimos enfrentando até hoje.
Embora seja caro, observar os gorilas-das-montanhas do país é um programa obrigatório para qualquer visitante. Hansen também recomenda o Parque Nacional de Nyungwe, no sudoeste de Ruanda, e o Parque Nacional dos Vulcões, no norte do país, para ver primatas — ou o Parque Nacional de Akagera, no leste, para safáris fotográficos.
Com os índices mais altos do WPS no Oriente Médio e norte da África devido à escolaridade e à inclusão financeira das mulheres, os Emirados Árabes Unidos seguem liderando a igualdade de gênero na região.
Recentemente, o país atingiu a paridade de gênero no Parlamento. E também detém a avaliação mais alta de todos os países na categoria segurança comunitária, com 98,5% das mulheres com mais de 15 anos afirmando que se sentem “seguras ao andar sozinhas à noite na cidade ou na região onde moram”.
Dubai, especificamente, foi considerada a cidade mais segura para mulheres que viajam sozinhas, segundo um índice da empresa de seguros de viagem Insure My Trip.
A influenciadora Sandy Aouad, que divide seu tempo entre Paris e Dubai, afirma que sempre se sentiu segura na cidade, mesmo na periferia.
“Uma vez, o pneu do meu carro furou. Deixei meu carro no meio do deserto, destravado e com as chaves dentro”, relembra.
“Eu sabia perfeitamente que podia confiar no táxi que viria me pegar e tinha certeza de que o carro estaria seguro.”
Para viajantes solo, Aouad recomenda um safári no deserto, que é uma forma fácil de conhecer pessoas interessantes. Mas, se você tiver sede de aventura, ela pessoalmente adorou saltar de paraquedas em Dubai, sobre a ilha em formato de palmeira.
Considerado um dos 10 países mais seguros do mundo pelo Índice da Paz Global, por seus níveis extremamente baixos de crimes violentos e baixo número de conflitos internos ou externos, o Japão possui uma cultura de vagões de metrô só para mulheres (em algumas linhas e horários) e acomodações exclusivamente femininas, que podem aumentar a sensação de segurança das mulheres que viajam sozinhas.
Jantar sozinho e atividades individuais também são uma norma cultural, mais do que em outros lugares.
“Devido à queda na população e às pessoas que não querem se casar e cultivam a cultura do ‘tempo sozinho’, há muitas coisas que envolvem a viagem ‘solo'”, observa Mika White, que nasceu no Japão e fundou a agência de turismo Chapter White.
“As revistas sempre mostram o melhor karaokê solo, restaurantes de lámen solo e onsens (fontes termais) solo”, diz ela.
Lulu Assagaf se mudou da Indonésia para o Japão há 20 anos. Ela trabalha como guia de excursões na agência de turismo Intrepid Travel e conta que se sente segura no país.
“Os moradores fazem com que você se sinta em casa e ficam felizes em ajudar os estrangeiros”, afirma.
Mas, se você viajar para regiões mais rurais, ela recomenda levar um guia, pois será mais difícil encontrar pessoas que falem inglês.
Como jantar sozinho é uma norma no Japão, Assagaf recomenda conferir a cena gastronômica, especialmente em Kyoto, Osaka e Tóquio. Na capital, seu local favorito é a área de Shinjuku San-Chome, que tem muitos restaurantes, vida noturna e izakayas — tipo de bar japonês.
Para turistas que preferem se aventurar além dos principais pontos turísticos, ela recomenda a cidade litorânea de Kanazawa, conhecida por ser o lar dos samurais; e Takayama, nos Alpes japoneses.
“Takayama tem uma bela arquitetura tradicional e fábricas de saquê”, diz ela.
Assagaf também sugere visitar o Museu Showa-kan de Takayama, que exibe artefatos da cultura pop do período de reinado do imperador Hirohito, entre 1926 e 1989.
A Noruega ocupa o primeiro lugar do WPS por suas pontuações em inclusão financeira, ausência de discriminação legal e segurança comunitária das mulheres. Também é incluída com frequência entre os 10 países mais felizes e com maior igualdade de gênero do mundo.
Por tudo isso, a Noruega é conhecida como um lugar inclusivo para visitantes de todos os tipos, incluindo viajantes solo e a comunidade LGBTQIA+.
Fundadora da agência de turismo Up Norway, Torunn Tronsvang mora em Oslo, capital do país. Ela destaca que a cultura de tolerância e confiança social faz com que a Noruega seja um lugar ideal para mulheres que viajam sozinhas.
“Você pode pedir despreocupada a alguém na mesa ao lado em um café que cuide das suas coisas enquanto vai ao banheiro”, afirma.
Ela também se orgulha da quantidade de negócios liderados por mulheres, que criaram lugares icônicos para comer e se hospedar em regiões rurais de todo o país.
Para aproveitar ao máximo, Tronsvang recomenda aos visitantes adotar o conceito norueguês de friluftsliv — a filosofia de viver a vida ao ar livre.
Com a Nasa, a agência espacial americana, prevendo o pico da atividade solar para 2025, esta pode ser a época ideal para viajar até o Ártico e observar a Aurora Boreal, passear na neve a pé e de trenó durante o dia, e dormir em iglus gerenciados por famílias e hotéis de gelo à noite.
Deu na BBC
Descrição Jornalista
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